Itajaí
Trabalhador é baleado por engano pelo Bope e está na UTI
Operação contra bandidos teve mais inocentes baleados; dois suspeitos foram mortos
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Uma ação do batalhão de Operações Especiais (Bope) da polícia Militar contra uma quadrilha que tentou arrombar a agência do Banco do Brasil, na madrugada de ontem, em Piçarras, terminou em desgraça. Um trabalhador foi baleado com dois tiros na cabeça e está internado em caso grave. Acompanhantes da vítima confundida com os suspeitos também foram baleados, mas passam bem. Dois suspeitos do ataque ao banco foram mortos pela PM. A PM confundiu o carro do açougueiro José Manoel Pereira, 44 anos, e atirou várias vezes. Mozeca, como era conhecido, está em estado gravíssimo no hospital, segundo a família. Os dois sobrinhos dele que estavam no carro foram baleados de raspão. Na mesma madrugada, a PM matou dois suspeitos do ataque ao BB. O tiroteio rolou após os bandidos serem surpreendidos tentando arrombar a agência do BB, na avenida Nereu Ramos, por volta das três horas da madrugada. O grupo já vinha sendo monitorado. A operação contou com a participação do grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Joinville. Os criminosos chegaram a quebrar a parede do banco. Conforme a PM, os bandidos chegaram ao local em mais de um carro. Enquanto arrombavam o cofre para botar a mão na grana, equipes do Bope deram o flagra. Os policiais dizem que foram recebidos a tiros pelos bandidos. Eles tentaram fugir pela avenida Emanoel Pinto, mas foram barrados perto da rua 900. Na troca de tiros, dois bandidos foram mortos e um teria sido baleado, mas conseguiu escapar com um comparsa. Três armas, uma pistola e dois revolveres, um Citroen preto e equipamentos usados no crime foram apreendidas. Os nomes dos dois suspeitos mortos não foram informados pela polícia. Carro de açougueiro foi peneirado Foi durante o suposto confronto entre os suspeitos e a PM que Mozeca e os dois sobrinhos foram baleados. Eles estavam numa loja de conveniência 24 horas, na avenida Emanoel Pinto, quando ouviram os tiros. Laudemir Medeiros, o Mika, estava com o tio Mozeca, um primo e um amigo no local. Com medo do tiroteio, eles tentaram fugir do local em um Siena de cor escura. Segundo a polícia Civil, eles teriam saído em alta velocidade e não obedecido a ordem de parada dos policiais. O grupo teve o carro peneirado com noves tiros de fuzil. Amigos das vítimas contestam a versão oficial. Eles disseram que os policiais estavam escondidos quando Mika e o tio corriam para entrar no carro. Quando saíam com o veículo, sofreram os disparos. Dois tiros atingiram Mozeca na cabeça. Os estilhaços ainda feriram Mika e o primo de raspão. O açougueiro foi atendido no PA de Piçarras e depois levado para o hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí. Até ontem à noite, ele estava em coma na UTI, respirando com a ajuda de aparelhos. Mozeca é açougueiro conhecido em Piçarras e completa 45 anos hoje. Um morador da rua 900 contou que ação do Bope foi inconsequente. “Botou a vida de muita gente em risco”, disse o vizinho. Ele narra que acordou com os tiros e granadas. “Parecia o Rio de Janeiro”, desabafou, frisando a quantidade de disparos. Mais de 50 policiais foram vistos na operação. Presos de graça Mika, o primo e outro ocupante do carro do açougueiro chegaram a ser presos pela PM. Eles foram liberados sem nem prestar depoimento ontem pela manhã. O delegado Wilson Masson abriu inquérito para investigar o caso. Ontem à tarde, o delegado ouviu Mika. Masson informou que a denúncia será juntada ao inquérito que apura as mortes. Os policiais militares poderão ser investigados por tentativa de homicídio ao açougueiro. O delegado informou que um dos bandidos foi preso e vai responder por associação criminosa, tentativa de furto e porte ilegal de arma. O suspeito, que não teve a identidade divulgada, disse que não estava armado. O delegado frisou que, até ontem, a maior parte das informações que tinha eram as repassadas pela PM e que elas serão checadas no decorrer do inquérito. A PM não se pronunciou oficialmente sobre a operação desastrosa.