Baixaria
Reunião da CPI das Máscaras foi marcada por ofensas na câmara
Presidente da comissão, Bruno da Saúde, foi xingado de “vassalo”, “malandro” e “palhaço” pela vereadora Anna Carolina
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A reunião da comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga a compra de máscaras pela prefeitura de Itajaí, foi marcada por um bafão na câmara de Vereadores nessa semana. Devido à votação que suspendeu as reuniões da CPI, a vereadora Anna Carolina Martins (PSDB) ficou pistola com o presidente da comissão, Bruno da Saúde (MDB), que foi xingado de “vassalo”, “malandro” e “palhaço” pela parlamentar.
Em vídeo gravado ao fim da reunião na segunda-feira e que circula pelas redes sociais, Bruno é acusado pela vereadora, que é integrante da comissão e autora do pedido pra abertura da CPI, por supostamente o vereador estar retardando os trabalhos da comissão. O episódio ainda repercutiu na sessão de terça-feira, quando os dois parlamentares se manifestaram em plenário.
Na segunda-feira, durante a segunda reunião do grupo, a CPI aprovou a suspensão dos trabalhos por três dias, após recebimento de um ofício da procuradoria-geral do município. A prefeitura, alvo da investigação, questiona os requisitos de admissibilidade da comissão, sobre qual seria o fato específico a ser investigado pelo grupo.
Com a suspensão, a próxima reunião ficou agendada pra segunda-feira, dia 20. Até lá, a procuradoria da câmara ficou de analisar a legalidade da CPI e os apontamentos feitos pela prefeitura, “a fim de garantir a segurança jurídica do processo e resguardar a validade dos atos e documentos da comissão”, segundo informou o legislativo.
A CPI é ainda é formada pelas vereadoras Christiane Stuart (PSC), relatora, Hilda Deola (PDT), secretária, e pelo vereador Osmar Teixeira (SD), membro. Anna e Osmar foram os integrantes que votaram contra a suspensão das reuniões.
Anna Carolina não concordou com a suspensão e disparou contra o presidente da CPI, o chamando de “vassalo” ao fim a reunião na segunda-feira. “Malandro é isso que tu és, e tu vais é pra Justiça. Estás parando uma Casa com dinheiro público e não estás fazendo por medinho. Volta pra trabalhar na prefeitura. Sai daqui porque aqui você não representa ninguém, palhaço”, detonou.
Bruno da Saúde se manifestou nas redes no mesmo dia sobre a polêmica. Ele explicou que, como presidente da CPI, colocou em votação pra que a comissão encaminhasse o questionamento da prefeitura à procuradoria da câmara, que responderia ao município sobre qual é o fato determinado na investigação.
“Isso foi deliberado, foi votado pelos vereadores, com dois votos contrários e três votos favoráveis, e também a suspensão dos trabalhos da CPI nesse período de três dias, pra que quem está sendo investigado saiba o porquê”, disse, ressaltando que a CPI não está anulada. “É uma questão jurídica. Nós precisamos ter segurança jurídica pra continuar a investigação”, frisou.
O vereador se comprometeu com a apuração da CPI e comentou sobre os ataques sofridos. “Quero colocar aqui que fui xingado, teve quebra de decoro parlamentar dentro dessa reunião e que medidas serão tomadas”, adiantou.
CPI investiga compra de máscaras
A CPI das máscaras deve apurar a suspeita de superfaturamento de máscaras descartáveis contra a covid-19 compradas pela prefeitura. Em um contrato de R$ 12 milhões foram adquiridas 10 milhões de máscaras, em preço unitário que seria acima do valor de mercado. No total, 10 contratos feitos durante a pandemia devem ser investigados.
Solicitada pela vereadora Anna Carolina, a abertura da CPI foi analisada com parecer favorável da procuradoria da câmara e aprovada pelos vereadores. “[O pedido de criação] tem embasamento legal e possui objeto certo e definido de investigação, o que torna injustificado atrasar o trabalho da CPI por conta do ofício enviado à presidência da CPI pela prefeitura de Itajaí”, esclareceu a vereadora.
Ela defendeu que a comissão não avança desde a implantação, há quase um mês. “O município busca atrasar o andamento dos trabalhos, não respondendo dentro do prazo determinado os requerimentos da comissão ou enviando respostas parciais”, diz nota da parlamentar. A compra das máscaras também está sendo investigada pelo Ministério Público.
Polêmica voltou à sessão
A suspensão da CPI voltou à tona na câmara na sessão de terça-feira. Bruno relatou que ataques com mentiras se estenderam contra a família dele nas redes sociais. “A minha história é e sempre será de muito trabalho, não será uma mentira, alguns ataques em redes sociais e desrespeito que irão apagar tudo que construí ao longo da minha trajetória”, escreveu em uma postagem.
Anna Carolina manteve as críticas contra o presidente da comissão, que estaria “tapando o sol com a peneira” por ser do mesmo partido do prefeito. “A CPI é pra investigar a prefeitura de Itajaí. A procuradoria é o advogado do prefeito, da prefeitura. Por que que a gente tem que pedir penico pra eles?”, questionou. “Aqui é uma casa pra defender os direitos das pessoas, não pra proteger o prefeito, a prefeitura de Itajaí ou qualquer um que esteja envolvido”, disse.
Bruno pediu respeito à sua atuação, mas foi rebatido pela vereadora. “Quem tem medo e não tem culhão, quem faz a vontade da prefeitura, não deveria nem se meter numa CPI”, disse. “Eu vou falar alto e eu vou falar o que eu achar que tenho que dizer, porque eu não tenho amarra política nenhuma”, completou, ao final da manifestação.