POLÊMICA
Empresários são acusados de não terem autorização da Lamborghini
Grupo da Lamborghini Latinoamérica esteve em Balneário e apresentou propostas de investimentos ao governo municipal e estadual
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]




Os empresários que fizeram encontros com lideranças em Santa Catarina como representantes da Lamborghini Latinoamérica, com sede no México, estariam usando indevidamente o nome da famosa montadora italiana. A versão mexicana da empresa também seria alvo de processo nos Estados Unidos e na Itália por anunciar produtos e projetos como se fossem da Lamborghini original. A empresa alega que detém a licença da marca na América Latina e nega que esteja sendo processada.
O fundador da Lamborghini Latinoamérica, Jorge António Fernández García, conhecido com Joan Fercí, e o empresário G.P., de Rio do Sul, que vai tocar o braço da empresa no Brasil, foram recebidos na segunda-feira pelo prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira (Podemos). Na semana passada, eles também fizeram reuniões com a governadora interina Daniela Reinehr e com o presidente da assembleia Legislativa, Mauro de Nadal.
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Foram anunciados cerca de 20 projetos de investimentos, incluindo uma fábrica de carros elétricos de luxo. Também foram anunciados investimentos em Balneário Camboriú, onde seria instalada uma unidade de design e inovação, além de um megaempreendimento imobiliário. A prefeitura esclareceu que foi a comitiva de empresários que procurou o município, sendo o mesmo grupo recebido pela governadora e pelo presidente da assembleia Legislativa.
“Nenhum procedimento com empresa é feito sem passar pelos nossos mecanismos de controle”, informou o município, destacando que foi apenas “receber” uma agenda sobre possibilidades de novos investimentos. A prefeitura ainda destacou que os empresários apresentaram documentação da empresa durante a visita, com as propostas de negócios da marca.
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Direitos exclusivos na América Latina
O empresário G.P. é presidente da Lamborghini do Brasil, empresa constituída pra comandar a implantação dos projetos e administrar os negócios da Lamborghini Latinoamérica no país. Ações no valor de R$ 57 milhões estão sendo transferidas pra empresa brasileira, no primeiro aporte de recursos no Brasil.
O fundador da Lamborghini Latinoamérica, Joan Fercí, explicou que detém contratos de licença para uso exclusivo da marca na América Latina. A autorização por 99 anos, seguindo a legislação mexicana, vem desde 1996, quando Fercí comprou os direitos da Chrysler, montadora da qual era fornecedor. A marca Lamborghini foi adquirida pelo grupo Volkswagen em 1998, mas Fercí destaca que manteve o direito.
Ele lembra que, na época, avisou à Volkswagen sobre a autorização que tinha sobre a marca, destacando que os documentos foram periciados no México e o caso nunca foi contestado pela montadora alemã. Com o desenvolvimento de tecnologia pra fabricação de motores elétricos pela Lamborghini Latinoamérica, ele ressaltou que vem sofrendo pressão de empresas europeias que tentam romper os direitos firmados.
Fercí afirma que tem todos os documentos que atestam a autorização da empresa e que os contratos foram reconhecidos nos Estados Unidos e em países como Uruguai, Chile e Argentina. “A Lamborghini Latinoamérica tem exclusividade por 99 anos e permite fabricar e vender Lamborghinis mesmo na Itália e na Alemanha”, disse, detalhando que são quatro contratos de licença envolvendo cerca de 600 produtos.
O acordo de uso da marca, conforme G.P., permite a fabricação, distribuição e venda diretas dos produtos com exclusividade na América Latina e em todos os países do mundo, sem exclusividade, concorrendo com a própria Lamborghini italiana na Europa. Além do nome, a empresa pode usar inclusive o símbolo do touro da marca.
G. esclareceu que não há nenhum processo judicial contra a empresa ligado ao uso da marca. A única ação, afirmou, se trata de processo da empresa mexicana contra a Volkswagen e a Lamborghini por tentarem romper os direitos detidos pela Lamborghini Latinoamérica.
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De fábricas de carros a condomínios de luxo
A aposta no Brasil é pela instalação de uma fábrica de carros elétricos de luxo. A cidade que pode receber o negócio no estado ainda é avaliada pela empresa, conforme G.. Além da montadora, também é previsto um condomínio de luxo em governador Celso Ramos, um centro de desenvolvimento tecnológico na capital e parcerias de produtos licenciados da marca, entre roupas e equipamentos.
Em Balneário Camboriú, o empresário informa que há projeto de construção de um megaempreendimento que teria 300 andares e cerca de 1100 metros de altura, com unidades residenciais e comerciais. A obra somaria 4 bilhões de dólares, com recursos de investidores estrangeiros. A construção é projetada num aterro que ficaria de um a três mil metros da faixa de areia, em obra que poderia durar até seis anos.
Após as visitas já feitas em Santa Catarina o grupo de empresários da Lamborghini Latinoamérica vai apresentar propostas de negócios também em São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal. No momento, a empresa trata das questões administrativas da holding que vai controlar as futuras empresas do grupo no país. Há previsão de que a própria sede da empresa mexicana seja transferida para o Brasil.
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