Os dias de ressaca com maré alta têm proporcionado uma nova paisagem  para os banhistas da praia Central, com a formação de uma lagoa natural no trecho da Barra Sul, em Balneário Camboriú. O fenômeno conhecido como “laguna” ocorre há alguns meses, após o alargamento da faixa de areia, quando a maré sobe muito, invade parte da areia e forma as lagoas, que são rasas e logo se desfazem.

A piscina natural se formou perto do degrau gigante que surgiu naquele trecho da orla, também em decorrência do alargamento da faixa de areia. Enquanto o degrau se tornou um empecilho aos banhistas, que precisam escalar para chegar na parte de cima da faixa de areia, as pequenas piscinas têm sido aprovadas.

Daniel Ceve, de 26 anos, que saiu de Curitiba (PR) há três anos para morar em Balneário, gostou da novidade. “É interessante porque as crianças gostam de brincar bastante ali. No final de semana sempre tem a criançada na lagoa. É um lugar mais seguro, o pessoal consegue enxergar melhor, não tem perigo de pegar uma corrente de água e acabar se afogando”, argumenta Daniel.

A turista Edna Lima, de 52 anos, viu a lagoa pela primeira vez nesta sexta-feira e achou estranho. “Eu vim ontem [quinta-feira] e não tinha... Na hora que chegamos não estava cheio, mas agora já tem bastante água ali. É a natureza querendo o seu espaço...”, acredita, comentado que antes do alargamento, no espaço da lagoa, era o mar.

Paulo Reis, de 60 anos, que mora em um motorhome em Balneário Camboriú, considera normal a formação. “A maré vai subir e vai acontecer. Não me incomoda, estava previsto no projeto. Incomodava antes quando tinha pouca areia, agora está sobrando areia... Para crianças, é uma boa, piscina quentinha, para a gurizada é bom”, comentou.

Vai rolar quando tiver maré cheia

Segundo o engenheiro e diretor de Planejamento de Balneário Camboriú, Toni Fausto Frainer, o fenômeno ocorre em dias de ressacas e maré cheia. “É normal que na região da Barra Sul ocorram pequenas lagoas e escarpas [degraus], tanto que no projeto executivo estava previsto colocar volume a mais de areia nesta região, pois neste tipo de obra normalmente ocorrem esses fenômenos”, argumenta.

Toni não sabe as dimensões das lagoas, mas diz que elas e os degraus fazem parte do processo de estabilização da areia da praia. “Nas praias, após o alargamento, é necessário este período de conformidade e dependemos da natureza para a praia entrar em equilíbrio após eventos com energia de ondas mais intensas (ressacas)”, reforça. O alargamento da faixa de areia, de 25 para 70 metros, ocorreu há um ano.

O diretor ainda explica que, nos quase seis quilômetros de extensão da praia Central, somente na Barra Sul ocorreram as lagoas. “Nesta região surgem algumas lagoas pequenas que se formam em período curto e o próprio movimento do mar as cobre. Isso acontece com mais intensidade nos períodos frios e com menos intensidade nos períodos quentes”, comenta, explicando que no verão a formação não será tão intensa.

O engenheiro ainda lembra que a prefeitura, com o Departamento de Planejamento e Fundação do Meio Ambiente, faz o monitoramento da execução da obra de alargamento. Uma empresa também foi contratada para monitorar por 36 meses a execução da obra, atendendo exigência da licença ambiental do Instituto do Meio Ambiente (IMA).

SAIBA MAIS

Diferença de lagoa e laguna?

Lagoa: é um corpo de água com pouco fluxo, sem água estagnada, podendo ser natural ou artificial (feita pelo homem). Geralmente ela é menor do que um lago.

Laguna: é a extensão de água salobra ou salgada muito próxima da costa e ligada, através de um canal, ao mar ou ao oceano.