A corrupção é um “contrato” de transação entre o rato e a barata: seres repugnantes. Há recompensas ou vantagens para os dois lados, com contatos feitos na penumbra cinza e esfumaçada. Interação ilícita, ilegal e ilegítima entre seres que escondem dinheiro e sempre desejam ter vantagem material em tudo. Riem com as conquistas num esgoto qualquer.
Em qualquer lugar, quanto menor a institucionalização de um sistema governamental, parlamentar ou da magistratura, maior a chance de ocorrência de corrupção. Quanto menor a institucionalização de um sistema, maior o grau de “patrimonialismo” [tornar privado o que é público, e pessoal o que é coletivo]. A dificuldade de se assumir a diferença entre público e privado produz a sensação de que “as coisas são assim mesmo”, que a política corre pelo esgoto.
As vezes há ares de legalidade. A concessão de títulos aristocráticos [conde, visconde, barão, duque, marquês] por parte dos reis, meio próximo aos cargos comissionados aos montes, é uma ...
Em qualquer lugar, quanto menor a institucionalização de um sistema governamental, parlamentar ou da magistratura, maior a chance de ocorrência de corrupção. Quanto menor a institucionalização de um sistema, maior o grau de “patrimonialismo” [tornar privado o que é público, e pessoal o que é coletivo]. A dificuldade de se assumir a diferença entre público e privado produz a sensação de que “as coisas são assim mesmo”, que a política corre pelo esgoto.
As vezes há ares de legalidade. A concessão de títulos aristocráticos [conde, visconde, barão, duque, marquês] por parte dos reis, meio próximo aos cargos comissionados aos montes, é uma forma de gerar benefícios ou privilégios pessoais com recursos públicos, a ferir a moral das condutas republicanas ainda que tenham sido configuradas dentro do “espeto” legal. Vantagens e privilégios são tubos à corrupção da moralidade.
A corrupção não nos abandona porque passa pelos tempos de paz e guerra, fome e abastança, calor e frio. Os sistemas de controle sobre o comportamento daqueles que atuam nos processos de decisões governamentais são tão vulneráveis quanto a cultura de base moral [hábitos e costumes políticos e sociais] e ética [regulamentação oficializada do comportamento] são institucionalizadas. Se desprezo a cidadania e o coletivo, penso logo em minhas vantagens.
No caso do INSS é de se investigar e tornar imediatamente público quem são os agentes governamentais envolvidos desde a origem. Isso se arrasta entre dois governos e, portanto, se fez apesar deles. As organizações que se beneficiaram podem ser mais facilmente identificadas porque deixaram como rastros suas assinaturas e titulação cartorial. Os “roubados” são rastreáveis porque cada ação precisou ser documentada. Mas a trama toda ainda requer a evidência do setor governamental e seus decisores.
É insólito se imaginar que a devolução dos recursos aos que foram roubados possa ser a solução do problema da corrupção de ocasião. Este é apenas o socorro àqueles que tiveram sua casa [benefícios – expressão desastrosa para quem trabalhou] deslizados para patas de “organizações” que se mostram criminosas. É inacreditável que se permita que este processo tenha feito casa e moradia contínua por tão longo tempo e governos. E é perturbador saber que os dirigentes façam cara de “ninguém sabe, ninguém viu”.
E será grosseiro uma Comissão Parlamentar de Inquérito [CPI] que aposte na luta eleitoral como efeito mais promissor de uma investigação sobre “roubo” em praça pública [Ministério]. Então, mais uma vez, se corromperá a moral do ambiente político. O alvo ainda necessário são os membros do governo que se esconderam atrás de um cabo de vassoura enquanto varriam a sujeira para debaixo do tapete, já que as “organizações criminosas” têm nome, dirigentes e contas bancárias. A cumplicidade governamental está determinada porque se disserem não saber são, no mínimo, incompetentes e não podem nos representar. Não há inocência aqui!