Tráfico de drogas
Caminhão de empresa da família de senador é apreendido com 300 quilos de maconha
Jorge Seif, da J.S Pescados, justificou dizendo que vendeu o caminhão e não fez a ainda a transferência do documento
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
Um caminhão plotado com a logo da J.S. Pescados, pesqueirade Itajaí, foi apreendido com 322 quilos de maconha na BR 487, em Naviraí, Mato Grosso do Sul, no último dia 25 de março. O caminhão, segundo o dono da JS Pescados, Jorge Seif, pai do senador Jorge Seif Jr (PL), foi vendido para um ex-funcionário da empresa por R$ 400 mil, com o pagamento em prestações. Seif se disse surpreendido com a notícia do crime.
A apreensão foi feita pelas equipes da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar e Polícia Civil de Dourados (MS). O caminhoneiro de 25 anos foi preso e levado para a delegacia de Naviraí, onde teve a prisão preventiva decretada pela justiça.
A assessoria do senador Jorge Seif Jr. informou, em nota, que a venda do veículo, bem como as caixas plásticas de transporte de pescados, foi feita no dia 8 de setembro de 2022. “Foi uma operação de compra e venda que resultou na entrega do bem para outrem, vendido de forma parcelada, e mediante a quitação, seria transferido no Detran. Conforme contrato firmado entre as partes, o mesmo assumiu, a partir da compra, toda a responsabilidade pelo bem, não tendo o vendedor que se pronunciar por fatos ocorridos após a transmissão do mesmo”, alegou.
A assessoria do senador ainda informou que o antigo funcionário da empresa “alugou/arrendou/emprestou o veículo e as caixas de peixe para terceiros e isso originou o problema”.
Ao DIARINHO, o empresário Jorge Seif, que mantém há mais de 20 anos a empresa de pescados no bairro Barra do Rio, contou que vendeu o caminhão há cerca de um ano para um antigo motorista da empresa. “O caminhão eu vendi há quase um ano. Não transferi ainda porque ele encontra-se em pagamento. A gente só vai transferir quando acabar o pagamento”, alegou.
O caminhão Volvo foi vendido por R$ 400 mil, segundo Jorge Seif, com o pagamento em 24 parcelas de R$ 10 mil e o motorista fazendo “balão” [dando valores a mais] para completar os R$ 400 mil.
Contrato registrado em cartório
O contrato da venda do veículo, conta Seif, foi registrado em cartório. A casa do motorista seria a garantia da quitação do negócio no prazo acordado. “Como ele parou de pagar, agora eu vou reivindicar a casa que é a garantia. Ele está há dois meses com parcelas em atraso”, disse Seif.
O empresário acredita que a casa ofertada como garantia seja no bairro São Vicente, em Itajaí. Seif comentou que decidiu não trabalhar mais com caminhão próprio porque terceirizou as entregas de pescados. “O motorista trabalhou um ano ou dois anos, retornou agora há cerca de seis meses. Fiquei de vender o caminhão, ele se propôs a comprar, inclusive vinha pagando rigorosamente as prestações”, explica.
Sobre o episódio da apreensão do caminhão com drogas, Seif taxou como “lamentavelmente!”. “Ele se perdeu”, completou. O empresário garante que está com a cabeça sossegada, pois não tem nada a ver com a droga apreendida no Mato Grosso do Sul.
“Não tenho nada a ver com isso. A gente chega num estágio da vida que não pode fazer nada de errado, ainda mais que o meu filho é senador. Andando 100% já é problema. Existe a Receita, existe o nosso compromisso com a sociedade e a gente tem essa consciência”, concluiu.
Caminhão está apreendido; investigação continua
Ao DIARINHO, o delegado Silvio Ramos, responsável pela investigação, contou que requereu e a justiça autorizou a conversão da prisão em preventiva. No interrogatório, o motorista usou o direito de permanecer em silêncio. Ele não revelou de quem é a droga e nem onde a entregaria.
O delegado confirmou que o caminhão estava em nome de uma empresa, mas não disse nem o nome da empresa e nem o do motorista. “A abordagem foi feita em um posto fiscal. Ao vistoriar as caixas vazias de pescados foram encontrados 322 quilos de maconha”, explicou.
“A investigação está em andamento. Havendo indícios de envolvimento de outras pessoas, elas serão intimadas. A propriedade do caminhão não quer dizer envolvimento, como também pode ter... Será investigado”, informou.
O delegado Silvio ainda frisou que por enquanto somente o motorista foi indiciado. “A gente não indiciou ninguém da empresa. A ocorrência pode ser uma conduta particular do motorista, como tem casos de envolvimento do dono do caminhão. A investigação está aberta e só poderei falar quando concluída”, completou.
Ao ser informado que o empresário, dono do caminhão, disse ao DIARINHO que tinha vendido o veículo para terceiros através de um contrato, o delegado comentou que a situação precisará ser esclarecida.
“O caminhão usado para o transporte de drogas, instrumento do delito, fica apreendido. Agora se alguém de boa fé, que seja proprietário e queira reclamar o veículo perante a justiça, pedindo a restituição, pode entrar em contato”, completou.
O delegado ainda explicou que o motorista estava com ordem de prisão decretada pela justiça de Santa Catarina por dívida de pensão alimentícia. Com a apreensão dos 322 quilos de maconha, o motorista responderá por tráfico interestadual de drogas, que tem a pena aumentada por ocorrer entre dois estados. “Estamos em uma região de fronteira, corredor do narcotráfico, as drogas são carregadas na Bolívia e Paraguai e o escoamento acontece por nossas rodovias”, explica ainda.