ESCOLAS ESTADUAIS
Alunos não conseguem vagas perto de casa
Mães criticam o “sorteio de vagas”, implantado para direcionar as matrículas para alunos em colégios da rede estadual
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A busca por matrículas nas redes municipal e estadual em Itajaí gera novas reclamações de mães de alunos que não conseguiram garantir vagas nas escolas mais perto de onde moram. A alternativa seria esperar por eventuais desistências ou abertura de novas vagas.
A auxiliar de serviços gerais Eulália Amélia de Freitas, de 44 anos, criticou a realização de matrículas por sorteio na escola Estadual Henrique da Silva Fontes, no bairro São João. Eulália mora no bairro São Vicente e diz que o colégio fica bem perto da casa dela.
Ela buscava vaga pra filha, de 15 anos, que completou o ensino Fundamental na escola Aníbal César e, agora, vai pro 1ª ano do ensino Médio. Eulália disse que a filha não foi sorteada por ter boas notas.
“Meu coração ficou muito triste porque eu moro muito perto da escola, onde minha filha não pode estudar”, lamentou. A opção foi buscar matricula no colégio Elfrida Cristino da Silva, que ficaria um pouco mais distante.
A coordenadora Regional de Educação, Cleonice Berejuk, esclarece que a modalidade de sorteio é adotada em unidades onde a oferta de vagas é menor que a demanda. Ela explica que o processo leva em conta o critério de zoneamento, priorizando alunos que moram até três quilômetros da unidade escolar.
O segundo critério, após atendidos os alunos que moram perto da escola, é a proximidade do colégio com o local de trabalho dos pais. “Primeiro se atende o zoneamento, depois, se houver sobra de vagas, a gente vai atendendo os demais alunos”, informa. Ela frisou que o critério de nota, como alegado pela mãe da aluna, não é usado pra matrícula.
Cleonice destaca que as regras estão no edital de matrícula. O sorteio ocorre a partir da pré-matrícula feita on-line, onde os pais fazem o cadastro do aluno e escolhem a escola onde têm interesse que o filho estude. A efetivação da matrícula vai depender da comprovação de residência dentro do zoneamento.
“O pai já vai ciente de que, se ele não mora naquela região onde a escola está localizada, provavelmente, ele não terá direito à vaga, a não ser que sobre”, ressalta a coordenadora. Quando as vagas são insuficientes pra atender a procura, é feito sorteio, eletronicamente, também adotado pra evitar filas.
Conforme a secretaria Estadual de Educação, neste ano, houve sorteio em 40 escolas de 12 regiões do estado. Na regional de Itajaí, foram 11 colégios com sorteio, sendo cinco, em Itajaí; três, em Navegantes; dois, em Itapema; e um, em Camboriú. A lista dos sorteados já foi divulgada nas escolas e pode ser consultada no site Matrícula Online.
O sorteado que não apresentou os documentos pra confirmar a matrícula até sexta-feira, dia 26, perde a vaga. Quem não foi sorteado deve se inscrever em outra escola da rede estadual, no período de 1º a 3 de dezembro. Haverá um segundo período pra vagas remanescentes de 26 a 28 de janeiro.
Autista na lista
No bairro Espinheiros, a professora Kamila Severino, 31, não conseguiu vaga para a filha de cinco anos, que é autista e irá pro 1º ano do ensino fundamental em 2022. Nas duas escolas da rede municipal, mais perto de casa, a menina ficou com o nome na lista de espera.
A escola Básica José Fernandes Potter seria a ideal para os pais, que poderiam levar a filha a pé para a unidade. Enquanto a família aguarda por uma vaga remanescente perto de casa, Kamila conta que conseguiu matrícula na escola do bairro Ressacada.
Se a filha for estudar mesmo no local, a professora destaca que pode ser preciso pagar uma van pro transporte escolar. “Meu pedido é que novas turmas sejam abertas no bairro Espinheiros, visto que a comunidade está crescendo”, apela.
A secretaria de Educação informou que, após as matrículas finalizadas, será feito um levantamento para ver a possibilidade de encaixe dos alunos da lista de espera nas escolas municipais da localidade. Esgotando essa possibilidade, os pais terão duas opções: seguir na rede municipal em unidades de outro bairro; ou migrar para a rede estadual.
Conforme a secretaria, os Espinheiros tem muitas vagas em aberto na escola Estadual Básica Raul Bayer Laus, que poderia atender os alunos. Tratativas já foram feitas com a coordenação da rede estadual para que o apoio seja prestado.