Márcio parou no posto Graal no dia 5 de abril para fazer uma troca de óleo e filtro. Logo após o serviço, ele seguiu viagem com o seu Mercedes Benz, placa MYT OF35, para São Paulo, onde descarregou e pegou uma nova carga para Porto Alegre. Foi aí que começou o pesadelo na vida do caminhoneiro.
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Passando pelo município gaúcho de Osório, narra Márcio, trancou o motor do caminhão. “Chamei socorro. O mecânico me disse que o copo do filtro de óleo estava solto. Chamamos o guincho e levamos o caminhão para a oficina”, conta.
Na oficina, o mecânico observou que as peças estavam todas corroídas e foi descoberto que o filtro colocado no caminhão era de outro modelo – maior que o usado no Mercedes Benz de Márcio. “Ele ficou trancado e os caras colocaram à força pra dentro. O fluxo de óleo foi pequeno, e durante a semana o motor trabalhou com baixo fluxo, comendo tudo, compressor de ar, bomba injetora, motor, o ferro! O motor, eu tinha feito há três anos, e não tinha nem 80 mil quilômetros. Perdi o motor! Liguei para o posto Graal, apresentei as notas e começou a guerra”, alega o caminhoneiro.
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Do dia 14 a 18, o caminhoneiro ficou em contato com o posto. “No dia 18, o gerente do Graal me ligou e informou que ia mandar um guincho buscar o meu caminhão. Trouxeram para Itajaí, uma oficina antes do Santa Rosa, e ali começou outra novela. A oficina apresentou um orçamento de R$ 56 mil para o conserto. O posto não concordou e mandou buscar outra alternativa”, conta.
Segundo Márcio, o posto autorizou um conserto mais barato com peças usadas. “Eu fiquei parado do dia 14 de abril até 16 de junho, quando o caminhão foi liberado da oficina. Consegui uma carga de Itajaí para o Rio de Janeiro. Chegando no Rio, o caminhão quebrou. Eu mesmo arrumei. Em SP, fui carregar, o caminhão não ligou. O motor que eles colocaram era com peças velhas, eu arrumei e vim embora pra Porto Alegre – descarreguei o caminhão e fui direto pra oficina. O motor de partida queimou novamente...”, comentou.
Desde junho, Márcio está com o caminhão estacionado no pátio do posto Dalçóquio, sem poder trabalhar, sem dinheiro para alimentação, sem poder voltar para casa em Santa Cruz Do Sul (RS) e vivendo graças a solidariedade de terceiros.
Acionou a justiça
Sem solução amigável, o caminhoneiro acionou o posto na justiça. A bacharel em Direito Simone Immig e a advogada Marília Nery de Oliveira estão pedindo o conserto do caminhão, para voltar ao estado que ele estava antes da troca do óleo e filtro, e indenização por danos morais. “Ele está dormindo no caminhão, não tem dinheiro para comer, toma banho no posto, onde eles o deixam usar o banheiro. Ninguém está conseguindo enxergar e ver que essa situação que ele enfrenta hoje, foi por culpa exclusiva de uma falha, de um serviço que o posto prestou. Ele seguia uma vida normal, até o dia que ele encostou o caminhão para fazer a troca do óleo. No pedido judicial a gente pede, por antecipação de tutela, que o posto pague uma diária para ele até o conserto do caminhão, além das indenizações”, finaliza Simone.
Posto pagou R$ 55 mil em serviços
O advogado do posto Graal, Sílvio Noel de Oliveira Jr, confirma que houve um dano causado no caminhão após o abastecimento e troca de óleo no posto. Só que garante que já houve acordo com o cliente e que o posto já pagou pelos prejuízos. “Após a execução dos serviços, todo realizado sob supervisão do cliente, o caminhão lhe foi entregue para uso pela sua oficina de confiança. No entanto, passados alguns dias, retornou o cliente ao posto de combustíveis, alegando que o caminhão tinha quebrado novamente, desta feita por conta de suposto defeito na prestação dos serviços, pois a oficina não teria usado peças novas”, explica Sílvio.
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“Repete-se, por necessário, que a decisão de escolha da oficina mecânica foi do cliente, Márcio, e, após apresentado o orçamento de peças e mão de obra por si realizado, o posto pagou o valor de R$ 55.953,49. Vale notar que o veículo do cliente é um caminhão usado e com mais de 40 anos de uso”, acrescenta Silvio. “A nova reclamação acerca da qualidade dos serviços realizados pela oficina mecânica de confiança Márcio, bem como, despesas com diárias e acomodação, não pode ser imputada ao Graal, motivo porque não têm fundamento suas alegações”, justifica o defensor Sílvio.