Em um dos casos, a vítima colocou um imóvel para alugar através do site Mercado Livre. Logo sem seguida, uma pessoa ligou dizendo a cliente receberia uma mensagem de texto pra atualização de dados do site. O golpista pedia que a vítima digitasse o código de seis números para supostamente “ativar” o anúncio. Só que este código é a verificação do WhatsApp e com ele o criminoso consegue clonar a conta da vítima.
Outra forma de iniciar a clonagem é através de links. Os golpistas enviam mensagens alegando ser de um banco e que a pessoa está com pendências no cadastro. A pessoa deve clicar no link pra regularizar o cadastro e evitar o bloqueio da conta.
No caso registrado em Itajaí, a leitora recebeu uma mensagem com um link de alguém se passando por um funcionário do banco do Brasil. Detalhe: a vítima sequer tinha conta no BB. A vítima em potencial não atualizou o cadastro e denunciou o caso ao DIARINHO.
Já um morador de Piçarras teve o WhatsApp clonado ao tentar comprar cápsulas de café, após ver um anúncio promocional no Instagram. Ele começou a seguir uma conta na rede social que estaria com promoção de cápsulas Doce Gusto.
Logo em seguida, o rapaz recebeu uma mensagem agradecendo o fato de ter se tornado seguidor do perfil. “Queremos agradecer oferecendo um cupom de R$ 200 para gastar em qualquer produto da nossa franquia. Para entrar nessa onda apenas nos informe seu número de WhatsApp com DDD”.
Assim que cliente enviou o número, o golpista avisou que enviaria um código de confirmação e pedia pra vítima informar os seis dígitos remetidos. O cliente enviou os números e a conta do Instagram começou a atualizar.
Pronto! O golpista tinha clonado o celular e começou a pedir dinheiro aos contatos da nova vítima. “Não sabemos se alguém depositou, mas estamos alertando a todos para não caírem nesse golpe”, explicava aos contatos.
Os golpistas podem variar a forma de clonar o WhatsApp, mas o objetivo é sempre o mesmo: arrancar dinheiro dos contatos das vítimas. Com o aplicativo da vítima clonado, os golpistas começam a enviar mensagens pedindo dinheiro “emprestado”.
Na maioria das vezes, o golpista pede dinheiro alegando uma necessidade urgente, que precisa ser resolvida o mais rápido possível. A promessa é que logo em seguida a grana será devolvida. Os golpistas passam o número do banco e uma agência para depósito – que nunca é da pessoa que teve o celular clonado.
Golpe em alta
O delegado Ângelo Frageli, da polícia Civil de Itajaí, conta que existem muitos BOs registrados na região sobre a clonagem. A polícia Civil não possui um levantamento de quantas queixas já foram registradas este ano, mas confirma que o crime explodiu na pandemia.
Pra evitar que as pessoas caíam no golpe, o delegado Ângelo alerta que nunca se deve clicar em links enviados para o celular. “Essa é a forma de clonagem típica. A clonagem somente ocorre se a própria vítima permitir”, explica.
O WhatsApp também tem configurações de segurança que buscam evitar a clonagem. Uma delas é habilitação de senha em duas etapas. Pra habilitar, basta clicar em “configurações”, “conta” e “verificação em duas etapas”.
Outra dica do delegado é não sair por aí depositando dinheiro sem antes conversar pessoalmente ou por telefone com a pessoa supostamente necessitada. “Sempre que algum contato solicitar dinheiro, ligue para confirmar”. Caso a pessoa tenha sido a vítima do golpe, deve entrar em contato com support@whatsapp.com e pedir a desativação temporária da conta.