Itajaí

Entrevistão com o jornalista Nilson Lage

“Um estado riquíssimo como Santa Catarina entrar com uma ação na justiça para não pagar salário de mil reais a professor? Isso é nojento!”

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

RAIO-X

Continua depois da publicidade

Nome: Nilson Lemos Lage

Já tem cadastro? Clique aqui

Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais

Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!

Nome: Nilson Lemos Lage

Continua depois da publicidade

Naturalidade: Rio de Janeiro/RJ

Idade: 74 anos

Continua depois da publicidade

Estado civil: casado, pai de quatro filhas

Formação: cursou Medicina, mas não conclui; formado em Letras (Português-Russo) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1977); mestrado em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1978) e doutorado em Lingüística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1986).

Trajetória profissional: atuou como jornalista no Jornal do Brasil, O Globo, Última Hora, Manchete e na Televisão Educativa do Rio de Janeiro. Também trabalhou nas assessorias de comunicação da Estrada de Ferro Central do Brasil, Caixa Econômica Federal e Eletrobrás. Foi professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal Fluminense. É autor de seis livros, entre eles Estrutura da Notícia, Linguagem Jornalística, Controle de Opinião Pública, Os Grandes Enigmas de Nossa História, A Reportagem: teoria e técnica da pesquisa jornalística e Teoria e Técnica do Texto Jornalístico. Recentemente, foi diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Nilson Lage poderia ter sido médico ou até investido em uma carreira militar. Porém, por um capricho do destino, seu primeiro emprego foi na redação de um jornal. Desde então, nunca mais abandonou o jornalismo. Ora nas redações, depois nas universidades, onde seguiu carreira como professor, Lage nunca abandonou uma postura crítica e ética diante da vida profissional. O carioca da gema, após passar pelo Jornal do Brasil, Última Hora, O Globo, e pela Universidade Fluminense, escolheu Santa Catarina para viver, - onde fez história como professor da Faculdade de Jornalismo da Universidade Federal.

Na fria noite de segunda-feira, dia 6, ele recebeu em sua casa, no sul de Floripa, as jornalistas Franciele Marcon e Samara Toth Vieira. Sem papas na língua, como de costume, fez críticas a Santa Catarina. que considera um estado oligárquico e provinciano - onde professor tem que fazer greve para garantir salário de mil reais. Também não fez rodeios para criticar o empresariado, a classe política e para analisar a atual conjuntura mundial, tecendo comentários sobre a invasão na Líbia, a morte de Osama Bin Laden e a influência americana que “contamina” o Brasil. Como não podia deixar de ser, avançou sobre questões polêmicas do jornalismo, como o suicídio e a câmera escondida. O Entrevistão se transformou numa aula recheada de boas histórias. O registro fotográfico é de Minamar Júnior.

DIARINHO – O senhor definiu o jornalismo como o conjunto de técnicas para prover o público com informação. Também disse que já teorizaram muito sobre o tema. Por quê?

Continua depois da publicidade

Nilson Lage: A função do jornalista é transmitir informação. Basicamente: transmitir informação para uso social. Nas pequenas comunidades a informação flui com muita rapidez. Você sabe que em qualquer sociedade pequena um boato se espalha com uma rapidez enorme. Quando essa sociedade cresce, aparecem os intermediários. Isso evolui em uma estrutura organizada para o jornalismo. Você tem o que acontece e a versão do que acontece. A versão vem colada na informação. É impossível você dar uma informação sem, de alguma forma, ter uma versão. Quando você lia o texto sobre a prisão de um bandido em 1900, a linguagem, as implicações que estavam ali eram completamente diferentes das de hoje. Mas não se pode atribuir ao jornalista a intenção de guiar as massas. Existe uma ideologia geral, todo mundo sabe disso. Essa ideologia perpassa à sociedade. O jornalista se submete a isso, como todos os outros se submetem. Todos nós nos submetemos à ideologia dominante. A gente se veste de acordo com a ideologia dominante, fala de acordo com a ideologia dominante, faz tudo de acordo com o discurso da ideologia dominante. Agora, as organizações empresariais de jornalismo, são, necessariamente, na estrutura liberal, vinculadas ao próprio poder econômico. Não há outra forma. Não tanto pelo anunciante, mas nas grandes estruturas mais pelos banqueiros. Muito mais pelos banqueiros e pelos fornecedores de tecnologias, principalmente no caso da televisão. Quem tem a tecnologia, tende a ter o comando do processo.

DIARINHO – Se a função do jornalismo é transmitir a informação, o que é a notícia?

Nilson: A notícia é uma informação considerada nova por quem a recebe. A notícia tem sentido de news, ou seja, é a coisa nova. Mas não significa que ela seja recente. Ela é nova da perspectiva de quem recebe – o sujeito não sabia e ele a recebe. A notícia é um relato de uma coisa nova. [O que a gente vê nos jornais são notícias?] Olha, hoje, nos jornais, notícia é o que menos importa. Porque a notícia pura, a informação, circula inicialmente por televisão, rádio, e-mail. Importa muito mais a leitura que você faz pra sua versão ou interpretação.

No caso da América Latina, em qualquer país da América do Sul, a grande imprensa defende os interesses dos Estados Unidos. Onde estiverem os interesses dos Estados Unidos está posicionada a imprensa da América do Sul. [Por interesse econômico?] Um pouco por interesse econômico, porque há uma tradição de financiamento, um pouco porque a origem da imprensa é nos negócios de exportação. Um pouco porque os americanos foram os introdutores da publicidade moderna e detém tecnologia. Um pouco porque eles foram hábeis o bastante para montar uma estrutura de poder articulada nas grandes empresas, e porque, a partir da década de 60, principalmente, eles despejaram na América do Sul uma política de penetração violenta porque temiam a Revolução Cubana. As escolas de comunicação, na cabeça dos americanos, nasceram para impedir que o quixotismo dos jornalistas levassem a América Latina ao comunismo. Coisa que só existe na cabeça dos americanos, porque o partido Comunista do Brasil realmente não teve a menor importância. Sempre foi um partido de classe média. Os quadros do partido comunista sempre foram de intelectuais ou militares.

Continua depois da publicidade

DIARINHO – No artigo “À frente, o passado”, o senhor traça um panorama das redações dos jornais no início da década de 50, quando teve início uma modernização na imprensa brasileira. O senhor separa os jornalistas, neste mesmo artigo, entre os jornalistas de verdade e os falsos jornalistas. Ainda existem falsos jornalistas nos dias de hoje?

Nilson: Na década de 50, você tinha o jornalista de verdade, que era o que produzia o jornal. Você tinha o falso que, ou coletava anúncio, ou era intermediário de negociatas. Você sabe que a imprensa é um espaço de corrupção. A corrupção cerca a imprensa. O jornal, a medida que você tem o “poder de jornal”, tem sempre alguém querendo te comprar para alguma coisa. Na década de 50, você tinha o jornalista, o corretor de anúncios, que se dizia jornalista e influía na redação, e tinha o sujeito que era o picareta. [Com a modernização da imprensa foi extinta essa figura do falso jornalista?] Ainda existe, só que é mais profissional. No jornalismo esportivo, eu conheço pessoas que promovem jogadores com contrato de gaveta. Percorrem o interior, pegam um jogador que joga bem e fazem um contrato de gaveta com ele. Quando chega janeiro, que não tem futebol, tá vazio, começam a promover o garoto. Tem isso, mas isso tem em todos os lados, não é só com jornalista. Advogado! Advogado, meu Deus, Deus que me perdoe... Isso é a natureza humana.

DIARINHO – No mesmo artigo o senhor conta sobre uma greve iniciada no Jornal do Brasil, mas que se alastrou pro Globo, Correio da Manhã, Diário de Notícias, entre outros jornais. O que os jornalistas, entre eles o senhor, conseguiram nessa paralisação?

Continua depois da publicidade

Nilson: Essa greve foi justíssima. Ela não começou no Jornal do Brasil, começou nem sei aonde, mas passou pelo Jornal do Brasil. Eu era, na época, secretário do Jornal do Brasil. Nós resolvemos rasgar as matérias. Pegamos as matérias todas e o jornal não saiu. A situação era a seguinte: nós tínhamos um salário. Vamos supor: cinco mil, mas na carteira era registrado R$ 500. Quando chegava férias ou 13º não pagavam o salário por fora. Era só os R$ 500. Isso representava um prejuízo cavalar pra gente. Isso era uma das coisas, outra era a nossa luta pela profissionalização do jornalista. Na primeira metade do século 20, no Rio, São Paulo, acontecia o seguinte: os jornais empregavam o Joaquim, repórter, e ele trabalhava e ganhava um salariozinho. Joaquim começa a aparecer, trabalhar bem, ia pedir aumento de salário. O patrão dizia: “não tem problema, arrumo pra você um bico no IBC [Instituto Brasileiro de Claquete]”. Ele arrumava um trabalho, o Joaquim nunca ia lá, só ia para receber o cheque. O Instituto Brasileiro de Claquete tinha uma redação de centenas de jornalistas, que nunca foram lá. Isso era a maneira que o jornal assalariava o repórter para trabalhar lá, através de empregos públicos. Nós lutávamos para não acontecer esse tipo de corrupção. [E teve resultados?] Nós conseguimos imediatamente. Foi realmente uma tragédia grega, os que lideraram a greve, eu inclusive, os jornais resolveram não empregar nunca mais. [Vocês foram demitidos?] Todos demitidos. Os jornais resolveram não empregar a gente nunca mais, mas acabaram empregando. No meu caso quem furou foi o Samuel Wainer, que não estava no esquema. Era de outra política e me contratou. Aí fui para o Última Hora. Um mês depois estava trabalhando. Depois fui para O Globo, agora sempre pagando o preço disso. Quando estava no Globo, o Rogério Marinho, irmão do Roberto Marinho, exigiu que eu apresentasse um atestado de ideologia. Eu era editor político. Eu realmente apresentei o atestado de ideologia, porque eu tinha sido investigado. Mas mesmo assim ele não se convenceu. Pode-se dizer que o Roberto Marinho era inteligente, mas os irmãos dele eram umas bestas totais. Tanto o Ricardo, quanto o Rogério. O Ricardo adorava ser chamado de presidente da Cultura Inglesa, mas nem falava inglês o desgraçado. [O senhor acha que os jornalistas de hoje nadam conforme a maré?] Os grandes jornais, sobretudo, vêm fazendo uma limpeza ideológica, como eles dizem, limpeza étnica. [Mas de que forma?] Qualquer pessoa que tenha ideias que desafinem com as da empresa, começa a ser colocada para os cantos. Se você falar não vou fazer uma matéria, fica feio... “Não vou fazer isso porque é contra os meus princípios”; é difícil. Por outro lado, os que se destacam e se mostram dóceis têm carreiras maravilhosas.

DIARINHO – No que consistiu a campanha movida contra os idiotas da objetividade?

Nilson: Isso foi o seguinte, quando foi feita a reforma no jornal do Brasil, isso afetou aquela estrutura da redação que existia antes. A estrutura que já era consolidada há muitos anos. Um conceito de jornalismo, que hoje está retornando, que é um jornalismo declaradamente opinativo, que se fazia no começo do século. Então o texto era literário ou imbecil. Geralmente, era imbecil. Porque a tentativa de fazer literatura, na velocidade que sai o jornal, sai uma porcaria. E era porcaria o tempo todo. A história da degradação do texto, na imprensa brasileira, segue um ciclo. Na época do Império, a imprensa era suportada pelo mecenato. O imperador era o mecenas. Os jornalistas então eram sujeitos intelectuais. Era Machado de Assis, era Raul Pompéia, pessoas de bom nível. Quando houve a República, houve a capitalização dos jornais. O mecenato desaparece e os jornais partem para o mercado. As redações foram invadidas por corretores de anúncios. Foi o período que surgem aquelas coisas muito engraçadas: “o indigitado assassino”. Agora, voltou esse “suposto”. Os advogados exigem ser “suposto”. Isso é uma imbecilidade. Tudo que está no jornal é suposto. O jornal não pode provar nada, não é obrigado a provar nada. Só em cabeça de advogado cabe uma besteira dessas. São uns imbecis, empombadíssimos e estúpidos. Isso aqui [mostrando a edição do DIARINHO] não tem valor documental nenhum, mas eles pensam que tem. Na realidade eles não pensam, eles reproduzem a sua própria estupidez.

DIARINHO – Quando o senhor deixou as redações? Sente falta do dia-a-dia de um jornal?

Nilson: Isso foi em 1975. Era uma profissão, vamos supor, em que você ganhava R$ 30 mil. Perde o emprego, passa a ganhar R$ 2 mil, R$ 3 mil. Você quer ter uma vida estável. Por outro lado gosto de estudar, ter alunos. Então, eu resolvi me dedicar a estudar este negócio. [O senhor pediu demissão do jornal?] Não, eu saí do Globo em um episódio engraçado. Eu era editor de política e tinha uma reunião de pauta, diariamente, às 16h. Eu fazia mestrado na época. Tinha um professor estrangeiro que dava uma aula que terminava às quatro da tarde. Eu saía da aula 15h50, chegava no jornal 16h10. Chegava sempre um pouquinho atrasado. Peguei um funcionário e pedi pra abrir a reunião que eu chegava logo em seguida. O diretor, na época, me chamou e disse: “Você não pode chegar atrasado e tal”. Daí ele me falou: “Eu não fiz segundo grau, porque você quer fazer mestrado?!”. Daí eu fui embora! Eu fui pra outro jornal, enchi meu dia de aula, chegou época de dar 60 aulas por semana, para o salário ficar mais perto do que ganhava no Globo. Trabalhava nas duas universidades federais e numa porção de escolinhas. [Quando o senhor veio para Santa Catarina?] Eu vim para Santa Catarina em 90, quando completei 37 anos de serviço. Eu comecei a trabalhar em 54, contando o trabalho no serviço militar. Em 90 eu me aposentei. Eu tinha uma empresa pequena e tinha a aposentadoria, então dava para alguma coisa. Então começou o pessoal daqui, basicamente o Scotto e o Eduardo, o Magrinho, que começaram a me chamar para fazer palestra aqui e tal. Abriu uma vaga para titular na universidade [Federal de Santa Catarina], eu fiz o concurso e mudei para cá. Peguei este novo emprego. [Aqui em Santa Catarina nunca pensou em trabalhar em jornal?] Não, eu vim aqui com dedicação exclusiva à universidade. Eu vim aqui como uma espécie de “monstro sagrado”, não seria bem recebido em jornal, até porque jornalista tem isso. Santa Catarina é um estado provinciano ao extremo nessas coisas, extremamente fechado. Então não me aproximei. Primeiro, que ninguém me chamou, e eu não vou me oferecer. Segundo, realmente, não sei o que poderia fazer. [Aceitaria trabalhar em jornal novamente hoje em dia?] Na altura da vida que eu estou, teria que escrever artigo. Mas também ninguém me pediu pra escrever nada, então não vou escrever. Escrever de graça também não escrevo. Alias, é uma das minhas razões de briga com a academia. Você sabe que artigos científicos são feitos assim: você escreve, e submete a uma revista internacional. Pra submeter a essa revista, você tem que escrever em inglês, dentro dos padrões que a revista exige. Você manda o artigo e ele é submetido a um conselho. Aí, aprovam o artigo. “Que bom, aprovaram o seu artigo...” Tudo bem, aprovaram o seu artigo e agora você vai pagar para publicar. Depois eles vendem o seu artigo. Eu não vou pagar pra publicar nada que eu tenha escrito na minha vida. [risos].

DIARINHO – Quando o senhor decidiu não ser médico e seguir a carreira de jornalista?

Nilson: Eu não decidi. A gente não decide nada na vida, a vida é que decide pela gente. Eu estudava medicina, por influência de um senhor que era médico e pessoa extraordinária, eu era amigo dos filhos dele. Me interessava muito a psiquiatria. Fui estudar psiquiatria e na época ela se dividia em duas vertentes: psicanálise ou partia para um procedimento extremamente invasivo, basicamente o choque. Choque elétrico ou choque insulínico. Na época também começava-se a falar na lobotomia frontal. Eram duas hipóteses e eu, evidentemente, não tenho vocação para açougueiro, fui pegar a psicanálise. Li o Freud todo, li com o maior cuidado, e achei aquilo absolutamente inconsistente. Uma teoria construída no fim do século 19, com base em informações parciais, sem condição e sem estrutura de informação suficiente. O cara era inteligentíssimo, mas trabalhava com uma massa de informação muito pequena. Você não pode construir um edifício com dois sacos de areia. E ele tava construindo um edifício com dois sacos de areia. Aquilo era todo um modelo imaginário, concebido por meio de uma experiência clínica histórica, mas aplicada naquela sociedade onde ele estava inserido. Tanto que quando foi aplicada na África não deu certo. Mas eu levaria a medicina até o fim, meu pai tinha interesse enorme nisso. Meu pai era operário, custou um esforço danado para eu entrar naquele negócio. Mas acontece que meu pai teve um derrame, teve que ser internado. O patrão dele, não muito diferente dos patrões em geral, passou uma rasteira nele, e eu tive que responder pela família. Daí fui trabalhar, fui trabalhar em jornal. Eu tinha uma gramática, um texto... Eu fiz um segundo grau fantástico e não errava jamais a gramática. Na minha época, no colégio Militar, cada erro de português era um ponto a menos. Então ninguém errava aquele troço. Você lia e escrevia 20 vezes, para ver se a sintaxe tava certa, se a concordância tava certa. Eu pensei em ser revisor, porque eu não conhecia a profissão. Daí eles falaram: “revisor não, você vai lá para a oficina”. Você vai para a redação. Fui para a redação e comecei a trabalhar.

DIARINHO – O senhor falou que fez um segundo grau ótimo. Como o senhor analisa hoje o ensino público no Brasil?

Nilson: Olha, o ensino, não só o público, todo o ensino, é muito ruim. Por diferentes motivos. O primeiro deles é a grande ampliação do número de alunos. A questão da quantidade, causou a diminuição da qualidade. Eu estudei no colégio Militar do Rio de Janeiro em 1950. Oito anos de inglês, sete anos de francês, dois anos de espanhol, seis anos de latim, um ano de grego. A matemática era dada em quatro disciplinas, português era dado com base na análise sintática de Camões. O tempo todo era análise sintática articulada com latim. Ao mesmo tempo, história. Vou dar um exemplo: colégio Militar, em 1958, o professor manda ler o Manifesto do Partido Comunista de 48, e o prefácio de uma peça de Bernard Shaw [dramaturgo irlandês]. Depois vinha o relatório: com base na literatura dos textos lidos, aponte as diferenças entre eles, em tópicos científicos. Faz uma prova dessa, na universidade, hoje!

Por que estão bombardeando a Líbia? Razão simples, a Líbia é um grande fornecedor de petróleo para a Europa e é liderada pelo Kadafi, que é um ditador nacionalista. Bem no modelo árabe. Estranho, esquisito, mas é. O Kadafi, quando teve a União Soviética, ele tentou enfrentar e não pode, fez um acordo e estava tudo bem. Mas nunca superou isso. Porque o papel que cabe a quem cede ao império, é o papel altamente secundário. Papel de servil, e ele nunca aceitou isso direito. Quando apareceu o BRIC: Brasil, Rússia, Índia e China, ele pensou: “Petróleo pra China, empresas de construções civis brasileiras, tecnologia russa, remédios indianos...”. Tá bom, aí invadiram o país dele.

DIARINHO – Como professor o senhor nota que os alunos chegam mal preparados à universidade?

Nilson: O segundo grau é uma merda. É o pior! É onde a coisa pega, porque mesmo bom aluno, você dança naquele negócio. São currículos do século 19, uma física do tempo do mecanicismo mais primário; o mundo mudou. Isso é no mundo todo. Estados Unidos tem muito disso. Aqui, especificamente, o ensino médio quando é de responsabilidade do estado, costuma ser horrível. O de Santa Catarina não é diferente dos outros, é muito ruim. Já o ensino público de orientação federal é bom, relativamente bom. O caso das escolas técnicas, colégios militares, que tem um certo padrão. Não é o ensino público que é ruim, é um segmento do ensino público entregue a políticos oligárquicos, que não tem compromisso com a população. Pessoas que não percebem que a instrução é condição básica para o desenvolvimento econômico. Uma cultura acostumada a comprar tecnologia e aplicar, mandar o peão fazer. O Brasil é um país peculiar. A chamada burguesia brasileira, a classe empresarial brasileira, não tem consciência empresarial. Tudo que deu certo no Brasil foi estatal. Petrobras, Embraer, sistema de telecomunicação, sistema elétrico, hidroelétrico, mineradoras.

Os estados são governados por políticos que tem cabeça de alfinete. Não pensam neste nível. A imprensa é totalmente dependente dessa gente. Eu agora estou abismado, deve ter dado um surto: a RBS está apoiando a greve dos professores! Coisa inacreditável! Não é normal. É sinal que a coisa anda muito séria. Que o analfabetismo tá muito grande. O Moacir Pereira, se deixassem ele trabalhar, faria coisas maravilhosas, mas não deixam. Esse tipo de coisa é típico de oligarquia.

DIARINHO – O Cristovam Buarque tem um projeto de lei que prevê que os filhos de todos os parlamentares seriam obrigados a estudar em colégios públicos. O senhor vê isso como uma saída viável para se investir em educação no Brasil?

Nilson: Não. Eu acho que não. Ele vai botar em uma escola pública sensacional, que vai ser feita pra filhos de políticos. Então não vai resolver. O Cristovam Buarque é um homem que gosta dessas coisas, um homem de efeito. É o tipo de sujeito que solta as coisas e não vê muito bem o que está soltando. É só a ideia que faz mais sucesso na mídia...

DIARINHO – O que o senhor achou da iniciativa do MEC de através de apostilas dar a mesma importância à linguagem oral e a formal?

Nilson: É um erro! A linguagem coloquial tem seu lugar, a linguagem formal tem outro. A função da escola é ensinar a linguagem formal. Ela não tem nada com a linguagem coloquial. A partir do princípio que estamos em uma sociedade real, onde se você sabe a linguagem formal você tem acesso... Se você não sabe a linguagem formal, você não tem acesso. Acabou-se! A linguagem coloquial existe coloquialmente, ela é respeitável em seu espaço. A função da escola não tem nada com isso. Eles, os idiotas dos lingüistas, reproduzem isso como se fosse ciência. Achando que estão eliminando as distinções sociais. A distinção social não é dada pelo discurso, é dada pela realidade. Vai dizer que a razão da diferença entre um garoto com deficiência mental e um garoto sem deficiência é o preconceito? Não é! É uma deficiência pô, que tem que ser reconhecida como tal, e dar o espaço a ela. Respeitá-lo dentro do quadro de deficiência dele. [A mídia diz que essa tentativa de banalização da importância da linguagem formal é um projeto político do PT...] É um projeto político da esquerda internacional. Que é uma esquerda financiada pelos grandes grupos econômicos, através das ONGs. Uma esquerda criada pra incorporar os remanescentes dos partidos comunistas. Uma esquerda que defende a mulher -, mas ninguém tem nada contra a mulher. Defende as raças, - mas ninguém tem nada contra as raças. Quanto mais dividir, melhor, mais eles dominam. O antropólogo é cientista pra falar disso? Aliás, antropólogo é cientista?! Duvido! Duvido! Duvido! O sujeito que vai em uma aldeia indígena e veste o índio, diz ao índio que existe um Deus único e quer manter a cultura do índio, é um idiota. Ele acabou com a cultura do índio!

DIARINHO – O senhor é casado com uma mulher negra. O que o senhor acha da previsão de cotas para negros nas universidades?

Nilson: Bobagem! Primeiro, ajuda a esconder a deficiência do ensino médio. Segundo, desmoraliza o profissional negro. [Mas não seria uma forma de compensar a população negra pela exclusão causada pela escravidão?] Compensar o raio que os parta! Não se compensa o passado. Eu lá tenho culpa do que a igreja fez com os índios em mil setecentos e não sei quanto?! Do que a inquisição fez com os infiéis?! Eu não tenho nada com isso! Era outra gente, outro momento. O que os alemães de hoje têm a ver com o nazismo? Se a culpa se herda, vamos simplesmente exterminar os filhos de facínoras. [Mas não seria uma forma de incluí-los, então, já que a gente percebe dentro das universidades que a maioria dos estudantes é branca?] Isso sim. A maneira mais correta de incluí-los é ter uma política integrada em que até pudesse entrar cotas, mas digo até. Não só isso. Você teria que ter uma melhoria geral no ensino médio. Um sistema de reforço específico para os alunos que entram. Você teria que ter toda uma estrutura que não tem. Você coloca um sujeito sentado lá na universidade e o professor falando coisas que ele não entende. Neste contexto vamos discutir. Agora não adianta criar cota pra resolver o problema, que não resolve. Não resolve, você transfere para a universidade. O primeiro joga pro segundo, o segundo joga pro terceiro, e o terceiro joga pro pobre do cliente que será atendido por aquele profissional mal formado.

DIARINHO – Hoje o senhor faz parte da rede social do twitter. Mas já afirmou que as redes sociais são, muitas vezes, redes individuais, porque as pessoas as usam em prol de um interesse individual e não coletivo... De que forma o senhor utiliza o twitter?

Nilson: Na época que eu falei isso, não havia redes sociais, era outra coisa. Falava-se do e-mail como instrumento de comunicação de massa. E o e-mail não é um instrumento de comunicação de massa porque é simplesmente de utilização pessoal. Rede social é outra coisa completamente diferente. A gente fala uma coisa e o mundo muda. [Recentemente, o senhor causou polêmica no twitter ao falar que o jornal Diário Catarinense não era um jornal contestador...] Não é contestador, no máximo ele pode ser questionador. Mas contestador... O que ele está contestando? Você contesta o que? A BR-101 que é o grande problema dele?! A crônica da BR-101. Quando alguém escrever a crônica da BR-101 vai ter que escrever sobre o DC. O Diário Catarinense deu uma melhorada, tá melhor do que era antes. Houve uma época que não dava pra ler. Agora dá. Tem algumas coisas interessantes, poucas, mas têm. Poderia ser bem melhor. Mas de qualquer maneira, dentro da RBS é uma boa coisa. Dentro do que ela alcança fazer. Mas é o tal negócio: contestador? O que é contestar? Contestar seria dizer sobre o Luiz Henrique [ex-governador de Santa Catarina] o que eles estão dizendo agora, e não disseram quando ele era governador. Isso teria sido contestador. Contestar o passado é fácil. Contestar seria, por exemplo, defender uma política de ensino muito antes de acontecer isso que está acontecendo agora com a greve dos professores. Um estado riquíssimo como Santa Catarina, a maravilha do sul maravilha, entrar com uma ação na justiça para não pagar salário de mil reais ao professor? Isso é nojento!

DIARINHO – E o programa CQC é contestador? Ele é considerado jornalismo para o senhor?

Nilson: O CQC é um programa comediante, faz um programa humorístico. Eu acho as piadas deles muito grosseiras. Mas eu também acho que fazer piada hoje é quase impossível. Porque qualquer coisa que você diga é politicamente incorreto. [Corre o risco de acabar a liberdade de expressão?] Nós estamos perdendo todas as nossas liberdades. Você tem que apresentar duas vezes a carteira de identidade para entrar em um avião. Por causa de um terrorista que está ameaçando a porra de um poder, que você não tem nada a ver com ele. É terrorista contra terrorista, porque quem bombardeia cidade é terrorista também. Ninguém mandou se meter na vida dos outros. Você espeta e tem sempre um maluco que vai te espetar também.

DIARINHO – Os principais jornais do mundo noticiaram a morte de Osama Bin Laden como um triunfo; uma vingança justa. Como se a morte dele fosse justa e justificável. Como o senhor vê este posicionamento?

Nilson: Você está justificando um assassinato. Um presidente da República declara que ordenou a execução, através de uma tropa armada, de um sujeito desarmado, sem direito de defesa. O nome disso é assassinato, tecnicamente. [Quando os jornais apoiam isso, editorialmente dizendo que é legítimo, o que resta pra gente enquanto jornalista?] O problema é que os americanos disseram que era isso. Então é isso. A imprensa brasileira é subsidiária do pensamento americano, ela não tem nada com o Brasil. Ela circula no Brasil, mas não tem nada com o Brasil.

DIARINHO – As TVs têm usado cada vez mais o recurso da “câmera desligada”, ou seja, o entrevistado não sabe que está sendo gravado, e é instado a fazer comentários que acredita ser em off. Depois as imagens são exibidas em telejornais. O que o senhor acha desse tipo de jornalismo?

Nilson: Aí é uma questão ética e depende muito das circunstâncias. Há situações específicas em que se justificaria. Diante de um escândalo público. Diante de uma situação que, realmente, seja uma coisa absurda. Você não vai fazer um negócio deste para um cara contar como ele transa com a mulher dele. Agora, você vai fazer um negócio deste se o cara está dizendo que vai falsificar o lote de cinco mil caixas de remédios distribuídos às crianças. [Há uma banalização do recurso pela TV?] Eu acho. Estão usando demais, mas são certas deformações que estão sendo implantadas. Uma delas é o tal jornalismo investigativo da maneira que estão pensando. Jornalismo investigativo é uma coisa muito séria, mas é basicamente um trabalho intelectual. Jornalismo investigativo é o levantamento de dados, frequentemente utilizando dados numéricos, com o recurso da estatística, como a coisa manda.

DIARINHO – O senhor foi professor de alunos ilustres, como a Fátima Bernardes, apresentadora do Jornal Nacional. Está satisfeito com o papel informativo dos veículos de massa?

Nilson: Eu não diria que a Fátima Bernardes é ilustre. Mas em todo o caso... Eu gosto muito dela, mas não diria que é ilustre. Ela tem um bom salário. Nós somos profissionais. Cada um de nós, como todo mundo, tenta fazer o melhor dentro do espaço que lhe cabe. Nós não somos Dons Quixotes montados em cavalos brancos, e nem podemos ser. Se nós formos, nós seremos expulsos da cavalaria, vamos ter que andar a pé. A gente faz o que pode dentro do que tem. Então, eu admito que um dono de jornal não tenha liberdade para noticiar o que lhe dê na telha. Ele diz aquilo que ele pode dizer, dentro das posições legais, bancárias, financeiras e de caixa que ele tem. Ele diz aquilo que pode dizer. Ele não diz tudo. Quando se fala dono de jornal é uma simplificação, quando se diz dono de jornal, a gente fala de toda a estrutura que está por trás dele. Se eu for dirigir um jornal deste, eu não vou fazer muito diferente. Eu não estou acusando pessoas. Ser velho é fogo, você sabe cada coisa...

DIARINHO – O senhor foi vítima, há alguns anos, da violência da polícia militar. Estava passando mal dentro do seu carro, foi tratado como um bandido, ameaçado, espancado e colocado num camburão. Como faz a leitura desse episódio?

Nilson: Primeiro foi uma situação complicada. Eu ia ser aposentado. Eu trabalhei 50 e poucos anos, gostava do que fazia. Eu não sou um acadêmico, eu sou um jornalista que estudou. Não gosto da academia, mas gosto de dar aula. Eu sou profissional em qualquer lugar que eu esteja. Aquilo me magoou muito e eu entrei em um processo de depressão muito grande. Ao mesmo tempo, vivia a frustração com um cargo que tive Brasília. Eu estava em uma situação muito peculiar. Um dia eu saí de casa, comi bolinhos de carne e tomei duas taças de vinho. Eu tomo vinho todos os dias. Tomei as duas taças. Eu cheguei às sete, a bodega tava vazia, fiquei de bate-papo com o chefe, na época tinha um noticiário interessante. Vi o noticiário da Bandeirantes, e depois o da Globo. Saí dali, e quando dirigi uns 500 metros, me senti mal. Vi um posto de gasolina iluminado, em frente a um posto da PM. Entrei, estacionei, e dormi. Não dormi meia-hora. Quando acordei tava sendo arrastado e tava apanhando. Pelo que eu pude reconstituir, o policial não sabia que existia carro a álcool, e o carro era a álcool. Ele diz que achou que o carro tava cheirando a álcool. Ele me sacudiu, me acordou, eu devo ter dito algum desaforo pra ele, afinal eu fui acordado pela polícia. Os caras me cobriram de pancadas, me algemaram com a mão pra trás. Certamente, me puxaram pelo ombro, porque a eu tenho luxação e hoje [segunda-feira, dia 6] eu fui fazer fisioterapia. Me machucaram bastante e me levaram pra central de polícia. Isso já era umas 22h. Umas 2h30, 3h da manhã me chamaram pra soprar no bafômetro. Me puseram em uma sala fechada com os dois caras que me espancaram. A essa altura começou a ter uma certa repercussão. Começou a aparecer os caras da universidade. Nessa altura, um dos policiais disse: “Eu estou sendo claro?”. Eu respondi: “O senhor é obscuro”. Ele disse: “Tá me chamando de escuro. Racista!”. Eu fui salvo porque minha mulher é negra. Quando ele chegou para dizer isso pra escrivã, a escrivã olha para minha mulher... Se minha mulher não fosse negra, tava ferrado. Consequência: eu achei que era da minha obrigação fazer o laudo do espancamento, fiz o laudo e entrei com o processo. E eles me processaram. Me ofereceram aquele lance da transação penal, a cesta básica, mas eu disse não. Quero o processo até o fim. Constituí advogado, gastei dinheiro, mas eu quero ir até o fim. Não quero cesta básica porra nenhuma, não fiz nada de errado. [Ganhou o processo?] Fui absolvido. Mas existe uma outra coisa, é o tal estado policial. A justiça tá aqui e o Detran tá ali. O Detran, aplicando uma lei de 2008, a uma situação de 2006, disse que eu tive a minha carteira de motorista cassada. Mas até agora não me notificaram, eu estou cassado, mas não estou cassado. Só não posso dirigir porque minha carteira venceu. Só pra se ter uma ideia como é corporativo, a queixa apresentada por mim desapareceu na procuradoria. É uma quadrilha!. [Então a agressão que o senhor sofreu nunca foi investigada?] Nunca! E nem vai ser. Nós estamos lidando com a polícia Militar de Santa Catarina, aquele órgão do estado que foi a base do partido integralista. [Em todos os estados a polícia Militar é assim?] Aqui e no Rio Grande do Sul é pior. No Rio de Janeiro é mais corrupta, aqui talvez seja bem menos, mas a do Rio é mais humana. Carioca é outra gente. Vocês me desculpem...

DIARINHO – A Polícia Militar da nossa região, a 100 km de Florianópolis, matou 24 pessoas em 2010 durante abordagens policiais. A PM diz que as ações foram justificadas pela violência dos suspeitos. Quando o DIARINHO fez essa matéria, a gente viu que a própria sociedade, de maneira geral, se recente quando se toca neste assunto de violência policial. Porque as pessoas entendem assim: “bandido bom, é bandido morto”...

Nilson: Isso é um problema jornalístico seríssimo. Existe no país um forte trabalho de relações públicas da polícia, envolvendo corrupção, exercido por jornalistas que ocupam, normalmente, estes horários da tarde da televisão. O exemplar máximo é o Datena, picareta típico. Bandido bom é bandido morto, isso é uma pregação da polícia. Não só a polícia aqui, mas nos Estados Unidos também, que tem aquele seriado de polícia. A polícia de lá é uma merda, mas no seriado é ótima. Essa mentalidade, essa coisa que se agravou muito com essa história do diploma. Porque a gente não tem nem como pegar jornalista que faz isso. [O senhor se refere a não obrigatoriedade do diploma?] A não obrigatoriedade, e a não existência de um conselho de ética. A gente não pode pegar um jornalista que atua dessa forma. Porque esse negócio cria o estado fascista. Não existe violência. Existe assalto, roubo, crime passional, estupro. É um tipo penal diferente, com causas diferentes, mas nada que seja violência. Só existe violência pra polícia, pra ninguém mais. O caso da polícia Miliar, por exemplo, são uns rapazes treinados pro combate, ao invés de ser a polícia que protege o cidadão. No caso de Santa Catarina é um caso típico, você tem cidades turísticas, mas não tem policiais que falem inglês, espanhol. Você não têm policiais treinados para atender turistas. Você tem um bando de brutamontes, que gosta de bater em pobre, em bandido pequeno.

Agora com essa lei de trânsito, eu não tenho dados, não sou estudioso, mas eu tenho a informação: os policiais estão sendo gratificados pelas multas de trânsito que aplicam, mediante vales de compras em lojas. Isso é uma forma de acabar com a corrupção, mas a institucionalizando. Aí, ele ganha um trocado com isso. [Na nossa cidade os policiais fazem bicos como segurança de comércios...] Em todas as cidades. Guardas de boate, guarda de comércio, isso é tolerado normalmente, porque, de certa maneira, do ponto de vista da população, não é ruim. Porque uma das coisas mais perigosas do mundo é segurança privado. O sujeito armado, totalmente despreparado para fazer qualquer coisa. [Mas corre-se o risco de fazer uma justiça sumária: mato para proteger meu cliente que me contratou...] Muito comum. Só que aqui ainda não se chama de esquadrão da morte ou de milícia, mas é no fundo essa mentalidade...

DIARINHO – O senhor disse que é uma bobagem os jornais não noticiarem o suicídio. Mas esse é um tabu para os jornalistas...

Nilson: Olha, se noticiar suicídio estimulasse o suicídio, noticiar assassinato estimularia assassinato. E a história do Super Homem faria as crianças se atirarem pela janela. O fato de alguém se suicidar, não estimula ninguém a se suicidar. O problema do suicídio é que ele incomoda, em algum momento, famílias de prestígio. Como não é possível criar uma exceção, generalizou aregra de não publicar suicídio. Não tem outro motivo. Suicídio é uma forma legítima de exterminar a vida. Numa sociedade onde se utiliza drogas, onde há uma classe média que lida com a realidade em nível de idealismo, que sofre por contágio, que vive em torno de problemas inteiramente estúpidos como: infidelidade. Não faz sentido! É uma cultura que vitimiza as pessoas, enquanto a vida não é isso. A vida é conviver com as situações que aparecem.




Conteúdo Patrocinado



Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Clique aqui para fazer o seu cadastro.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

WhatsAPP DIARINHO

Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






18.216.45.133

TV DIARINHO


🚗😤 TRÂNSITO TRAVADO! Motoristas e usuários do hospital Marieta estão chiando com as mudanças no trânsito ...





Especiais

Autorização de limpeza de pasto mascara e 'legaliza' desmatamento ilegal

meio ambiente

Autorização de limpeza de pasto mascara e 'legaliza' desmatamento ilegal

O recomeço de Muçum, a cidade que foi três vezes levada pelas águas

RESILIÊNCIA

O recomeço de Muçum, a cidade que foi três vezes levada pelas águas

Minoria dos promotores acha que fiscalizar a polícia é prioridade do Ministério Público

PESQUISA

Minoria dos promotores acha que fiscalizar a polícia é prioridade do Ministério Público

Como a guerra entre grupos criminosos fez a violência explodir na Zona Oeste do Rio

SEGURANÇA

Como a guerra entre grupos criminosos fez a violência explodir na Zona Oeste do Rio

“Países estão com pé no acelerador das renováveis, mas também dos combustíveis fósseis”

entrevista

“Países estão com pé no acelerador das renováveis, mas também dos combustíveis fósseis”



Blogs

Tomando a frente

Blog do JC

Tomando a frente

Outono é saúde mas tenha cautela dobrada!

Espaço Saúde

Outono é saúde mas tenha cautela dobrada!



Diz aí

"A gente praticamente dobrou o número de serviços semanais"

Diz aí, Aristides!

"A gente praticamente dobrou o número de serviços semanais"

Chefão da JBS Terminais participa do “Diz aí!” nesta quarta-feira

AO VIVO

Chefão da JBS Terminais participa do “Diz aí!” nesta quarta-feira

"O maior valor agregado está no contêiner"

Diz aí, Beto Cunha!

"O maior valor agregado está no contêiner"

Vereador Beto Cunha fala sobre polêmica das cargas a granel no Diz aí!

AO VIVO

Vereador Beto Cunha fala sobre polêmica das cargas a granel no Diz aí!

"Eu estou muito admirado com Santa Catarina de tanto feminicídio, que vergonha"

DIZ AÍ, PADRE LINO!

"Eu estou muito admirado com Santa Catarina de tanto feminicídio, que vergonha"



Hoje nas bancas

Capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.