O caminhoneiro gaúcho Márcio Cristiano Kist, de 45 anos, está desde junho dormindo na cabine de seu caminhão, no pátio do posto Dalçóquio, às margens da BR 101, em Itajaí. Márcio alega que está impedido de trabalhar por conta de um serviço mal feito na oficina do posto Graal, de Piçarras, onde estourou o motor do seu veículo.
Márcio parou no posto Graal no dia 5 de abril para fazer uma troca de óleo e filtro. Logo após o serviço, ele seguiu viagem com o seu Mercedes Benz, placa MYT OF35, para São Paulo, onde descarregou e pegou uma nova carga para Porto Alegre. Foi aí que começou o pesadelo na vida do caminhoneiro.
Passando pelo município gaúcho de Osório, narra Márcio, trancou o motor do caminhão. “Chamei socorro. O mecânico me disse que o copo do filtro de óleo estava solto. Chamamos o guincho ...
Márcio parou no posto Graal no dia 5 de abril para fazer uma troca de óleo e filtro. Logo após o serviço, ele seguiu viagem com o seu Mercedes Benz, placa MYT OF35, para São Paulo, onde descarregou e pegou uma nova carga para Porto Alegre. Foi aí que começou o pesadelo na vida do caminhoneiro.
Passando pelo município gaúcho de Osório, narra Márcio, trancou o motor do caminhão. “Chamei socorro. O mecânico me disse que o copo do filtro de óleo estava solto. Chamamos o guincho e levamos o caminhão para a oficina”, conta.
Na oficina, o mecânico observou que as peças estavam todas corroídas e foi descoberto que o filtro colocado no caminhão era de outro modelo – maior que o usado no Mercedes Benz de Márcio. “Ele ficou trancado e os caras colocaram à força pra dentro. O fluxo de óleo foi pequeno, e durante a semana o motor trabalhou com baixo fluxo, comendo tudo, compressor de ar, bomba injetora, motor, o ferro! O motor, eu tinha feito há três anos, e não tinha nem 80 mil quilômetros. Perdi o motor! Liguei para o posto Graal, apresentei as notas e começou a guerra”, alega o caminhoneiro.
Do dia 14 a 18, o caminhoneiro ficou em contato com o posto. “No dia 18, o gerente do Graal me ligou e informou que ia mandar um guincho buscar o meu caminhão. Trouxeram para Itajaí, uma oficina antes do Santa Rosa, e ali começou outra novela. A oficina apresentou um orçamento de R$ 56 mil para o conserto. O posto não concordou e mandou buscar outra alternativa”, conta.
Segundo Márcio, o posto autorizou um conserto mais barato com peças usadas. “Eu fiquei parado do dia 14 de abril até 16 de junho, quando o caminhão foi liberado da oficina. Consegui uma carga de Itajaí para o Rio de Janeiro. Chegando no Rio, o caminhão quebrou. Eu mesmo arrumei. Em SP, fui carregar, o caminhão não ligou. O motor que eles colocaram era com peças velhas, eu arrumei e vim embora pra Porto Alegre – descarreguei o caminhão e fui direto pra oficina. O motor de partida queimou novamente...”, comentou.
Desde junho, Márcio está com o caminhão estacionado no pátio do posto Dalçóquio, sem poder trabalhar, sem dinheiro para alimentação, sem poder voltar para casa em Santa Cruz Do Sul (RS) e vivendo graças a solidariedade de terceiros.
Acionou a justiça
Sem solução amigável, o caminhoneiro acionou o posto na justiça. A bacharel em Direito Simone Immig e a advogada Marília Nery de Oliveira estão pedindo o conserto do caminhão, para voltar ao estado que ele estava antes da troca do óleo e filtro, e indenização por danos morais. “Ele está dormindo no caminhão, não tem dinheiro para comer, toma banho no posto, onde eles o deixam usar o banheiro. Ninguém está conseguindo enxergar e ver que essa situação que ele enfrenta hoje, foi por culpa exclusiva de uma falha, de um serviço que o posto prestou. Ele seguia uma vida normal, até o dia que ele encostou o caminhão para fazer a troca do óleo. No pedido judicial a gente pede, por antecipação de tutela, que o posto pague uma diária para ele até o conserto do caminhão, além das indenizações”, finaliza Simone.
Posto pagou R$ 55 mil em serviços
O advogado do posto Graal, Sílvio Noel de Oliveira Jr, confirma que houve um dano causado no caminhão após o abastecimento e troca de óleo no posto. Só que garante que já houve acordo com o cliente e que o posto já pagou pelos prejuízos. “Após a execução dos serviços, todo realizado sob supervisão do cliente, o caminhão lhe foi entregue para uso pela sua oficina de confiança. No entanto, passados alguns dias, retornou o cliente ao posto de combustíveis, alegando que o caminhão tinha quebrado novamente, desta feita por conta de suposto defeito na prestação dos serviços, pois a oficina não teria usado peças novas”, explica Sílvio.
“Repete-se, por necessário, que a decisão de escolha da oficina mecânica foi do cliente, Márcio, e, após apresentado o orçamento de peças e mão de obra por si realizado, o posto pagou o valor de R$ 55.953,49. Vale notar que o veículo do cliente é um caminhão usado e com mais de 40 anos de uso”, acrescenta Silvio. “A nova reclamação acerca da qualidade dos serviços realizados pela oficina mecânica de confiança Márcio, bem como, despesas com diárias e acomodação, não pode ser imputada ao Graal, motivo porque não têm fundamento suas alegações”, justifica o defensor Sílvio.