Quase 10 anos após o acidente que matou o motorista Sandro Bilha, 22 anos, durante uma brincadeira de disco boat, na praia central de Balneário Camboriú, em dezembro de 2009, a família ainda espera pela indenização. O piloto da lancha que puxava o brinquedo, Vilmar Schackow Júnior, e o pai dele, o empresário Vilmar Schackow, que tocam duas marinas em Balneário, foram responsabilizados pela tragédia pelo tribunal Marítimo.
Na época, a família de Sandro relatou que o piloto deu um “cavalinho de pau” com a embarcação, o brinquedo voou e os quatro banhistas caíram do disco-boat. Pra garantir a estabilidade, o brinquedo ...
Na época, a família de Sandro relatou que o piloto deu um “cavalinho de pau” com a embarcação, o brinquedo voou e os quatro banhistas caíram do disco-boat. Pra garantir a estabilidade, o brinquedo deveria ter ao menos o dobro de pessoas, segundo apontou a investigação.
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Sandro rompeu o baço e sofreu hemorragia interna. Ele chegou a ser levado pro então hospital Santa Inês, mas não resistiu às complicações. O amigo Eduardo de Oliveira, 21, também se machucou na queda, mas se recuperou.
Segundo o advogado José Alexandro de Miranda, que defende a família, a justiça condenou os responsáveis por danos morais, em benefício da esposa, da filha – na época com cinco anos – e do pai da vítima, Elário Bilha. Os valores somam cerca de R$ 500 mil, sendo R$ 30 mil de indenização pra cada um e ainda uma pensão para a filha, hoje com 15 anos. Do montante, Alexandro informa que apenas R$ 10 mil foram pagos, por meio de bloqueio judicial.
Vilmar e o filho recorreram da condenação, mas a decisão foi mantida pelo tribunal de Justiça. Há cerca de dois anos, a justiça decidiu pela execução da dívida, mas os valores não foram pagos.
Advogado teme prescrição
O advogado diz que a justiça não consegue executar os empresários porque eles não têm bens no nome deles. Como a empresa tá no nome da esposa, o advogado busca o cruzamento de contas pra que a indenização seja acertada. Um recurso aberto junto ao tribunal de Justiça há três meses, com esse pedido, ainda aguarda julgamento.
Alexandro não acredita que a medida possa garantir o pagamento, mas destaca que é preciso movimentar o processo porque há o risco da ação prescrever. “A gente tem que estar sempre fazendo alguma coisa”, observa.
Há cerca de um ano, houve uma audiência de acordo, mas a negociação não andou porque a família não aceitou o valor proposto pelos empresários.
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Família está indignada
O pai de Sandro, Elário Bilha, 58, mora com a esposa e outros dois filhos no bairro das Nações. Ele é funcionário da companhia de Urbanização (Compur). A neta vive com a mãe, que se casou de novo, em Joinville, onde Sandro morava na época da tragédia.
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Elário conta que apenas duas parcelas da pensão da neta foram pagas, no começo da ação. “Depois, mais nada. A gente vive indignado”, afirma, destacando ter esperança de que a indenização possa sair.
A irmã de Sandro, Alessandra Bilha, 19 anos, era criança na época do acidente e agora divide os anos de angústia com os pais. Ela acusa os empresários de calote. “Eu e minha família estamos indignados, pois eles estão vivendo uma vida boa, sendo donos de um monte de coisas e dando calote em nós”, desabafa. “Meu irmão ninguém vai trazer de volta. Apenas queremos uma vida digna pra minha sobrinha”, completa.
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Empresários contestam
Os empresários são responsáveis por uma marina de jet-ski no bairro da Barra e outra de barcos na rua Dom Henrique, no Vila Real. O advogado Durval Kuehne, um dos defensores da empresa, diz que o pagamento não foi feito porque a empresa não concorda com o valor da indenização.
A contestação da execução da dívida, afirma, rola na justiça de Balneário. Ele argumenta que esses casos costumam ser demorados pelo próprio ritmo da justiça, destacando não haver prazo pra um desfecho.
O advogado adianta que a empresa pretende tentar um novo acordo com a família até o fim do ano.