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Indígenas do litoral farão dois dias de protestos
Mobilização é na aldeia Tekoá Tarumã, em Araquari
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Indígenas da Aldeia Tekoá Tarumã, de Araquari, e também da Tarumã Mirim, de Balneário Barra do Sul, anunciaram para segunda e terça-feira uma nova manifestação em protesto contra o projeto de lei 490, que quer aprovar o chamado marco temporal autorizando a redefinição das terras indígenas.
Segundo os povos originários brasileiros, o projeto resultará em retrocessos e ainda mais ameaça às terras indígenas em todo o país – e em Santa Catarina, a preocupação não tem sido diferente.
“Essa concentração é um movimento que parte da própria comunidade com apoio da comissão Ywurupá e com a coordenação de liderança da comunidade, a Jaxuka Andreia Moreira”, disse ao DIARINHO o professor Pedro de Alexandre, que leciona na aldeia e é ativista da causa indígena.
Essa concentração envolve todas as 13 comunidades do litoral norte de Santa Catarina, que envolve também aldeias como a Yvy Dju e a Yvy Ivté, de São Francisco do Sul, a a Tekoá Mirime a Indiata-Ite, de Balneário Barra do Sul, ou ainda os agrupamentos de Camboriú, Biguaçu, Palhoça e outros pontos ao sul do Estado.
A mobilização será aberta também para os apoiadores da causa indígena, com lideranças políticas da região e ativistas da causa, e é a segunda manifestação nesse sentido. O primeiro encontro da Comissão Guarani Yvyrupá reuniu indígenas e também lideranças Araquari dia 30 de maio, na Teoká Tarumã, no quilômetro 64 da BR 101.
“Dias tristes para os povos indígenas, com a aprovação do projeto de lei 490 na Câmara dos Deputados. Um genocídio legislado”, diz a nota lançada pela aldeia.
Segundo Mari Escobar, liderança da aldeia, a mobilização segue durante todo o dia, com vigília na casa de reza e acampamento da aldeia. A intenção é unir forças para derrotar o projeto de lei 490 no Senado.
A maioria das comunidades indígenas guaranis de Santa Catarina está no litoral norte – como é o caso da aldeia de Camboriú, fundada em 1987, e regulamentada em 2003. O Estado, entretanto, ainda tem povos originários das etnias Kaigang e Xokleng.
As terras indígenas ocupam o equivalente a 0,8% do território estadual, ou seja, 760km². A estimativa do Conselho Estadual dos Povos indígenas (CEPin), dados de 2020, é que somente nas aldeias de Araquari vivem cerca de 500 indígenas.