Itajaí vai sediar a terceira parada consecutiva da maior regata de volta ao mundo, a Volvo Ocean Race  2017/2018,  daqui a seis meses. A cidade começou a ser ponto de parada da regatona em 2012 e, desde então, estreitou laços com Alicante, que é o porto de saída da regata e a sede da Volvo Ocean Race.

O prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni,  alguns secretários municipais e o secretário de Turismo de Santa Catarina, Leonel Pavan, estiveram na cidade espanhola de Alicante para participar da cerimônia da largada no dia 22 de outubro. Eles também combinaram detalhes do evento que terá Itajaí como anfitriã em abril de 2018.

A comitiva catarinense se entusiasmou com as cifras que a cidade espanhola movimenta a cada edição da prova.  Alicante fatura cerca de R$ 60 milhões de euros a cada regata, ou seja, 240 milhões de reais. Os valores englobam a ocupação de hotéis, o movimento de restaurantes, do comércio e também os impostos recolhidos.

Mas muito além do dinheiro que gira na cidade, a regata também serviu para firmar Alicante como um destino turístico e náutico importante.

A viagem foi uma oportunidade para ouvir as impressões do prefeito de Alicante, Gabriel Echávarri. Volnei Morastoni vai encarar a terceira edição da regata em terras peixeiras e a sua primeira no comando do evento. “Já sabíamos da importância da Volvo para Itajaí e Santa Catarina, mas agora estamos constatando in loco a grandiosidade da regata para as cidades que têm a sorte de abrigar uma etapa,” disse Volnei ao DIARINHO.

Já o prefeito espanhol, que foi anfitrião dos itajaienses na Espanha, explicou que a grande força de Alicante vem do mar e das atividades náuticas. “Alicante nasceu por causa do mar e é do mar que vem o nosso desenvolvimento e a nossa riqueza,”  disse o prefeito Gabriel. 

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6 BAITAS MOTIVOS PARA ALICANTE  VIRAR INSPIRAÇÃO

  • UM CONVITE AO CAMINHAR Imagine pistas rápidas e duplicadas para o trânsito de veículos, indo no sentido norte ou sul da cidade. Esta é a avenida do Conde Vallelleno. Paralela a ela, há um passeio exclusivo para pedestres fazerem uma caminhada à beira do mar. Já do outro lado da avenida, há um grande calçadão, com bares, sorveterias e restaurantes (a famosa avenida Esplanada). Há também um trecho com árvores, esculturas e banquinhos. No local funciona uma feirinha permanente de artesanato, nos finais de tarde e à noite. Artistas de rua dão o tom inusitado ao passeio. Adultos brincam com crianças, passeiam com cachorros, casais namoram e solitários se acomodam sob a sombra de árvores para ler o jornal ou um livro. Há vida a qualquer hora do dia ou da noite. Itajaí tem a linda avenida Beira Rio e o caminho de Cabeçudas, mas o calçadão do parque Odílio Garcia, em Cordeiros, poderia ser melhor aproveitado. A Hercílio Luz é outra rua que carece de urbanização para voltar a atrair as pessoas. Mais um item que merece o investimento de nossos gestores.

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• PARQUES PÚBLICOS Alicante tem dois grandes parques urbanos e públicos para orgulhosamente chamar de seus: El Palmeral, de frente para o mar, com áreas verdes e equipamentos para a prática de esportes, e o Lo Morant, perto de bairros residenciais, também com uma extensa área verde e praças esportivas. Mas a grande novidade é o anúncio da construção de um dos maiores parques públicos do mundo, numa área conexa ao parque do Palmeral. A prefeitura de Alicante está organizando um concurso público de ideias para escolher o melhor projeto para o parque, que vai ocupar uma área total de 240 mil metros quadrados. O terreno foi cedido por uma multinacional que tem uma fábrica na cidade. Os custos do parque devem ser bancados por um fundo da União Europeia, junto com a prefeitura de Alicante e a concessionária de água. Itajaí conta com o parque da Atalaia, mas tem potencial para dispor de outras áreas verdes para o lazer da comunidade. Quando será que teremos o prazer de dispor de um grande parque urbano em nosso território?

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    • COMPLEXO DE LAZER A vila da regata da Volvo Ocean Race em Alicante fica numa área entre a marina e o porto turístico, mas nem só de provas náuticas, veleiros e iates vive o espaço. O complexo abriga permanentemente restaurantes, cafeterias, discotecas, bares, lojas náuticas e até um cassino. Um grande boulevard une a avenida principal ao complexo. Do lado esquerdo ficam os hotéis mais luxuosos. Há um encantador carrossel na entrada principal, e uma extensa área para caminhar ou brincar. Com vista para o mar, o espaço é aberto ao público. No final de tarde, crianças se reúnem para ver os peixinhos na água. Dá para apreciar o lindo pôr do sol. O público também curte os bares e restaurantes especializados em frutos do mar. Com tantas atrações, a área é a queridinha de moradores e turistas. Itajaí também tem a sua marina, apesar do acesso ser restrito a donos de barcos ou clientes do único restaurante do espaço. Mas a área anexa ao Centro de Eventos está totalmente inexplorada. Fechado durante boa parte do ano, o espaço quando muito é usado como estacionamento. Ali há uma vista única para o rio Itajaí-Açu e espaço de sobra para abrigar restaurantes, bares, sorveterias, lojas e até um parque para a criançada. Um sonho e tanto para Itajaí se inspirar em Alicante e depois correr atrás.

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• PASSEIOS DE BARCOS Uma marina central disponibiliza 748 vagas para atracação de barcos de até 60 metros, mas você não precisa ser dono de um iate para curtir as águas de Alicante. A cidade também pensou nos turistas desembarcados. Há passeios pelo mar azul do Mediterrâneo em catamarãs, veleiros e lanchas que acomodam até 150 pessoas. Também é possível alugar um barco com comandante para passeios exclusivos com até 10 pessoas. Tudo depende da disponibilidade de “euros” do freguês. Um dos passeios mais populares é feito por pequenos navios com parte do casco transparente. O viajante navega observando o fundo do mar. Enquanto curte as paisagens, há opção de fazer refeições a bordo e também de tomar aperitivos. Praias bonitas e de água clara Itajaí também tem. Além de um rio navegável com uma paisagem única dos portos e estaleiros da região. Já pensou o dia que Itajaí dispor de excursões de barcos também? Está na hora né?!

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• PORTO DE CRUZEIROS Alicante é um porto de cruzeiros movimentado da Europa. A cidade recebe cerca de 100 mil turistas que chegam a bordo de uma média de 80 navios, todos os anos. Há paradas de navios populares e também de linhas de cruzeiros sofisticados e exclusivos. Os visitantes são atraídos pela arquitetura de estilo barroco, as águas cristalinas do Mediterrâneo e quilômetros de praias paradisíacas com uma galera moderninha, o topless, por exemplo, é aceito de boa. Alicante também tem um movimentado cassino e muitas opções de bares e restaurantes. O castelo de Santa Barbara é a mais famosa atração. Situado a 166 metros de altura, com uma vista que proporciona um “360 graus da cidade”, tem museu com objetos arqueológicos da Idade do Bronze e também da época romana. Elevadores levam os visitantes até o alto do castelo saindo do calçadão da praia. Uma boa inspiração para Itajaí que tem um inexplorado Morro da Cruz, além de praias agrestes e urbanas, um Canto do Morcego ainda fechado para visitação e a praia Brava tal qual uma joia rara.

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• ESCOLA NÁUTICA MUNICIPAL Só durante a etapa da regatona da Volvo, 3000 alunos da rede de ensino de Alicante participaram de atividades esportivas e lúdicas. Provas de vela, visita à vila da regata e estandes exclusivos para a criançada foram algumas das atrações gratuitas. A prefeitura de Alicante promove durante todo o ano cursos de vela, de remo e de padel surfe para crianças de oito a 12 anos. As mensalidades têm o valor simbólico de 25 euros, ou 100 reais mensais. As crianças praticam quatro horas de esportes náuticos semanalmente. Por aqui, a ANI (Associação Náutica de Itajaí) faz um trabalho solitário e se destaca especialmente com a criançada carente. Temos a Beira Rio como uma sala de aula natural para os esportes náuticos. Falta a prefeitura dedicar mais investimentos às práticas náuticas. As próprias classes de educação física da rede municipal poderiam privilegiar atividades que aproveitassem a nossa geografia. O rio e o mar estão à disposição o ano inteiro.

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Prefeito está de olho na cidade espanhola

O prefeito Volnei Morastoni afirmou ao DIARINHO que fez a viagem a Alicante observando tudo de bom que a cidade espanhola tem como exemplo. “Temos uma geografia que se assemelha muito a Alicante, cidade que vive em sintonia com o mar e que aproveita a sua vocação náutica. Itajaí tem rio, mar, uma marina. Planejamos um complexo turístico junto ao Centreventos. Temos o nosso Morro da Cruz, queremos um Mirante do Morcego e até mesmo um teleférico como equipamentos turísticos,” comparou Volnei. O governo do estado de Santa Catarina e a prefeitura de Itajaí já entregaram uma carta de intenções à direção da regata manifestando interesse em firmar Itajaí como parada da Volvo também nas duas próximos edições do evento. O prefeito Volnei diz que a cidade vai continuar investindo em turismo. “O Brasil recebeu seis milhões de turistas nas Olimpíadas de 2016. A Espanha recebeu 80 milhões no mesmo ano. Isso mostra que o turismo é ainda pouco explorado no Brasil. Por isso, Itajaí vai fazer a sua parte. Queremos os transatlânticos de volta, investimos na Marejada e na Volvo. Mas investimos pouco dinheiro público, pois fomos atrás de patrocinadores e conseguimos assim bancar os dois eventos,” completou o prefeito.

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Alicante teve 
100% de ocupação
 da rede hoteleira 
durante a Volvo

A etapa da Volvo Ocean Race, mais uma vez, ocupou todos os leitos da rede hoteleira de Alicante: oito mil vagas em hotéis e oito mil apartamentos turísticos locados durante a passagem da regatona. “É o evento mais importante que temos a nível de promoção internacional. Ele nos coloca no mapa de turismo e fideliza Alicante como um destino turístico no mundo,” explica Eva Montesinos, secretária de Turismo da cidade espanhola. Ela explica que há um esforço da comunidade para engajar todos os setores prestadores de serviços. O comércio, por exemplo, deixou de fechar aos domingos durante a regata. Tudo para que os visitantes tivessem um incentivo a mais para deixar seus euros no comércio. Foram disponibilizados 1000 policiais (entre a Polícia Nacional, Guarda Civil, polícia local e seguranças privados) que trabalharam especialmente preocupados em eliminar qualquer ameaça terrorista. No dia da largada, até o pai do rei da Espanha, Juan Carlos, esteve prestigiando a prova e tudo se deu num clima de tranquilidade. A prefeitura ainda tinha um grupo de 20 pessoas trabalhando exclusivamente para a organização do evento. Outros 250 voluntários atuaram na vila da regata e 100 empresas foram contratadas para fazer funcionar a vila que tinha cerca de 40 mil m2 de área. “Alicante já era um destino turístico antes da Volvo, mas se transformou a partir da regata. Itajaí está indo para a sua terceira etapa. Houve umamadurecimento do setor hoteleiro, gastronômico e do setor de serviços. Vamos evoluir ainda mais e o comércio vai entender que é um público diferente e que temos que prestar um bom serviço. Vamos chegar lá,” diz o secretário de Turismo de Itajaí, Evandro Neiva, analisando o exemplo de Alicante. Itajaí, desde a primeira etapa da regata, em 2012, começou a registrar uma modernização do setor hoteleiro. “São novidades em nove hotéis, que ou chegaram à cidade ou promoveram reformas e ampliaram a gama de serviços,” completa o prefeito Volnei. A prefeitura de Itajaí planeja um monumento à Volvo para que a cidade absorva em tempo integral o que a regata significa. Em Alicante, o complexo da marina abriga o museu da Volvo Ocean Race, que conta a história da competição. O museu fica aberto o ano inteiro e é único em todo o mundo.