Itajaí
A CPI que mostra divergências
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Quem apostou que a última sessão do ano na Assembleia Legislativa, marcada para esta quarta, teria como prato principal a discussão do relatório da CPI da Ponte Hercílio Luz, muito mais palpitante que as análises do Plano Plurianual e da Lei de Orçamento Anual (LOA), acertou em cheio. Na reunião da Comissão, no início da noite de terça, tanto o relatório do deputado Bruno Souza (NOVO), que pedia o indiciamento de 25 pessoas, entre elas diretores do Deinfra e o ex-governador Raimundo Colombo (PSD), além do ressarcimento de R$ 45 milhões – o que ficou comprovado em notas, embora o apurado seja de R$ 688 milhões de gastos com obras na ponte -, quanto o voto divergente do deputado Ismael dos Santos (PSD) foram rejeitados. Ismael pedia a retirada da conclusão do relatório de Bruno, principalmente o termo indiciamento, que sustenta que não cabe a uma CPI sugerir, ou a troca do relator caso isso não ocorresse. E foi o que acabou ocorrendo: o presidente da CPI, deputado Marcos Vieira (PSDB), usou o regimento para nomear Fernando Krelling (MDB) o novo relator e apresentar seu voto nesta quarta (18), que ainda irá a plenário durante a tarde, na mesma sessão plenária que deve encerrar as atividades do Legislativo Estadual este ano. DOIS CABEÇAS DO CONGRESSO A deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania) e o senador Esperidião Amin (PP) estão na respeitável lista dos 100 cabeças do Congresso Nacional 2019, que nomeia os 71 integrantes da Câmara e 29 do Senado que exercem real influência no processo decisório no plenário e nas comissões nas quais atuam. O influente levantamento é do DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Ambos são os únicos catarinenses nas respectivas listas. Sem esquecer que a pesquisa é referência e leitura obrigatória entre parlamentares, autoridades do Poder Executivo, dirigentes partidários, sindicais e empresariais, estudiosos, formadores de opinião e demais interessados no processo decisório no Poder Legislativo. O registro fotográfico foi feito pouco antes de iniciada a sessão conjunta das duas casas do Congresso, nesta terça (17). O ponto Krelling disse, durante a reunião da CPI, que concordava 99% com o relatório de Bruno, mas queria a retirada da expressão indiciamento, o que fez o emedebista votar duas vezes contrário ao que fora apresentado. Nos corredores da Assembleia já corria, na semana passada, que havia um substitutivo pronto, uma aposta na derrota do relatório original, mas Krelling terá que administrar algumas questões, como o fato de um ex-diretor-presidente do Deinfra, Romualdo França, que é de Joinville e ligado ao MDB, estar entre os indiciados. Dartanhan e os três mosqueteiros Os deputados Bruno Souza, Jessé Lopes, Sargento Lima e o próprio Krelling derrubaram a proposta de Ismael. O fato é que Bruno ganhou um enorme argumento para reclamar do cheiro de pizza na CPI, cujo relatório, do ponto de vista técnico, elucidou a maior parte do enigma que era o sumidouro de dinheiro público na obra, paga por todos os catarinenses. O ponto Raimundo Colombo tem o direito à homenagem por ter tirado do papel o sonho de ter a Ponte Hercílio Luz de volta à sua função primordial, transportar pessoas de um lado para outro da Baía Norte. O nome dele aparecer no relatório de Bruno Souza deu margem à interpretação do uso político da CPI, às vésperas de um ano eleitoral. De saída 1 Em comunicação cordial, que circulou nos grupos do governo catarinense, onde agradece a oportunidade que teve no governo do Estado, nominalmente ao governador Carlos Moisés e ao secretário Lucas Esmeraldino (Desenvolvimento Econômico Sustentável), o adjunto da pasta, Amandio João da Silva Junior, despediu-se da administração estadual. O pedido de exoneração de Silva Junior, natural de Rio do Sul, gerou uma onda de deduções que levavam, em um primeiro momento, a acreditar que houve um rompimento com Moisés e Esmeraldino, prato cheio para os oposicionistas, fato negado na manifestação por WhatsApp. De saída 2 Na esteira da saída do secretário adjunto, o secretário executivo de Meio Ambiente, Felipe Assunção Alencar, também solicitou a exoneração da função. A estrutura também é ligada à secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável. Polêmica O deputado Jessé Lopes (ainda no PSL) foi alvo de nota de repúdio da bancada feminina da Assembleia, com exceção da colega de bancada Ana Caroline Campagnolo. As parlamentares Ada de Luca (MDB), Luciane Carminatti (PT), Marlene Fengler (PSD) e Paulinha da Silva (PDT) consideraram apologia ao crime de estupro um post publicado por Jessé sobre o evento Performance: Um estuprador no teu caminho, que replica o movimento do grupo chileno La Tesis, e que se alastra pelo mundo contra a violência contra a mulher. O complemento No Brasil, a exemplo do que ocorreu em outros estados, as manifestantes acrescentaram à letra original uma referência ao assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL). Mas a postagem de Jessé refere-se a uma série de detalhes que as deputadas consideram ofensivos, sobre a aparência e higiene das mulheres, um ataque desnecessário que não pode ser minimizado como uma brincadeira de mau gosto devido à gravidade do fato. O deputado respondeu No mesmo espaço, nas redes sociais, Jessé disse que não “se espanta” com a posição das colegas, por “afagarem os desejos de suas militâncias em me colocarem na comissão de ética”. E complementou, ao dizer que jamais faz apologia ao estupro, que “esse é o modus operandi de censurar quem não concorda com o movimento feminista”.