Muitas pessoas comentaram que o dono da embarcação teria proibido o retorno do barco para Itajaí, para deixar o corpo do trabalhador em terra firme, mas essa versão foi negada pelo sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi).
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O sindicato patronal explicou, através de nota oficial, que o armador e o mestre de barco, cujos nomes não foram divulgados, tentaram trazer o corpo a bordo pra Itajaí, mas teria havido negativa da Marinha do Brasil. Já a autoridade marítima diz que acionou os bombeiros, assim que houve o pedido de socorro da embarcação. A Marinha não confirma que tenha proibido o transporte do corpo a bordo.
Maurino trabalhava como operador de máquinas no barco de arrasto. A vítima tinha a função de dirigir a embarcação. No momento do incidente, o barco estava a 219 milhas náuticas de Itajaí. “O mestre da embarcação entrou em contato com a Marinha, que deu ordem para que se dirigissem o mais próximo possível de Passos de Torres. Tiveram instrução para que esperassem o resgate dos bombeiros, que chegaria com mais rapidez do que se o barco se deslocasse para outro porto”, dizia a nota do Sindipi.
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Os bombeiros pediram para que o resgate do corpo fosse filmado, para que houvesse segurança no protocolo da corporação militar. Porém, o vídeo vazou na internet e viralizou nas redes sociais causando revolta entre colegas pescadores.
O Sindipi afirma que também recebeu as imagens por WhatsApp, mas que não sabe como foram parar na internet. “Sentimos muito pela família do pescador, que teve acesso às imagens. Deixamos claro que não compactuamos com a divulgação, e, segundo relatos do mestre da embarcação, os vídeos foram feitos a pedido do Corpo de Bombeiros”, explica a nota.
"Desumano," opina sindicalista
Henrique Pereira, presidente do Sitrapesca, que é o sindicato dos trabalhadores, disse ao DIARINHO que está acompanhando o caso e que em 43 anos de profissão nunca presenciou nada parecido. “Juridicamente a capitania dos Portos pode decidir, mas no lado humano é a responsabilidade do mestre do barco. Trabalhei 43 anos embarcado e nunca vi nada igual, a falta de respeito com um companheiro de bordo. Lamentável essa atitude”, opinou Henrique.
O presidente já entrou em contato com a família da vítima, mas diz que vai respeitar esse momento doloroso passar. “Não compactuamos com as atitudes que foram cometidas no caso”, conclui. Henrique espera uma decisão da família para saber quais medidas o sindicato deve tomar.
O corpo de Maurino, depois de resgatado pelos bombeiros, viajou por terra até a casa da família. O velório e o sepultamento do pescador aconteceram ontem, em Tijucas, onde ele vivia com a família.
Marinha desmente versão
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Em nota oficial divulgada ontem à noite pelo comando do 5º Distrito Naval, a Marinha do Brasil diz que não houve o pedido do armador ou do mestre do barco pra trazer o corpo de Maurino a bordo até Itajaí.
Segundo a nota, a Marinha recebeu uma ligação, no domingo pela manhã, com a informação de que havia ocorrido a morte a bordo. A embarcação estava a nove milhas náuticas de Passo de Torres (RS), e a Marinha solicitou o apoio ao corpo de Bombeiros Militar e avisou à polícia Civil e à Militar.
Com a retirada do corpo da embarcação, a capitania dos Portos em Tramandaí orientou ao mestre do barco que retornasse imediatamente pra Itajaí.
A embarcação estava a 219 milhas náuticas da cidade e iniciou o retorno. A previsão de chegada do barco era ainda na noite de segunda-feira na delegacia da capitania dos portos de Itajaí. A Marinha abriu inquérito administrativo pra apurar a morte.
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