Itajaí
Começaram a misturar as coisas
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Autor da denúncia por crime de responsabilidade contra o governador Carlos Moisés, a vice Daniela Reinehr e o secretário Jorge Eduardo Tasca (Administração), por equiparação dos salários dos procuradores do Estado aos da Assembleia, o defensor público Ralf Zimmer Junior pode esperar pesada bateria sobre seu passado político partidário bastante recente. Zimmer, que fez 2596 votos e ficou na condição de 15º suplente na coligação (PSDB, PPS, PTB e DC), foi candidato a deputado federal, em 2018, pelo PSDB, coincidentemente o partido para qual migrou o ex-deputado Gelson Merisio, derrotado no segundo turno da eleição ao governo por Moisés. No que pode virar um dossiê, constariam várias declarações de Zimmer de admiração por Merisio, ex-presidente da Assembleia e influente até deixar o mandato, em 31 de dezembro do ano retrasado, de que o deputado venceria as eleições, ainda na época em que era defensor-geral público do Estado, fato relatado a conhecidos, colegas de defensoria e até mesmo a deputados estaduais e ex-parlamentares. A manifestação do ex-defensor-geral pouco importa, já que fez a denúncia na condição de cidadão, porém pesa o fato dele ter pretensões políticas e isso conta no ambiente da análise pela Assembleia, principalmente diante da leitura de que as relações partidárias poderiam ter sido, ao lado do corporativismo salarial em função de ser um servidor público, uma das motivações para o questionamento enviado ao parlamento. ANTES DE DEPOIS EM CANASVIEIRAS Ficou até engraçado, mas a arte feita pela prefeitura sobre duas fotos, o famoso antes e depois, mostra o resultado do engordamento da faixa de areia na Praia de Canasvieiras, Norte da Ilha de Santa Catarina, tendo o prefeito Gean Loureiro (DEM) como personagem. Não pense que não houve polêmica, inclusive com acusações de desafetos, adversários, moradores e até turistas de o porquê das obras, realizadas por uma super draga, entrarem janeiro adentro. Só que a foto diz tudo e muitos dos que desancaram xingamentos agora aplaudem a reversão de uma situação que, praticamente, inviabilizava o turismo na praia mais procurada pelos turistas gaúchos e argentinos. O lapso de tempo entre um registro e outro é de cinco meses, capaz de dar inveja a outras cidades, como Balneário Camboriú, que optou por fazer o mesmo trabalho em ritmo mais lento e fora da alta temporada. Tática velha Tentar desqualificar o acusador ou denunciante é um dos estratagemas mais antigos no debate jurídico, principalmente na área criminal, faz parte do histórico de uma infinidade de processos, imagina então em um ambiente político. Inegável, porém, é perceber que há muitas variáveis por trás do pedido encaminhado por Zimmer Junior à Assembleia, mesmo que ele, em regra, não esteja sob julgamento. Mesmo peso Em algumas regiões do Estado, notoriamente no Meio-Oeste e Oeste, o desgaste que o governador sofreu ao defender a tributação de ICMS sobre os agrotóxicos levaria, na palavra de alguns que não representam entidades do segmento, os integrantes do agronegócio a apoiarem o impeachment e até a pressionarem os deputados da região. Seria o absurdo dos absurdos, pois o julgamento que pode vir na Assembleia refere-se ao fato concreto que motivaria o enquadramento em crime de reponsabilidade, algo que não deve ser condicionado a qualquer tipo de revanche de quem quer que seja ou sob qualquer outra razão. Começou Ex-candidato a governador em 2018, o jornalista Leonel Camasão, presidente do PSOL de Florianópolis, começou a série de ações que são previstas contra o deputado estadual Jessé Lopes (PSL), que atacou o movimento “Não é Não!”, que combate o assédio sexual no Carnaval. A desastrosa declaração de Jessé de que “assédio é um direito” e de que “massageia o ego das mulheres”, ao ignorar que trata-se de crime, renderam duas denúncias feitas por Camasão, que considera ter o parlamentar passado dos limites: uma à Comissão de Ética da Assembleia e outra à chefia do Ministério Público Estadual, à Procuradoria Geral de Justiça. Bafão no Sul O deputado federal Daniel Freitas (PSL) deveria estar em clima de comemoração por ser indicado como futuro presidente da Frente Parlamentar Mista para o Programa Espacial Brasileiro, que será lançada no dia 19 de fevereiro. Em vez disso, o parlamentar passou as últimas horas a se defender de um Boletim de Ocorrência por violência doméstica, feito em uma delegacia da Polícia Civil do Balneário Rincão, onde é apontado pela suposta vítima de agressão a uma mulher. Negativa Daniel Freitas, que foi vereador na maior cidade do Sul do Estado, nega os fatos e até o boletim de ocorrência. Nesta quarta (15), a assessoria do deputado reforçou que a informação foi destorcida. Legenda do perigo O placar é bastante negativo para o PSL catarinense ultimamente, embora Freitas e Jessé, ambos de Criciúma, estejam de malas prontas para a Aliança Pelo Brasil, partido de Jair Bolsonaro. No melhor estilo sob ataque, um governador e um secretário de Estado estão no centro de uma denúncia que pode levar ao impeachment, um deputado estadual em situação difícil por apologia ao assédio sexual e outro, deputado federal, envolvido em um rolo de violência doméstica. Sessão do descarrego neles.