Itajaí
Semasa quer resolver salinidade até sábado
Equipe de técnicos trabalha na colocação de placas metálicas na barragem; água distribuída à população não é mineral
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
![](/fotos/202010/700_5fd6f9bb6d09a.jpg)
![miniatura galeria](/fotos/202010/200_5fd6f9bb6d09a.jpg)
![miniatura galeria](/fotos/202010/200_5fd6f9bbd2901.jpg)
O problema da água salgada no sistema de abastecimento em Itajaí deve ser resolvido até sábado, segundo previsão do engenheiro do Semasa, Ervino Ribeiro Macedo. Uma equipe de técnicos, engenheiros e mergulhadores trabalha na colocação de pranchas metálicas por baixo da barragem do rio Itajaí-Mirim para impedir a passagem da cunha salina. O Semasa fez uma contenção de pedras na cabeceira que se rompeu, mas a água com sal continua passando pela barragem porque as estacas se deslocaram no fundo após os danos na margem.
O engenheiro explica que a estrutura submersa da barragem é formada por estacas-prancha, que ficam nas laterais e fazem a contenção da cunha salina de uma margem à outra, e por estacas-trilho, que são estacas de fundação, fincadas com 24 metros de profundidade. Com o rompimento da cabeceira da barragem, três pranchas de um dos lados da contenção se deslocaram, permitindo a passagem da água do mar.
“O pessoal está trazendo de volta as estacas-prancha pra sua posição. Elas também cederam e essa parte que cedeu será fechada com chapa metálica na parte jusante pra que evite a cunha salina de subir. A gente espera no máximo até sábado resolver o problema da água salgada e aí [depois] o projeto de longo prazo pra refazer tudo que foi danificado”, informa Ervino.
A recuperação definitiva da barragem vai depender de um laudo técnico sobre as condições da estrutura. As causas do rompimento ainda são investigadas. Ervino alega que é difícil determinar o que aconteceu, mas a principal hipótese leva em conta um vazamento subterrâneo da adutora que emerge do solo e passa por cima da barragem. Segundo comenta, a água com pressão do vazamento teria escavado o terreno em direção ao rio, afetando as pranchas submersas.
“O material levado pela adutora e mais a água vindo da maré alta e das chuvas entrou por baixo dessa estrutura, pressionou e soltou as chapas de estacas de ancoragem da cunha salina no fundo da laje que suporta toda essa estrutura”, avalia. “A gente também fica surpreso com o que aconteceu, porque nem do lado da defesa Civil, nem dos projetistas, nem das empresas que trabalham aqui, nem o corpo técnico do Semasa, conseguiu averiguar essa situação porque ela estava dentro de um local fechado”, afirma.
Alerta da defesa Civil em 2019
A barragem do rio Itajaí-mirim passou por obras de contenção das encostas no ano passado, após relatório da defesa Civil do estado apontar riscos de deslizamentos. De acordo com o engenheiro Ervino Ribeiro Macedo, na ocasião foi constatado que a movimentação da água tava criando redemoinhos que começaram a “comer” as laterais do rio. Ele disse que foi solicitado parecer da defesa civil e contratado um projeto emergencial de contenção.
Na época, foram colocadas barreiras de pedras e construídas paredes de concreto nas quatro laterais do rio entre a barragem. Os muros têm de 20 a 25 metros de profundidade. Ervino destaca que, na ocasião, não foram verificados problemas na barragem. “Foi feito o que apresentava instabilidade. O resto da estrutura estava equilibrada, não tinha problema nenhum, não tinha trinca, não tinha nada que viesse a causar algum dano”, justifica.
Em postagem no fim de semana, o prefeito Volnei Morastoni (MDB) deu a entender que o rompimento poderia ser sabotagem. Segundo o diretor de Saneamento do Semasa, Victor Silvestre, a causa mais provável está ligada ao vazamento da adutora, mas que “toda hipótese é cogitada”. Victor relata que há razão para a preocupação do prefeito, pois no dia do acidente Volnei planejava visitar a estação de captação. “Foi exatamente no dia. Por pouco que ele não está ali debaixo da barragem quando acontece o problema”, afirma.
Captação é contida conforme nível de salinidade
A captação no rio Itajaí-mirim está sendo feita mesmo com a água salgada. Segundo o diretor de Saneamento do Emasa, Victor Silvestre, a captação é controlada de modo a retirar a água bruta do rio quando a maré está mais baixa e, portanto com menos sal, e reduzir a retirada quando a salinidade estiver mais alta.
Ele ressalta que a continuidade da captação foi mantida pra não deixar a cidade totalmente sem água, com impactos ainda maiores à população. “A gente teve que tomar uma decisão. Ou a cidade ficaria sem água ou ela ficaria com água mas com padrões de nível de sal acima daquilo que a gente desejava”, argumenta.
Desde o acidente na barragem, na terça-feira passada, Victor informa que o índice de sal vem oscilando. Conforme o monitoramento da salinidade, houve pico de 3725 mg/l na quinta-feira passada. O nível de sal na água aceito para consumo humano é de 250 mg/l. Os picos vem caindo nos últimos dias. Na segunda-feira chegou a 2850 mg/l e na manhã desta terça, em 1300 mg/l.
Até que o problema do sal na captação seja resolvido, o Semasa está ampliando os pontos de distribuição de água potável à população. Até ontem à tarde eram 16 locais ativados. Um dos novos locais é o mercado Público, para atender os moradores do centro, que reclamavam da falta de opção. Também foi ativado o ponto da escola básica João Paulo II, no bairro Cordeiros.
Victor esclarece que a água distribuída é de origem mineral, mas recebe tratamento com cloro pra garantir a limpeza porque fica armazenada em caixas d´água. O nome da empresa que vende a água de origem mineral não foi informado, apesar do questionamento da reportagem.
A autarquia diz que está fazendo os ressarcimentos de resistências e chuveiros. Até a tarde de terça-feira, foram 134 pedidos registrados.
A secretaria de Saneamento de Navegantes (Sesan) e o Procon de Itajaí notificaram o Semasa pedindo explicações sobre os problemas de abastecimento. A autarquia de Itajaí é responsável pelo fornecimento de água pras cidades de Navegantes e Itajaí.
A notificação de Navegantes também pede que o Semasa desconte da cobrança os dias em que a água está sendo entregue imprópria para o consumo. No documento, o Sesan ainda requer o ressarcimento de danos causados aos consumidores de Navegantes.
Conforme o assessor jurídico da autarquia de Itajaí, Anderson Carlos Deóla da Silva, o pedido de Navegantes será respondido.
Já o Procon de Itajaí notificou a autarquia pedindo esclarecimentos sobre a qualidade da água que foi anunciada como mineral e que está sendo distribuída emergencialmente à população. O órgão também fez questionamentos sobre as causas da alta salinidade na rede e também perguntou sobre o prazo para normalização do serviço.[/caption]