OLHA O PÃO QUENTINHO!
Célio Bananinha pedala 42 km por dia vendendo quitutes há 30 anos
Célio vende 70 pães e 75 bananinhas todos os dias
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Não tem tempo ruim para Célio Bananinha, de 60 anos, o folclórico vendedor de pão caseiro e pastel de banana que circula pelos bairros de Itajaí, faça chuva ou sol, desde 1992, quando veio para a cidade, depois de um tempo na Armação (Penha). A clientela é fiel e sabe que a encomenda está chegando quando ouve o assobio estridente seguido do bordão “Pão, bananinha!”. Ele vende os quitutes sempre com um sorriso no rosto e um causo ligeiro inspirado nas notícias do dia, já que também compra exemplares do DIARINHO e leva para clientes.
E quem vê aquela figura bem-humorada circulando de bike com uma caixa acoplada na frente não imagina a rotina dura que ele enfrenta. Célio conta que ele e a esposa Cleide já estão de pé às 2h30 para preparar a massa do pão. Ele mistura os ingredientes e põe na masseira para sovar enquanto Cleide prepara as formas. Eles fabricam 70 pães por dia e 75 bananinhas. E não sobra nada. “Enquanto eu não vender tudo, não volto pra casa”, afirma.
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Para atender a clientela com produto fresco, são preparadas quatro fornadas de 18 pães, duas de manhã e duas à tarde. Às 5h da matina a primeira remessa vai pro forno, e às 6h30 começa a entrega. “O povo quer o pão antes de sair para o trabalho. Se eu atraso é uma reclamação danada!”, conta. A clientela é, principalmente, dos bairros Fazenda, onde mora, e São João, onde morou. Mas ele também faz vendas quando passa pelo centro e Vila. Ao todo, roda cerca de 42 km por dia e volta quatro vezes para casa para reabastecer.
Para facilitar as vendas, Célio também aderiu ao pix, mas diz que não é todo mundo que consegue pagar com agilidade, o que acaba tomando tempo. O que ele mais usa é o zap para atender encomendas. Ele conta que o trabalho como vendedor ambulante em 30 anos possibilitou a compra da casa própria, um carro, uma bicicleta elétrica, além de estudar quatro filhos, dois no ensino superior. E mesmo sendo informal, ele não deixa de pagar o INSS para ele e a esposa para garantir a aposentadoria e auxílio em caso de doença.
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Com as bênçãos da madrinha Ana
Tudo começou quando ele, que é de Blumenau, foi visitar a madrinha Ana, que tinha casa de praia na Armação. Todo dia ela fazia dois pães, cujo cheirinho enlouquecia os veranistas do Camping da Hering, ao lado. Era tanta gente perguntando pelo pão que Célio teve a ideia de fornecer para os turistas.
De cara, produziam três fornadas por dia, depois passou para oito e a esposa Cleide foi convocada para ajudar. Até que chegou uma hora que a madrinha jogou a tolha. “Ela disse que tinha vindo para a praia pra descansar e tava trabalhando mais do que antes. Mas eu fiquei com aquilo na cabeça e, quando me mudei para Itajaí, botei em prática o que aprendi com ela”, revela.
De formação, Célio é ator de teatro e fez parte do grupo Faz-me Rir dos 17 aos 29 anos, mas teve que parar. “O diretor gastava mais na produção do que conseguíamos arrecadar”, lamenta.
Sorte nossa que Célio acabou vindo morar na cidade peixeira, onde representa uma classe de vendedores de bicicleta, que eram abundantes em Itajaí até os anos 80, quando se vendia de um tudo: de peixe à bananinha, do sonho com goiabada e linguiça. A atividade traz comodidade aos consumidores e é responsável pelo sustento de muitas famílias brasileiras.