Mercado financeiro
Havan desiste de entrar na bolsa de valores
Companhia diz que abertura de capital será retomada em “momento oportuno”
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

A comissão de Valores Mobiliários (CVM) negou, na semana passada, o pedido das lojas Havan, do empresário Luciano Hang, pra entrar na bolsa de valores. A Havan informou que desistiu, de maneira voluntária, da oferta de ações, sendo que o indeferimento do pedido pela CVM teria sido em decorrência da decisão tomada pela própria empresa.
A solicitação pra abertura de IPO (oferta de ações em bolsa de valores) foi feita, pela primeira vez, em 2020, por Luciano Hang. Ele desistiu, em outubro, após a empresa ser avaliada em menos de R$ 100 bilhões, gerando a primeira negativa da CVM.
Acreditando na valorização da companhia, ele fez, depois, uma segunda tentativa de entrar na bolsa, mas acabou recuando de novo, em maio desde ano, quando informou a desistência do pedido à comissão. A decisão levou à segunda negativa da CVM, publicada na segunda-feira passada.
Segundo a empresa, a Havan optou pela suspensão do processo em razão do atual planejamento estratégico da companhia. Por isso, e em consequência da desistência, a empresa decidiu por não prosseguir com o pedido de admissão e listagem no segmento do Novo Mercado da B3.
“Assim, por ora, a Havan adia a intenção de realizar sua Oferta Pública Inicial de Ações, que será retomada em momento oportuno e devidamente informada”, informou. Conforme o dono da rede varejista, o projeto de expansão segue em andamento. “Isso não afeta o nosso propósito de seguir plantando lojas pelo Brasil e gerando oportunidade para os brasileiros”, ressaltou.
A abertura da empresa, na bolsa de valores, permitiria ao empresário buscar recursos para aumentar o capital de giro e atrair investimentos em tecnologia e abertura de novas lojas. A empresa de Luciano Hang não é a única que tenta entrar na bolsa. Em 2021, quase 60 empresas já desistiram do registro e, ao menos, 21 companhias aguardam aprovação pra liberação de capital.
As desistências, neste ano, que superaram as 25 suspensões ocorridas em 2020, estariam ligadas ao receio de aumento de juros nos Estados Unidos, queda na procura por ações no Brasil e uma possível nova onda de covid, devido à variante Delta, que traz preocupação ao mercado financeiro.
No caso da Havan, além do pessimismo do mercado, analistas apontam que problemas de governança corporativa e excesso de dependência da figura do empresário prejudicam a entrada da companhia na bolsa. Conforme os bancos, que assessoram Hang, a exposição política excessiva do empresário, fervoroso apoiador do presidente Jair Bolsonaro, também pode ser prejudicial à abertura da empresa.
Em 2020, em plena pandemia, a companhia estimava chegar a R$ 100 bilhões de valor de mercado. Hoje, as projeções de especialistas estimam que o valor chegaria, no máximo, a R$ 45 bilhões.
Hang vai depor na CPI
A data para o depoimento do empresário Luciano Hang, na comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, em andamento no senado, deve ser marcada após o feriado de 7 de setembro. A previsão é que o dono da Havan seja ouvido na terceira semana do mês que vem.
O empresário será convocado pra prestar esclarecimentos sobre sua suposta participação no chamado “gabinete paralelo” do ministério da Saúde, cujos integrantes são acusados de defender ações ineficazes no combate à pandemia. Contra Hang, também, pesa a suspeita de ter financiado a divulgação de fake news sobre a covid-19.
“Nós precisamos marcar o depoimento do senhor Luciano Hang, um notório membro do gabinete paralelo. O depoimento dele, para essa Comissão Parlamentar de Inquérito, é muito importante para que a CPI e o Brasil conheçam o submundo que essa gente criou”, disse o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL).