DENÚNCIA
Estaria ocorrendo eutanásia criminosa no canil
Problemas aconteceriam na Unidade de Acolhimento Provisório de Animais; direção do Inis desmente
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]





Denúncias feitas por servidores da Unidade de Acolhimento Provisório de Animais (Uapa) de Itajaí sobre a prática de eutanásia em animais saudáveis do canil municipal vieram a público esta semana. A denúncia foi publicada inicialmente pelo jornalismo da Band FM de Itajaí com base em um áudio creditado ao veterinário. O áudio foi entregue a um grupo de advogados ligados à causa animal para uma ação no Ministério Público (MP) e uma denúncia ao Conselho Regional de Medicina Veterinária.
“Embora o veterinário fosse nomeado como gerente da Uapa, ele não comparecia todos os dias ao canil e não acompanhava os casos. E quando ia, solicitava que funcionários ‘descessem’ os animais porque ele iria passar mais tarde no canil para realizar a eutanásia”, conta a servidora. Ainda segundo a denunciante, a cada ida do veterinário ao canil, 10 animais eram eutanasiados, sem qualquer critério. “Até cães com apenas problemas dermatológicos ou carrapatos eram cruelmente exterminados”, atestam os denunciantes.
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Outra funcionária [de empresa terceirizada que presta serviços na Uapa] diz que a prática ocorre desde o início do ano passado. Segundo ela, não há um controle rigoroso do número de animais nas baias do canil público. “Ele sempre jogava os números pra baixo. Se havia 300 animais abrigados, ele dizia que eram 180, para mascarar o extermínio. Isso é revoltante! Só não denunciei antes porque preciso muito de meu emprego,” diz a mulher.
Segundo a mesma denúncia, até 40 animais eram mortos por semana. Os corpos eram colocados em sacos plásticos e mantidos em refrigeração até serem recolhidos pela empresa Engepasa.
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Uma terceira denunciante relata o descaso do gestor da Uapa com relação ao ambiente. “É simplesmente degradante”. Ela diz ainda que além da gravação, diversos servidores da Uapa já se dispuseram a testemunhar as ações do veterinário, desde que ele seja afastado para evitar represálias. “Inclusive, um advogado voluntário sugeriu que peçamos medidas protetivas”, completa.
O vereador Osmar Teixeira (SD) encaminhou ao prefeito Volnei um ofício dia 22 de dezembro solicitando a abertura de uma investigação administrativa sobre as denúncias de eutanásia irregular, desperdício de medicação [adquirida com recursos públicos] e por dificultar o acesso de entidades protetoras ao local. O vereador também quer que a gerência do local seja trocada.
INIS não recebeu denúncias
O diretor-presidente do Instituto Itajaí Sustentável (Inis), Vilson Sandrini, ouvido pelo DIARINHO, disse que a entidade não recebeu denúncias com relação às ações do gerente da Uapa e acredita que as mesmas tenham sido feitas por servidores que executam serviços de limpeza na unidade. Vilson alega que a eutanásia é um procedimento aplicado de forma legal em determinados casos, quando implicam em dano grave à saúde dos demais animais ou de pessoas e discorda dos números apresentados pelos denunciantes.
“O caso chama a atenção pelo fato de ser ‘10 animais por dia’ o que implica, numa conta muito simples, em 300 animais eutanasiados por mês, enquanto a capacidade da Uapa é de 270 animais. Portanto, se isso ocorresse, não teríamos animais na unidade”, alega Sandrini.
Outro fato contestado por Sandrini é que, se o grande número de eutanásias teria ocorrido no ano passado, porque só agora as denúncias vieram à tona. “Por que não foram encaminhadas denúncias à Secretaria de Saúde que era responsável pelos médicos veterinários, com gerente específica para tratar desses assuntos, lotada na própria Uapa”, pergunta.
Sandrini destaca ainda que o veterinário em questão é contratado para exercer funções administrativas. Porém, concorda que o mesmo exerceu funções clínicas na unidade, dando “seus préstimos profissionais de formação para que não houvesse prejuízo nos atendimentos” e que “segue trabalhando em funções administrativas para as quais foi contratado.”
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O presidente do Inis é contra o afastamento do veterinário de suas funções, uma vez que não há denúncias formais, boletins de ocorrência ou outros elementos que justifiquem uma medida contra o profissional. “Não é juridicamente seguro tomar tão drástica atitude com informações que sequer foram oferecidas para apuração.”
Sandrini confirma que foram abertos processos internos para investigação e na quinta-feira foram ouvidos oito funcionários do canil. “Haverá punição exemplar e torcemos para que sejam em todas as esferas [cível, criminal e administrativa] ao responsável, seja ele o servidor administrativo caso sejam comprovadas as denúncias, seja ele o denunciante, caso as denúncias sejam improcedentes, porque nestes dois casos os maiores prejudicados são nossos animais.”