“Voz dos Oceanos”
Família Schurmann fará quarta volta ao mundo de veleiro
Partida em Itajaí ainda aguarda confirmação oficial; largada será em 15 de agosto
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
![O Kat é o maior veleiro de aço já construído no Brasil](/fotos/202105/700_60a459ee132bb.jpg)
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No dia 15 de agosto, 37 anos depois da primeira volta ao mundo, a família Schurmann voltará aos mares para uma nova expedição a bordo do veleiro Kat. Será a quarta volta ao mundo dos velejadores, com roteiro dividido em três etapas, a primeira com duração de dois anos, começando agora em agosto até 2023. A etapa prevê 40 destinos, com início em Santa Catarina. A partida é prevista em Itajaí, mas ainda depende de confirmação.
Se escolhida, será a segunda vez que a cidade receberá a largada de uma aventura dos Schurmann. Em 2014, Itajaí foi base para o lançamento da “Expedição Oriente”, a terceira volta ao mundo da tripulação comandada pelo patriarca da família, Vilfredo Schurmann.
Segundo o gerente de comunicação da família Schurmann, Alexandre Moreno, os detalhes da saída ainda serão divulgados porque algumas possibilidades de formato estão sendo avaliadas, de acordo com a pandemia, protocolos de segurança e vacinação.
Batizada de “Voz dos Oceanos”, a nova temporada nos mares é focada no problema do lixo plástico nos oceanos. O grupo vai levantar os impactos do descarte irregular de lixo no mar, alertar sobre a questão da poluição e propor ações de recuperação e de conscientização.
O projeto tem parceria com o programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e com a campanha mundial Mares Limpos, da qual Itajaí foi a primeira cidade brasileira a aderir, ainda durante a Volvo Ocean Race, em 2018.
A primeira fase da expedição será na costa do Brasil, começando em Santa Catarina até Fernando de Noronha, onde começa a fase internacional. A rota brasileira será concluída até o fim do ano, prevendo paradas em que a expedição vai participar de mutirões nas praias e ações com prefeituras e ONGs. Já a fase internacional deve terminar em 2023, quando a família Schurmann chega na Nova Zelândia. Após deixar a costa brasileira, o veleiro passará por ilhas do Caribe, costa atlântica dos Estados Unidos e arquipélago das Bermudas. Depois, volta para o Caribe e cruza o canal do Panamá até as ilhas Galápagos, seguindo pelo oceano Pacífico Sul até a Polinésia.
A viagem poderá ser acompanhada nos perfis do projeto nas redes sociais, onde já são publicados conteúdos sobre sustentabilidade, consumo consciente e dicas pra reduzir o descarte de plástico, além dos preparativos da expedição. O projeto nasceu nas últimas viagens, quando os velejadores se depararam com a grande quantidade de lixo mesmo em praias de ilhas desertas.
Segundo dados das Nações Unidas, o mar recebe 13 milhões de toneladas de plástico todos os anos. Cerca de 80% dos resíduos tem origem em terra, principalmente das grandes cidades. A projeção do fundo Mundial pela Natureza é que até 2050 haverá mais plásticos que peixes nos oceanos.
Veleiro sustentável está passando por reforma
O veleiro Kat está passando por serviços de revisão, manutenção e melhorias em preparação para zarpar em agosto. A embarcação está em Biguaçu e de lá voltará pra Itajaí. Depois, ainda seguirá pro litoral paulista, onde passará pela etapa de pintura.
A preocupação com a sustentabilidade começa já na embarcação, que conta com sistema de tratamento de água do mar para deixá-la própria ao consumo. O reservatório é de 4150 litros. Durante a viagem, os banhos devem ser curtos.
O veleiro ainda têm duas pequenas hortas, que funcionam como estufas alimentadas por painel solar. Fontes de energia limpa, compactador de lixo reciclável e sistema de tratamento de esgoto completam as medidas ecológicas.
O Kat é o maior veleiro de aço já construído no Brasil. Ele foi fabricado por um estaleiro de Itajaí e inaugurado na expedição Oriente, feita entre 2014 e 2016. A embarcação de 80 pés tem 23,96 metros de comprimento e 6,37 de largura, equipada com tecnologia de ponta em sistemas de comunicação, navegação e captação e edição de imagens.
Missão contra a invasão de plástico nos mares
A nova missão da família Schurmann começa justamente com a década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, uma iniciativa da Unesco até 2030 pra conscientizar o mundo sobre a importância dos oceanos e mobilizar órgãos públicos, empresas e a sociedade em ações pela sustentabilidade dos mares. No Brasil, o projeto foi lançado oficialmente no mês passado.
A próxima volta do mundo dos Schurmann está alinhada com esses propósitos em defesa dos mares. A primeira etapa nos próximos dois anos será focada na invasão de plástico, micro e nano-plástico nos oceanos. Os velejadores vão testemunhar e registrar, in loco, o que está acontecendo nos mares, navegando em busca de soluções e mobilizando pessoas ao redor do mundo.
No projeto, a família Schurmann envolverá cientistas, ambientalistas, empreendedores, ONGs e governos com propostas para reverter o cenário de destruição dos mares. A rota inclui ainda alguns pontos dos mares, onde os mais variados itens de plástico se acumulam, vindos de diferentes partes do mundo por meio das correntes marítimas. “Há 37 anos, os oceanos têm sido nosso lar, nosso local de trabalho, lazer e refúgio. Queremos retribuir todos os momentos maravilhosos vividos sobre e sob as águas até aqui, deixando um legado de mobilização para recuperação de nossos mares”, declaram Vilfredo e Heloisa Schurmann, casal da família que lidera a iniciativa.
Os registros feitos durante a viagem ficarão disponíveis para consulta pública e servirão de suporte para trabalhos acadêmicos. Além da expedição, o projeto está estruturado em três pilares que envolvem pesquisa científica, programa de inovação e ações educativas, em parceria com empresas, institutos e pesquisadores.