Balneário
Vereador apoia jogador e é chamado de homofóbico
Omar Tomalih, do Podemos, diz que quer ter “direito de exercer opinião”
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

O vereador Omar Tomalih (Podemos), de Balneário Camboriú, despertou a revolta da comunidade LGBTQIA+ após posicionar-se em sua rede social em apoio ao jogador de vôlei Maurício Souza, demitido de seu time após postagens homofóbicas criticando o personagem do filho do Superman, da DC, que em nova história em quadrinhos, se revela bissexual.
Omar considerou injustas as críticas ao jogador de vôlei, e o desfecho do caso, alegando existir um “tribunal de cancelamento” por parte da comunidade gay. “O jogador Maurício perdeu patrocinadores, foi demitido de seu time e suspenso da seleção brasileira. O motivo? Defender princípios e valores”, postou o vereador, no Facebook, levando novamente um tema de costumes para o âmbito do legislativo.
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Omar considerou que a reação dos homossexuais fere a “liberdade de expressão”, e que o jogador “representou o que a maioria dos brasileiros pensa”. Tomalih ainda pontuou que o conteúdo do gibi do filho do Superman “não pode chegar às crianças”.
A reação foi imediata nas redes sociais – mais de 180 comentários na página do parlamentar, com apoios e também críticas pela opinião, considerada criminosa e homofóbica.
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A reação veio de ativistas como Otávio Zini, da ONG Amigos & Tribos, voltada não apenas ao público LGBTQIA+, mas também a negros, mulheres e portadores de deficiência – Otávio é também presidente do Conselho Municipal de Direitos Humanos de Balneário.
Na visão do ativista, a posição de Omar reflete “ignorância”. Mesmo assim, a ONG não fará uma posição oficial sobre o caso. “Quando a pessoa é muito homofóbica, ela não consegue nem enxergar a própria homofobia”, considerou. “O jogador disse o que queria, agora está arcando com as consequências”, considerou. “Mas se para o vereador a discriminação e o preconceito são princípio e valor, será que realmente ele pode se considerar cristão? Afinal, não era esse o princípio e valor representados por Cristo”, acrescenta.
Otávio assegura que “felizmente o STF, a Corte Interamericana e a Corte Europeia de Direitos Humanos não permitem discursos de ódio como liberdade de expressão”. “Vivemos num país laico, onde os princípios de nenhuma religião devem estar acima da lei”.
Zini também opinou dizendo que Balneário Camboriú vive um retrocesso em termos de direitos humanos. “Não conseguimos avançar com apoio da Câmara ou prefeitura em temas de direitos. Influências conservadoras prejudicam até mesmo discussões de questões de saúde, como a prevenção da Aids, em que houve o tema no legislativo e só dois vereadores estavam presentes em uma tribuna de representantes de toda uma sociedade”, observa. “Um momento de muita ignorância é o que vivemos no Brasil”.
“Trabalho diversificado”
Ouvido pelo DIARINHO, Omar Tomalih afirmou que não imaginava que a postagem tomaria essa proporção. E voltou a defender o que entende como “liberdade de expressão”.
“Parece que qualquer opinião contrária ao que pensam os gays acaba sendo apontada como homofobia”, destacou. “Mas não é assim. Com certeza, pessoas são mortas pela orientação sexual, mas no caso em questão, eu tenho o direito de discordar do conteúdo do Superman; quero ter o direito de poder opinar”.
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O parlamentar do Podemos também frisou que responderia com tranquilidade se questionado sobre o motivo de levar uma questão de moral ou comportamento a público, e não questões comunitárias e sociais de Balneário Camboriú.
“O meu trabalho é diversificado. Cobro temas de saúde, de combate à drogadição, de educação financeira, empreendedorismo nas escolas, isso tudo está registrado. Não trato só de temas morais”. Questionado sobre se defenderia uma adoção por casais gays ou união civil entre homoafetivos, Omar disse que “não pensou nesses assuntos ainda”, mas que, a princípio, apoia adoção e casamento como direitos civis de qualquer pessoa.