O programa Bandeira Azul deve ampliar o total de locais certificados na temporada 2023/2024, com chance de Santa Catarina ter a primeira praia fluvial certificada do Brasil. A praia de Itaí, no rio Uruguai, na divisa entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, está entre os sete novos locais pré-aprovados pra próxima temporada. Na região, Piçarras pode ter mais uma praia, a Ponta do Jacques.

Na última temporada, 29 praias e 11 marinas foram certificadas com o selo ambiental. Santa Catarina, que já lidera o número de locais premiados, com 20 certificações, poderá ampliar a representatividade para 22. Na Amfri, a praia da Ponta do Jaques, em Piçarras, é a nova indicada. A cidade hoje conta com a Bandeira Azul na praia Central, no trecho entre o molhe norte e a rua 3750, que vai disputar a sexta renovação.

A lista dos candidatos foi aprovada pelo júri nacional do programa na semana passada, com a indicação de 34 praias e 11 marinas, que agora serão avaliadas pelo júri internacional do Bandeira Azul. A análise final será em setembro, em Copenhague, na Dinamarca. Do total de indicados, sete são praias que concorrem pela primeira vez e 38, entre 27 praias e 11 marinas, são de renovações.

Outro destaque no estado é a indicação da Praia de Itá, às margens do reservatório de Itá, no rio Uruguai, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Se aprovado pelo júri internacional, o local será a primeira praia de rio do Brasil com  a certificação. No país, o estado do Rio de Janeiro lidera as novas indicações, com cinco concorrentes. Completam os novos indicados a praia de Viração, em Salvador (BA).

Águas claras em Piçarras

A Ponta do Jacques fica no lado norte de Piçarras, no limite com Barra Velha. O local preserva a vegetação de restinga e não é tão badalado, com areias claras e praia muito procurada pra pesca de arremesso e pra prática de surfe, já que o mar é agitado.

A presidente do Instituto de Meio Ambiente de Piçarras, Liara Rotta Padilha, explica que o município trabalhou em vários pré-requisitos pra inscrever o local no programa. O principal deles foi a balneabilidade da praia.

“No verão passado foram feitas análises de qualidade da água nesse trecho, onde verificamos que ela estava num patamar excelente, possibilitando a habilitação pra credenciamento pra essa temporada de 2023/24”, conta.

Ações de educação ambiental, avaliação da infraestrutura, instalação de banheiros, acessibilidade, iluminação, pontos de fiscalização e identificação de lançamento irregulares de esgoto fizeram parte do processo pro credenciamento, agora validado pela indicação do júri nacional.

Liara diz que a preparação da praia, o credenciamento, a avaliação da qualidade da água e a aprovação do júri nacional é o primeiro passo, com o trabalho seguindo pra certificação.  “Alguns pontos a gente vai precisar monitorar ao longo do ano e, para o período do verão, quando vier o júri internacional para avaliação, a gente tem que tá cumprindo todos os requisitos”, completa.

SC perde duas praias

Apesar de novos locais pré-aprovados, SC perdeu duas praias certificadas que não concorrem à renovação: Cerro e do Sol, em Barra Velha. Os locais haviam estreado no programa na temporada 2022/2023, mas não conseguiram entrar na disputa pra nova temporada.

As praias do Mariscal, em Bombinhas, e a da Saudade, em Penha, que perderam a Bandeira Azul por descumprir critérios no último verão, estão concorrendo e podem reconquistar o selo.

Para se qualificar ao Bandeira Azul, critérios com foco em gestão ambiental, qualidade da água, educação ambiental, segurança e serviços, turismo sustentável e responsabilidade social devem ser atendidos, mantidos e comprovados anualmente. O objetivo é conscientizar a sociedade, empresários e gestores públicos sobre as ações de proteção ambiental.

Potencial de novas certificações

A coordenadora do Programa Bandeira Azul no Brasil, Leana Bernardi, explica que os candidatos passaram por uma avaliação criteriosa e alguns ainda terão que prestar esclarecimentos. “O júri avaliou o cumprimento dos critérios através da verificação dos relatórios apresentados, ressaltando a importância de os candidatos enviarem relatórios com informações precisas e ordenadas”, disse.

Sobre a expectativa de ampliação de locais no Brasil, ela destacou que, além do potencial de praias e marinas costeiras, é preciso considerar as praias de rios e lagos. “Ao abraçar o interior do país, com a quantidade de balneários lacustres ou fluviais, nossas cachoeiras, represas e demais atrativos de água doce, o crescimento do programa deve ser linear, aumentando o número de locais certificados e engajados em promover um turismo mais sustentável”, disse.

Para a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, a entrada de novos atrativos naturais na iniciativa confirma o trabalho do governo federal pra estimular o turismo sustentável. “É bom para o Brasil e, consequentemente, para o turismo, pois nossas praias e marinas serão reconhecidas internacionalmente como cases sustentáveis e proporcionarão melhor experiência para quem passar pelo nosso país”, avaliou.

O júri nacional do programa é formado representantes do Ministério do Turismo, Secretaria do Patrimônio da União (SPU), Instituto Ambientes em Rede (IAR), Associação Náutica Brasileira (Acatmar), Agência Brasileira de Gerenciamento Costeiro, Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), Associação Nacional de Municípios de Meio Ambiente (Anamma) e Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema).