Armadores, indústrias e pescadores acordaram o preço mínimo para a safra da sardinha de 2023. O valor do quilo foi fixado em R$ 2,60, após reunião entre o Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi) e o Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Pesca de Santa Catarina (Sitrapesca). O acordo foi assinado na terça-feira.
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Havia a ameaça de as 54 embarcações traineiras que fazem a captura da espécie não trabalharem este ano. Os barcos chegaram a paralisar as atividades durante uma semana. A pesca da sardinha ...
Havia a ameaça de as 54 embarcações traineiras que fazem a captura da espécie não trabalharem este ano. Os barcos chegaram a paralisar as atividades durante uma semana. A pesca da sardinha foi liberada no dia 1º de março e segue permitida até o final de setembro.
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Mesmo com o acordo, o presidente do Sitrapesca, Henrique Pereira, considerou que valor acertado não é bom para os pescadores. “A gente tem que avaliar que não foi satisfatório vender um quilo de sardinha por R$ 2,60. Não é a realidade da vida do pescador. Em 2022, o preço variou de R$ 2,50 e no mercado paralelo chegando a R$ 5. Mas é assim, na vida não vamos conseguir tudo que pedimos. A indústria não quis ceder nada”, analisou Henrique.
O presidente do Sitrapesca explica que a indústria usou o fato de estar importando peixes do Marrocos mais baratos para não ceder no aumento do quilo da sardinha. “Mas o peixe deles não chega nem perto da qualidade do nosso. Marrocos não faz um dia de defeso no ano. A pesca lá é super subsidiada pelo governo. O diesel é aproximadamente R$ 2, aqui no Brasil pagamos R$ 6”, explica, fazendo referência à diferença no custo do peixe importado.
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Segundo o Sindipi, o preço da sardinha é determinado pela lei de oferta e procura, mas o acordo traçou um preço mínimo como garantia para os pescadores e armadores na safra 2023.
Valor pode ser revisto
O Sindipi adiantou que no final da primeira quinzena de maio haverá uma análise da safra e uma reavaliação dos valores praticados - podendo ocorrer um aumento. O sindicato explicou que, diferente da tainha, a sardinha não tem cota de limite estabelecida para a pesca. As traineiras podem pescar a vontade durante os sete meses da safra.
Para o presidente do Sindipi, Agnaldo Hilton dos Santos, a expectativa é de que a safra da sardinha seja acima da média, assim como a do atum. “Com o registro de uma supersafra de atum, que culminou na necessidade de investimento das indústrias em espaço para armazenamento, a expectativa é de que a safra da sardinha também seja acima da média. Se a expectativa se confirmar, teremos a garantia do preço mínimo para garantir o equilíbrio econômico”, diz Agnaldo.
Culpa ex-ministro pelo longo defeso
O presidente do Sitrapesca ainda criticou os cinco meses de defeso da pesca da sardinha, entre outubro e fevereiro, implantados na época em que o atual senador Jorge Seif Júnior era Secretário Nacional da Pesca, no governo Jair Bolsonaro (PL). “Eu sou a favor do defeso, mas não cinco meses como fez o Seif Júnior. Quando isso aconteceu a gente conversou, ele discordou e disse que tinha alternativa para os pescadores. Cadê a alternativa? Alternativa é matar cavalinha para vender a R$ 1,50; e palombeta do mesmo jeito...”, criticou.