Coligação de Robison Coelho faz entrevista coletiva para falar sobre o laudo da OAB
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A briga política nos bastidores da crise de abastecimento em Itajaí ganhou mais um capítulo nesta segunda-feira. Os coordenadores da coligação Unir e Renovar, do candidato a prefeito Robison Coelho (PSDB), organizaram uma coletiva à imprensa para rebater as denúncias de irregularidades no laudo sobre a potabilidade da água divulgado pela ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional de Itajaí. O advogado João Paulo Tavares Bastos Gama, coordenador jurídico da campanha de Robison, confirmou que o laudo que apontou índices de coliformes fecais foi mesmo contratado e pago pelo empresário e químico André Gustavo Sandri Silva, o Deco, dono da Wave Cleaner do Brasil, do grupo da Canaveral. João Paulo também afirmou que o senhor Jucelino Alexandre da Silva foi o responsável por coletar as amostras de água no poço da praia Brava e num outro ponto de distribuição móvel de água do Semasa na cidade. Ele afirma que as coletas foram filmadas, mas as imagens e os endereços e horários das coletas não foram divulgados à imprensa. Jucelino, segundo afirma João Paulo, teria coletado a água em dois recipientes, tanto no poço da praia Brava onde o Semasa tem captado água numa propriedade particular, como em um ponto de distribuição móvel. As amostras foram levadas à análise do mesmo laboratório que atende o Semasa, o DJ Saneamento. O nome do comerciante Francisco de Assis Reinaldo da Silva, o Ceará do Celular, segundo João Paulo, foi informado como contratante da análise, no pedido do laboratório, porque ele seria o voluntário que se dispôs a buscar o resultado dos laudos. Sobre os áudios divulgados pelo proprietário da da DJ Saneamento, Jorge Luiz Isolani, conversando com Deco, que pediu pra trocar o nome do contratante da análise da água para a OAB, João Paulo assumiu a responsabilidade. “Eu, João Paulo, informei que levaria o laudo até a OAB para providências, de modo que levei o André Gustavo Sandri Silva, o Deco, a esse erro. Logo em seguida isso foi corrigido, conforme demostram os áudios vazados e descontextualizados. A alteração, portanto, foi no nome do solicitante, e não no laudo. A água é dos pontos do Semasa, e o laudo demonstrou um alto índice de coliformes fecais e dureza”, afirmou. João Paulo também afirmou que havia combinado com a direção local da OAB que se o laudo apresentasse algum desacordo sobre a qualidade da água, seria encaminhado à OAB para encaminhamentos e providências. “Como não somos técnicos e nem levianos, de politizar um tema tão sério, levamos então a OAB, conforme havíamos combinado, caso o resultado apontasse desacordo. A OAB, por sua vez, e acertadamente, enviou o laudo às autoridades, ao Semasa, à prefeitura e ao ministério Público”, continuou. “Laudo não foi usado na campanha” O vereador Fernando Pegorini (PP), que é coordenador da campanha de Robison, também participou da entrevista coletiva e afirmou que em momento algum o laudo apontando problemas na água foi divulgado pela campanha de Robison. Fernando diz que como o laudo da DJ apontou que a água estava contaminada, ele mesmo pediu à agência Reguladora do Serviço Público (Aresc), que fosse feito um novo laudo da água coletada para confirmar se a água estava potável ou não. O laudo preliminar apontou que a água do poço da Brava estava própria para consumo, mas com necessidade alguns ajustes. “Este laudo ainda não tem conclusão definitiva, de modo que também não usamos na campanha, e nem utilizaríamos”, disse Fernando. Para João Paulo, a coligação do prefeito Volnei Morastoni criou uma situação política. “Houve um aproveitamento político por parte do candidato do governo [Volnei Morastoni], já que quem vazou o documento no grupo de presidentes de comissão da OAB de Itajaí foi o advogado Ronaldo Camargo, conhecido militante do MDB e apoiador da reeleição do atual prefeito. A partir daí, armou-se uma versão falsa e caluniosa de adulteração do laudo, e utilizada pela coligação de Volnei Morastoni de forma eleitoreira e rasteira”, acusou João Paulo. O coordenador jurídico da campanha de Robison ainda acusa o poço de onde se retira a água na Brava de “suspeito”, pois já teria históricos de contaminação no passado. O advogado informou que a coligação de Robison está registrando boletins de ocorrência e também entrará com ações cabíveis contra os adversários. “Estamos pedindo direito de resposta, porque essa matéria foi veiculada no programa eleitoral. Também estamos entrando com procedimentos de investigação criminal contra quem divulgou um vídeo que circulou em grupos de WhatsApp imputando uma manipulação da OAB no laudo. Todas as pessoas que postaram e replicaram, estão sendo processadas criminalmente e não nos furtaremos de fazermos outros boletins de ocorrência”, avisou João Paulo. E a água? Para Fernando Pegorini, ao contrário do que informou o Semasa, a questão da água ainda não foi totalmente resolvida. “A população ainda vem sofrendo com a água suja, e um certo grau de salinidade”, diz. O relatório de salinidade da água, divulgado no site do Semasa, aponta o contrário do que fala Pegorini. O índice de sal na água estava em 160 mg/l, por volta das 20h, o valor é menor que o máximo permitido, 250 mg/l, para ser considerado boa para o consumo. O Semasa, por sua vez, desde a semana passada, afirma que a DJ Saneamento faz frequentes análises no poço da Brava e que elas sempre atestaram a potabilidade da água. A autarquia também informou que faz a cloragem da água coletada na fonte natural para atender padrões técnicos. Os laudos da Aresc, divulgados pelo Semasa após a solicitação do vereador Fernando Pegorini (PP), não confirmaram qualquer contaminação na água coletada, seja por coliformes fecais ou chorume do cemitério, como algumas pessoas acusaram. O Semasa informou que mantém 44 pontos de distribuição de água na cidade. A autarquia não informou até quando manterá a distribuição à população.