Itajaí

ERONI FORESTI

“Eu tenho coragem de ser atendido no hospital Santa Inês”

Administrar um hospital não é tarefa fácil. É preciso apagar diversos incêndios, dar assistência aos pacientes e ter boas equipes de médicos, enfermeiros e pessoal de apoio, oferecendo sempre equipamentos e serviços de qualidade. Agora, imagine cuidar de tudo isto numa unidade de saúde que passa por inúmeras dificuldades financeiras e estruturais. Pois é exatamente este o desafio de Eroni Foresti, diretor geral do hospital Santa Inês, em Balneário Camboriú.

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Há pouco mais de dois anos no cargo, o doutor, especialista em Medicina do Trabalho, que já foi até dono de hospital e médico da polícia Militar, fala sobre os inúmeros perrengues enfrentados pelo ...

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Há pouco mais de dois anos no cargo, o doutor, especialista em Medicina do Trabalho, que já foi até dono de hospital e médico da polícia Militar, fala sobre os inúmeros perrengues enfrentados pelo Santa Inês. A unidade está sob intervenção da prefeitura, teve a UTI Neonatal fechada, passou recentemente por uma greve dos técnicos de enfermagem e dá prejuízo mensal de aproximadamente R$ 130 mil.

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Em entrevista aos jornalistas Leonardo Thomé e Marcelo Roggia, o diretor do hospital fala de todas estas dificuldades, do que é preciso para superá-las e também faz uma previsão do que acontecerá com o Santa Inês após a abertura do hospital municipal Ruth Cardoso. Ele ainda fala do envolvimento de políticos na saúde. As fotos são de Minamar Junior.

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DIARINHO – Qual a importância do hospital Santa Inês para Balneário Camboriú e região?

Eroni Foresti – Primeiro, o hospital Santa Inês é o único do SUS [sistema único de saúde] que atende SUS 95%. Então, além da importância atual, ele tem uma importância histórica para Balneário Camboriú. Ele atendeu a comunidade por muitos anos. Em torno de 45 anos. E também todos os municípios da região, contando lá em Bombinhas, Porto Belo, inclusive parte de Itajaí, ali pela Canhanduba. Esses locais aí o hospital Santa Inês atende ambulatorialmente, nas especialidades básicas de pediatria, que nós temos aqui apenas o Pequeno Anjo [hospital infantil em Itajaí], na gineco-obstetrícia, na ortopedia e nas emergências e urgências, caso de internações clínicas e cirúrgicas. Além do grande número de acidentes que são atendidos. Em época de temporada e fora de temporada, o grupo do Santa Inês está preparado para atender a BR-101 e receber as ambulâncias da Autopista [Litoral Sul, empresa que administra o trecho norte da 101]; as ambulâncias dos bombeiros e também as ambulâncias do Samu. Temos também os serviços de mini cirurgia, que é o trauma, que é constante, e o de ortopedia. Apesar do Santa Inês não ter nenhuma alta complexidade hoje, atende todas as altas complexidades, recebendo menos do que deveria. [Quantas pessoas passam, em média, pelo Santa Inês hoje, e de que cidades elas são?] No período de temporada, o hospital Santa Inês passa de 10 mil atendimentos/mês, mas na média geral nós atendemos 8,2 mil pessoas na nossa emergência e urgência. Entretanto, nós temos um fluxo grande de pediatria também, que ajudamos para que não haja superlotação do Pequeno Anjo. Temos o serviço de cirurgia pediátrica. Neste número, em torno de 48% são atendimentos feitos para pacientes de outros municípios. Você pode até me perguntar se isso é ruim. Não, isso é bom. Existe um acordo, uma relação entre Balneário Camboriú, que recebe via AIH [autorização de internação hospitalar] o atendimento aos municípios. Mas, veja só, se nós recebemos, se o fundo Municipal de Saúde recebe R$ 50 mil, somando todos os municípios, o nosso atendimento supera em muito isso. Por isso, às vezes, eles não entendem o Santa Inês quando dizemos que há uma dificuldade financeira. Porque o Santa Inês é SUS, tem o coração do SUS, e atende praticamente o dobro do que lhe é oferecido em dinheiro. Então, quando tem uma reunião, como houve aqui na regional [secretaria de Desenvolvimento Regional de Itajaí], com o deputado Volnei Morastoni, o Santa Inês é pauta, e isso me deixa muito feliz, de saber que o Santa Inês tá sempre sendo falado. E, atualmente, aliás, sendo falado bem.

DIARINHO – E qual o tamanho da equipe do hospital? Quantos profissionais trabalham no Santa Inês?

Eroni – Olha, nós temos serviços de emergência com especialidades básicas. Temos dois neurocirurgiões, dois cirurgiões pediátricos, dois pediatras, um neonatologista de plantão, um ginecologista de plantão e três cirurgiões gerais no plantão do hospital Santa Inês. E temos a UTI Adulto com um profissional de plantão, e ainda a parte clínica, com cinco profissionais de plantão, e o pronto-socorro, com mais dois funcionários de plantão. Então, é um número muito grande de médicos, nós temos em torno de 40 profissionais atuando diariamente. [Só médicos?] Só médicos. E atendendo tudo. Temos o laboratório, o qual é terceirizado, mas atua dentro do Santa Inês e atende uma quantidade enorme de exames, de emergências, principalmente. E atende também os outros municípios, quando se trata de exames mais curtos e de mais complexidade. [Mas, no total, quantas pessoas trabalham no hospital?] 280 pessoas. É considerada hoje, talvez, a maior empresa de Balneário Camboriú. Pelo menos na área da saúde. E eu ainda coloco o hospital Santa Inês como a maior unidade de saúde do município hoje.

DIARINHO – O senhor acha que o Santa Inês presta um serviço de qualidade à comunidade?

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Eroni – 100%, não. O Santa Inês é um hospital que realmente tem as suas dificuldades, e eu não posso dizer que, com esse meu jeito de administrar, ele atenda 100%. Não posso afirmar. Eu me considero um médico da reforma sanitária. Eu não sou um médico do projeto neoliberal. Então, eu não posso ficar criticando pessoas que têm outra mentalidade de saúde. A minha é essa, é SUS. A minha é bandeira é o SUS, é atender o povo, é satisfazer a comunidade. Dinheiro é segundo plano, pra mim é segundo plano, sempre foi. Tanto é que eu não sou um homem rico. Eu sou um médico da classe média; eu tenho uma casa, o meu carro e meu bom salário. Eu ganho o salário da universidade, que é o melhor emprego que eu posso dizer que tenho hoje, como professor, como médico do trabalho. E tenho o meu salário da polícia Militar, como militar. Então, isso pra mim é ser um cara que venceu na vida. Eu não consigo dizer que atendo 100%, mas podia atender 100% de qualidade? Podia. Desde que os investimentos fossem reais e não fictícios.

DIARINHO – O senhor teria coragem de internar um parente ou amigo seu no hospital?

Eroni – É [pausa], depende do tipo de patologia, o hospital está preparado. Por exemplo, na pediatria eu tenho excelentes pediatras. Qualquer criança pode ir tranquila pro Santa Inês, que vai ter um bom atendimento. Outra coisa, a neonatologia é uma das melhores, também colocaria um filho meu na neonatologia do Santa Inês. A obstetrícia também é muito tranquila. A equipe de cirurgia, inclusive anestesistas, do qual eu posso citar até o nome, o doutor Roberto D’Ávila, que chegou a ganhar prêmios em São Paulo de um grande anestesista. Ele pode ter seus problemas políticos, seus inimigos políticos, mas eu considero este anestesista um dos melhores do estado de Santa Catarina ou até do Brasil. Então, eu sofreria uma cirurgia no hospital, sim. O neurocirurgião é o do Marieta e do Santa Inês e do hospital do Coração. É a mesma equipe, muitos fazem parte da mesma equipe. E hoje, no Santa Inês, nós temos a introdução dos estágios da universidade do Vale do Itajaí [Univali], que proporciona uma qualidade muito grande. Então, eu tenho coragem de ser atendido no hospital Santa Inês, sim. E se eu sofrer um acidente de trânsito, eu não tenho escolha, eu tenho que ir pro Santa Inês. [Você falou no início que, dependendo da patologia, sim. Teria alguma outra em que você não internaria um parente ou amigo seu?] Não. Nas emergências nós vamos dar conta. Agora, se for um problema cardíaco, a referência é o hospital Marieta [Konder Bornhausen, em Itajaí]. E aí você tem que ir pro hospital Marieta, porque ali tem o investimento, tem a estrutura e tem o recurso da cardiologia. Se eu tivesse uma dor no peito, ou qualquer um da comunidade que tiver isso, ele pode ter como referência o hospital Marieta. É o melhor serviço. Então, o hospital Santa Inês não tem hemodinâmica. O hospital Santa Inês não tem cardiologista. Então, ele teria que ir pro hospital Marieta. Em termos de emergência e urgência, nós damos conta. Sabemos tratar o IAM [infarto agudo do miocárdio], mas temos que transferir pra fazer o cateterismo ou a intervenção cirúrgica.

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DIARINHO – Quais são as principais dificuldades enfrentadas hoje pelo Santa Inês?

Eroni ¬– Nós temos surpresas todos os dias no Santa Inês. Primeiro, o hospital está, como qualquer hospital público do país, com dificuldades financeiras. Muito bem, é uma longa história. Não adianta eu vir aqui e dizer pra vocês que o Santa Inês é isso, que alguém é culpado. Ninguém é culpado. Não existe culpado. Existe uma situação geral que levou o Santa Inês a acumular dívidas, hoje ele acumula por mês R$ 130 mil de dívidas, porque não há recursos que detenham esses 130 mil. Não há investimentos que detenham. Então, ele vai acumular dívidas também na minha gestão. Como diz o Adib Jatene [conhecido médico brasileiro, que já foi ministro da Saúde]: ‘Sem dinheiro em saúde não há gestão’. Então, sempre vai ter um déficit. E isso é prova nacional. Tem hospital que tem paciente no corredor. Graças a Deus, o nosso ainda não. Mas nós temos uma grande dificuldade financeira, porque temos déficit mensal de R$ 130 mil e que vai sendo acumulado. Nunca atrasamos folha de pagamento, nunca atrasamos obrigações com os trabalhadores e nem com médico. Pode-se esperar um pouquinho, mas isso qualquer empresa pode atrasar dois ou três dias. Mas trabalhador, a base do hospital, até adiantado recebe. Muito bem, outro problema são as dívidas trabalhistas do Santa Inês, que são acordos firmados pelas pessoas anteriores, que eu tenho que cumprir na Justiça do Trabalho. Eu acho que eu tenho que cumprir. Então, eu tenho que pagar só de dívida trabalhista, na minha gestão, R$ 1,4 milhão, quase R$ 1,5 milhão de dívida trabalhista, fora as cíveis. Qual o hospital que não tem? Nenhum. Todos têm. Mais ou menos, mas todos têm. Então, as dívidas trabalhistas e cíveis geram em torno de R$ 12,5 milhões e isso tá sendo negociado e pago, mensalmente. Com isso, do que o hospital fatura mensalmente já pode ser retirado em torno de R$ 100 mil para o pagamento dessas dívidas trabalhistas. Com fornecedores é muito grande a dívida também, e ali nós temos que negociar, parcelar, e, às vezes, eu não tenho crédito para comprar mais barato, porque não vendem pra nós. Então, nós temos que procurar as empresas que ainda vendem pra nós. Fizemos três ou quatro chamadas de preço, mas, às vezes, temos que pagar à vista pra empresa que nos vende com preço menor. E tem produto que é só uma empresa que vende, como oxigênio. E nós temos uma dívida com o oxigênio? Temos, mas estamos garantindo o pagamento do que compramos e um pouquinho do que devemos. Então, os fornecedores são uma grande mistura de dívidas, que a gente vem cumprindo. Mas gostaria de enfatizar: quem fala que é desorganizada a questão de compras no Santa Inês, não conhece o Santa Inês. Nós compramos, nós pesquisamos, nós temos um setor de compras há anos lá. Que, aliás, na minha gestão eu não mexi, porque eu tenho extrema confiança nesse grupo. Se os administradores mandavam eles fazerem coisas que não deviam, o problema é outro, mas eles são muito sérios. Aí esse grupo me ajuda muito no Santa Inês, administrar nesse sentindo. São pessoas que vieram de outra gestão, que não são as que eu indiquei ou que a política do momento indicou, mas são pessoas que tão resolvendo, que tão ajudando. E assim como os outros problemas estruturais. A edificação do Santa Inês é antiga. Eu tenho agora dois centros cirúrgicos que eu estou reformando, mas tenho que fazer no padrão e isso custa caro. Estamos gastando em torno de R$ 60 mil ou mais no centro cirúrgico, mas vai ser um dos melhores centros cirúrgicos da região. Então, eu tenho que melhorar. Eu não sei até quando eu fico lá, hoje eu estou diretor geral, mas amanhã eu posso não estar. Mas quando eu sair, pelo menos devo ter a consciência de que alguma coisa eu fiz para a comunidade. [Alem da questão financeira, o que o senhor acha que precisaria ser melhorado de forma urgente na estrutura do Santa Inês?] Estou enfrentando um problema ali, de uma denúncia ao Ministério Público do Trabalho, onde queriam que eu assinasse um TAC [termo de ajustamento de conduta]. Esse TAC é um compromisso muito sério. Eu não assinei, porque eu estou fazendo. O morro caiu quando eu cheguei na minha gestão, e aí destruiu praticamente o hospital. Então, eu tô reconstruindo esse hospital aos poucos. Já fiz o necrotério, já fiz coleta de lixo, já melhorei cozinha, mas o Santa Inês ainda precisa muito. Eu agora estou fechando uma ala do postão, trabalhando espremido no posto um, pra eu poder recuperar uma caixa d’água que tá condenada pelos bombeiros. A estrutura do edifício do Santa Inês é antiga, como o hospital de Caridade, em Floripa. No Santa Inês, foram feitas emendas e emendas e emendas... e ficaram aquelas emendinhas. Aí começa a ter problemas de eletricidade, de água, de cano, e a manutenção então é muito cara. Esse é outro grande problema nosso.

DIARINHO – Há hoje uma intervenção do Ministério Público do Trabalho sobre o hospital?

Eroni – Intervenção do Ministério Público, não. Há uma intervenção da prefeitura. Eles intervieram no hospital na época do governo anterior, e o prefeito Edson Periquito manteve a aquisição do hospital, na verdade é uma aquisição. E essa aquisição, ele teve que fazer porque a comunidade, com os administradores que havia lá, podia sofrer a perda do hospital, o fechamento. Então a prefeitura tinha que botar dinheiro. Já com relação ao Ministério Público do Trabalho é em cima das condições de trabalho das pessoas. Eu, como médico do trabalho, sei perfeitamente o que eu tenho que fazer, e tô fazendo. Porque aqui sou coordenador do serviço do trabalhador e, como professor da disciplina de saúde ocupacional, posso dizer que o meu conhecimento, comparado aos dos fiscais, é um pouco mais afinado. E eu tenho feito muito pelo Santa Inês nesse setor e vou conhecendo as nossas dificuldades. Agora, o edifício complica muito, então a intervenção não é uma intervenção. É um termo de ajuste de conduta que o ministério quer assinar conosco, que eu não assinei porque eu tenho que ter o respaldo de repasse de verba pra poder cumprir. Aí eu fiz um acordo: eu cumpro e provo que eu cumpri, mas não assino.

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DIARINHO – O Santa Inês também teve recentemente a UTI Neonatal fechada por falta de médicos e os obstetras quase entraram em greve, querendo melhor remuneração. Como evitar estas situações?

Eroni – Aonde tem pessoas, gestão de pessoas, é complicado. Nessa gestão de pessoas, como uma empresa normal, que coordena seus trabalhadores, tem toda uma estrutura e hierarquia, o organograma da empresa. O Santa Inês entrou no efeito cascata. A UTI Neonatal começou a reclamar, não porque ganhava pouco, mas porque não tinha profissional. É escasso pediatra. O próprio Pequeno Anjo tem dificuldade pra pediatra, e na UTI Neo é uma dificuldade. Então, eu tinha que melhorar. Vieram com uma proposta impagável, e eu tinha que dar uma arrumada na Neo. Aproveitei a oportunidade e deixei ela uma das melhores do estado. E solicitei ao grupo do Marieta, que é um grupo bastante competente, que assumisse a Neonatal. Pedi recursos para isso, e me foram dados, e aí eu reabri a Neo a todo vapor. Hoje, nós temos a Neo lotada. Hoje, eu colocaria meu filho na Neo, porque eu tenho os melhores profissionais. Então, essa imagem que passam do Santa Inês de dívida, de endividamento, é uma... Mas a outra, de atendimento, de amor e carinho, que os próprios funcionários com salários baixos fazem pelo seu cliente, é outra história. Há movimentos políticos internos no Santa Inês, a oportunidade de se aproveitar é grande. E todo mundo quer se aproveitar do Santa Inês. Só que o Santa Inês, tadinho, não se aproveita de ninguém. Só apanha.

DIARINHO – A recente paralisação dos enfermeiros, que fizeram dois dias de greve, prova que a situação do Santa Inês é preocupante?

Eroni – A melhor coisa que eu fiz no Santa Inês foi resolver essa questão. Naturalmente, liguei para o executivo municipal e falei: ‘Prefeito, o que tu me diz dessa situação, dos salários das pessoas?’ Ele falou: ‘Dentro do que tu pode fazer, tu faz’. E eu fiz. E assinei um acordo. A melhor coisa que eu fiz hoje foi melhorar o salário dos técnicos em enfermagem e, em consequência da lei, tive que melhorar o salário geral. Então, dei o aumento de 10% para os técnicos, na folha, onde passaram de R$ 660 para R$ 716, mais ou menos. E o vale-alimentação de R$ 150, isso elevou o salário deles para R$ 870, maior do que muitos hospitais por aí. E isso foi o melhor ato que eu fiz, naturalmente, com a autorização do que eu poderia fazer como diretor geral, e com a minha competência de diretor. Não perguntei para ninguém, a não ser para o executivo. Eu sou médico e tenho o coração do SUS. O Che Guevara, uma vez, disse pros colegas de aula, numa faculdade de Medicina: ’Não basta ter o estetoscópio no pescoço, tem que ter o coração no peito’. [Você acha que os técnicos de enfermagem tiveram razão no protesto?] Absolutamente. Eles não tinham um aumento há anos. É justo. [E O senhor conseguiria sobreviver com R$ 660, que era o que ganhava o técnico de enfermagem no Santa Inês?] Por isso que eu dei o aumento, porque eu não conseguiria. Foi muito bom esse aumento.

DIARINHO – De onde vem os recursos do Santa Inês hoje?

Eroni – O Santa Inês tinha um valor de AIH, por isso, inclusive, eu concedi esse aumento, de R$ 520 mil. O AIH é uma verba federal, que vem para o fundo municipal e internações. E mais R$ 160 mil, que é o faturamento do pronto-socorro, que dá o total de R$ 680 mil/mensais. Desses R$ 680 mil, tem médico e produção de médico. Daí eu tenho que tirar e o hospital ficava com cerca de R$ 400 mil. E a nossa folha é de R$ 450 mil. Nós somos obrigados a atender tudo. E se não atender, sai no jornal: ’Santa Inês não quis receber um paciente com tuberculose’. Então, eu tenho que atender. E a prefeitura repassa hoje para o Santa Inês, com um acordo feito com o prefeito pra manter o hospital funcionando, R$ 520 mil. Com isso, nós temos um faturamento em torno de R$, 1,1 milhão por mês, mas gastamos R$ 1,3 milhão. Temos um déficit de quase 200 mil por mês, que é a dívida do Santa Inês que vai se acumulando por falta de repasse. Tem gente que diz que já mandam muito dinheiro pro Santa Inês. Mas se ele precisar do atendimento médico, vai ter que ter ampola lá de adrenalina, de atropina, de voltarem, de dolantina, o fio para suturar ele no acidente, pra suturar o filho dele, vai ter que pegar oxigênio no pronto-socorro. Então, quem fala sem saber, fala grandes bobagens. Porque nós estamos aí pra atender. O dinheiro em saúde é investimento, não é despesa. Saúde não é uma empresa que tem que dar lucro. Tem que aplicar o dinheiro e o resultado é em procedimento, em cirurgias. Com dois centros cirúrgicos agora, eu vou poder fazer 500 cirurgias/mês para Balneário e região. Isso é uma coisa muito boa. [Quanto seria o valor mensal ideal para o Santa Inês funcionar sem nenhum tipo de problema?] O valor que o Ruth Cardoso vai pagar pra empresa que assumir: R$ 1,8 milhão ao mês. Não calcularam tudo pro Ruth, não disseram que era esse o valor necessário pra abrir o hospital. Então, o Santa Inês precisa melhorar isso aí também. Porque ele atende. E atende e dá conta do recado. E já tá aberto.

DIARINHO – Quem é ou são os donos do Santa Inês?

Eroni – Eu não tenho de cabeça, mas são muitos. Tem uns 140 sócios do Santa Inês. O dono principal é o doutor Jau Gaya, a mulher dele e o irmão dele, que é o Neto Gaya. Entretanto, existe a sociedade beneficente Santa Inês, que é uma outra sociedade criada pra ver se consegue a filantropia, mas até hoje não conseguiu. Nós estamos juntando os documentos pra levar pra Brasília/DF, e através de deputados federais amigos da gente, que tenham vontade de ajudar, e até deputados de outros estados, queremos transformar a sociedade beneficente em filantrópica. [Então o Santa Inês é um hospital privado?] Ele é um hospital privado, com intervenção pública. [E o senhor chega a ter alguma relação com esses proprietários?] Eles trabalham dentro do hospital, os médicos, como o doutor Jau Gaya, que, aliás, faz um bom trabalho, ajuda muito e procura até arrumar o hospital, no que pode. Ele tem colaborado e recebe salário como diretor. A mulher dele recebe salário como diretora e o Neto recebe salário como diretor. Veja que coisa interessante. Quando eu entrei, o diretor geral do hospital, o interventor, ganhava R$ 15 mil por mês. [Há quanto tempo o senhor está no Santa Inês?] Eu entrei em fevereiro de 2009. O interventor ganhava R$ 15 mil, mas deveria ganhar, no máximo, o que o doutor Jau ganhava pela lei. E o Jau tava ganhando R$ 6 mil bruto, mas o cara ganhava R$ 15 mil. [Quem era ele?] Era o Hélio [Livino da Silva], mas prefiro não falar de nomes, e sim do administrador anterior, que ganhava esse valor. Quando eu entrei, acertei com o prefeito [Edson Periquito] que eu deveria ganhar R$ 6 mil também, igual o Jau. E quando o Jau tivesse aumento, o interventor também deveria ter. É o salário de um secretário. Segundo o prefeito, meu status é de secretário, apesar de não ser secretário de Saúde. E eu ia ganhar mais do que o secretário. Mas diante dos salários que eu observei dos trabalhadores do Santa Inês, fiz questão de abrir mão, até porque isso não é meu perfil e eu não iria me sentir bem. [Já teve outras experiências em direção de hospital?] Sim, eu tive um hospital em São Miguel do Oeste, que se chamava Cristo Redentor, onde eu fiquei durante 17 anos. O hospital tinha 17 funcionários, em torno de 50 leitos. Nós fazíamos tudo lá. Sou médico generalista, já fiz parto, cesárea, cirurgias, sou médico bem de interior. Eu nunca tive um problema trabalhista. Quando eu saí de lá, foi porque fui transferido da polícia Militar para Balneário Camboriú. Aí eu passei o hospital para outros colegas, porque hospital não se vende, se passa. E isso foi 14 anos atrás. Ele se transformou em um hospital psiquiátrico e depois fechou, porque daí abriram o hospital regional de São Miguel do Oeste. Em São Miguel eu tive a minha história de médico, onde eu participei até de política. [Falando nisso, sua indicação como diretor do Santa Inês foi técnica ou política?] Técnica. Sou médico da polícia Militar, tinha experiência em hospital, meu currículo está aí, e foi avaliada a minha história.

DIARINHO – O senhor alega que o governo do estado não ajuda o hospital, mas a secretaria de Estado da Saúde fala que não tem nenhuma obrigação em auxiliar o Santa Inês, que já recebe verba diretamente do ministério da Saúde, através do município. Como vê essa situação?

Eroni – Todos os hospitais do estado recebem verba federal de AIH. O Marieta recebe, o hospital de Gaspar recebe, o hospital de Camboriú recebe. O hospital de Camboriú, aliás, tem aparelhos novos que o Santa Inês não tem. Então, existe o direcionamento de aplicação de recursos. O hospital Santa Inês não recebe porque eu acho que ficou vinculado que, só com o AIH, ele teria toda a resolução de seus problemas, o que não é verdade. Na gestão anterior, eles [o governo do estado] repassaram R$ 300 mil por mês para ajudar na folha de pagamento. Hoje eu sei que isso não pode. O que eu posso pedir para o pessoal da secretaria Regional aqui de Itajaí, ou para o governador Raimundo Colombo, por exemplo, para quem eu não pedi nada até hoje, é a questão de equipamentos, porque eu acho que eles podem investir em equipamentos. E como o hospital é privado e está sob intervenção, isso pode acontecer, porque eu o considero como uma unidade de saúde do município. Agora, no momento em que ele ficar só particular, não existe obrigação do governo pagar nada, a não ser que ele faça um convênio. Por exemplo, eu abrir uma ala de psiquiatria e bancar 30 leitos com AIH. O governo não pode aplicar, eu sei, mas o hospital Santa Inês está sob intervenção. Como é que o morro atrás do Santa Inês caiu na época e veio R$ 1 milhão para o fundo municipal? Não veio para o hospital Santa Inês. Fizeram uma CPI para descobrir onde eu tinha posto R$ 1 milhão, mas eu nunca recebi esse R$ 1 milhão. E eles chegaram a essa conclusão, de que eu não vi a cor do dinheiro. O dinheiro foi pra secretaria de Saúde do município, que aplicou no morro e gastaram lá R$ 1 milhão. Mas esse dinheiro veio para a finalidade Santa Inês. Então, se essa verba veio, como é que não podem vir outras verbas? Claro que pode vir. Antes podia e agora não pode mais? Espero que no Ruth Cardoso o governo do Estado invista. [Existe alguma previsão, a curto prazo, do governo catarinense mandar verba para o Santa Inês?] Eu acho que, diante desse perfil administrativo, o governo só pode mandar, entre aspas, dentro da lei, equipamentos. E eu já pedi um investigador de imagem, mas disseram que não tinha em lugar nenhum. O hospital de Camboriú tem um. Quem faz mais cirurgia de fêmur que nós? Nós fazemos mais. As pessoas vêm de lá [Camboriú] para fazer aqui. Mas nós temos um equipamento velhinho, que nós consertamos, e por isso pedimos. O hospital de Camboriú tem sido um parceiro, nos ajuda com a clínica, nós encaminhamos pra lá, eles mandam para nós, temos uma relação muito boa. Mas o investimento do governo do estado em equipamentos no Santa Inês é escasso.

DIARINHO – O senhor acha o Santa Inês um hospital ultrapassado, esteticamente feio e de construção antiga?

Eroni – Sem dúvida. Eu tentei melhorar, dei uma maquiada na frente dele, mas, na verdade, isso não é o melhor de um hospital. O melhor de um hospital é o corpo clínico, os médicos e os trabalhadores que estão lá dentro, e o que se faz dentro dele. [O hospital não foi feito em local inadequado, já que num passado recente alguns desmoronamentos no morro atrás da unidade de saúde interditaram áreas inteiras?] Todos os hospitais, antigamente, eram feitos em morros. Era para evitar doenças pulmonares, para ter um ar mais limpo. Em Bom Retiro, por exemplo, há um hospital num morro enorme. Fizeram aquilo pra tratar as pessoas que tinham problemas de pulmão. Isso tudo tem uma história. Por isso os hospitais, em sua maioria, são em morro, até porque estão mais protegidos das enchentes, catástrofes. Só que agora os morros começaram a despencar. Não foi errado construir ali, só que a realidade foi mudando. Quem diria que Balneário Camboriú se transformaria no que é agora? [Já que a realidade mudou, há projetos para modificar o Santa Inês, deixando-o mais seguro e mais moderno?] Acho que é preciso enxugar o Santa Inês. O hospital tem uma obra inacabada na frente e precisaria tirar a parte de trás e melhorar o que é bom. Precisaria realizar uma reforma da ala da frente, onde você pode fazer um setor de hemodinâmica, seis centros cirúrgicos, uma UTI de primeiro padrão. Eu penso assim: se o Ruth abrir, a UTI Neonatal vai pra lá, a obstetrícia, a pediatria e a clínica. O Santa Inês vai ser o hospital do trauma, da emergência. Enxugando o Santa Inês atrás, nós temos toda a ala da frente com a Pró-rim. Embaixo, uma lanchonete decente e não aquele quiosquezinho que tem ali, que quando eu entro, me assusto, vendo um bando de funcionários tomando cafezinho ali. A gente chama aquele espaço de caixa preta do hospital, onde corre a fofoca, onde tudo acontece [risos]. Mas com o hospital só de trauma, vai dar um baile, vai ser campeão. O Santa Inês vai ficar bonito e competente, mas tem que ser enxugado. Para isso, precisa dinheiro. Talvez um grupo que se interesse pelo Santa Inês possa chegar e absorver o hospital, só que junto vem um monte de problemas: trabalhistas, cíveis, penhoras. Essa grande modificação é um sonho do Jau, um sonho dos médicos e um sonho dos trabalhadores.

DIARINHO – O senhor até já falou um pouco sobre isso, mas o que acha que vai acontecer realmente com o Santa Inês a partir do momento em que o hospital municipal Ruth Cardoso abrir as portas?

Eroni – No momento em que o Ruth tiver aberto, o Santa Inês pode assumir a função de hospital do trauma, de emergência e urgência, e mais nada. Porque ele não terá mais competência de AIH pra manter o hospital funcionando como um todo. Ele tem que ser o hospital do trauma, porque aí terá equipes de ortopedistas, que é do próprio dono e que é competente e trabalha bem as cirurgias. Enxuto, o faturamento de um hospital desses, particular, com convênio com o SUS, porque o Santa Inês tem o convênio com o SUS – o Ruth ainda não tem, vai fazer –, pode fazer com que ele sobreviva e até tenha sucesso, como têm outros hospitais particulares. [O senhor então não acredita que o Santa Inês pode fechar as portas com a abertura do Ruth Cardoso?] Ele pode até fechar, dependendo do entusiasmo do seu proprietário. Eu tô dando a minha opinião com uma visão holística daquela unidade. Eu acho que o hospital tem que ser transferido para a frente, que aí tudo será novo, mas vai depender da visão do proprietário. Se o proprietário não tiver com a sua autoestima aguçada, ele pode se fragilizar e acabar fechando o hospital. E, com isso, o Ruth vai ter que assumir todos os serviços.

DIARINHO – E como o senhor vê toda esta demora para abrir o Ruth Cardoso, toda esta burocracia e empurra-empurra de responsabilidades entre as autoridades competentes?

Eroni – Eu não posso dar opinião sobre o Ruth, sobre sua questão administrativa, porque eu não sei nada do que está acontecendo por lá. Eu sei que o Ruth, quando foi pego [pela prefeitura], tava inacabado. Eu sei porque a Univali está indo lá, a gente vê. O hospital tá inacabado, eles tiveram que arrumar uma série de coisas, há muitos problemas. Mas eu desconheço, para estar detalhando. O secretário de Saúde [José Roberto Spósito] pode falar mais sobre o Ruth do que eu, mas o hospital foi construído com uma finalidade, isso eu sei, que é atender o ESF [estratégia de saúda da família]. Mas não como hospital de cara, com uma característica neoliberal, com uma grande unidade de especialistas. Essa não é a ideia do Ruth, até porque ele é um hospital de campanha, meio que militar. O Ruth é tipicamente um hospital militar, de guerra, e como saúde é uma guerra, eu acho que está no ponto certo. [E a política, o senhor acha que ela mais atrapalha do que ajuda a saúde e, consequentemente, a população que precisa de atendimento num hospital decente?] A política tem que existir, porque onde tem dois, tem política. Até dentro da minha casa tem política. A política é harmônica, mas os políticos é que complicam. Eu acho que o político deve ser mais refinado, deve falar do que ele sabe, não do que ele não sabe. Eu sou médico, eu não sou um grande administrador hospitalar, eu tenho uma visão porque já tive um hospital. Por isso até estou no Santa Inês. Eu não vou falar bobagem, eu vou deixar pra quem entende falar. Cada um na sua. O político deve buscar conhecimento junto ao técnico, porque quem faz a lei é o tecnocrata, o político vota. Os políticos mal preparados pra assumir cargos são os que complicam. A gente tem que ser sincero à comunidade. Dizer: ‘Eu não posso te atender aqui, porque a senhora teve um infarto agudo do miocárdio. Então eu vou fazer uma medicação, a senhora vai desobstruir a veia, mas depois terá que ir para o hospital Marieta, que lá é que vão tratar melhor esta questão’. Essas coisas são importantes e a população tem que saber a verdade, a capacidade de cada unidade. Às vezes falam que estão dando muito dinheiro para o Santa Inês, mas nem sabem quanto o hospital gasta, quantas famílias vivem da unidade, quanto custa um medicamento.

DIARINHO - Há alguma interferência política na gestão do Santa Inês?

Eroni – Existe, e bastante. Porque nós temos um conselho municipal de saúde, um secretário de Saúde, um gestor, um prefeito e a câmara de vereadores. Quem diz quanto tem que vir para o hospital é o prefeito. Mas a obstrução é grande, porque existem outros fatores sociais, a favor e contra. E o conselho tem uma formação da comunidade, onde uns conhecem de saúde, outros de administração e outros de aposentadoria, como ser aposentado. Os conselhos são importantes para o município, mas eles também têm que estudar. Todo mundo que se propõe a um cargo tem que estudar. Como um cirurgião, um professor, tu não pode parar de estudar. Eu posso ser um político que assume algo que não conheço nada, e aí eu quebro a cara. Tem que conhecer. Além disso, os grupos políticos, como câmara de vereadores, quando entram em debate, geralmente é quando começam as grandes complicações. Se for pra fiscalizar a aplicação do dinheiro público corretamente, todo mundo é a favor. Agora, eu não posso esperar uma licitação pra comprar um monitor que eu preciso pra não morrer gente. [Se eleito este ou aquele prefeito significa que haverá mudanças na forma de tratamento dispensado pelo município ao hospital?] A saúde de Balneário hoje está estável, com todo um projeto de melhoria, mas existem perfis sim de prefeitos. Tem prefeito que se preocupa mais com a saúde ou menos. Se eu for candidato a um cargo eletivo, eu vou tender a trabalhar muito com a área da saúde do trabalhador, que é a área do meu conhecimento básico. Então, o prefeito é uma figura importante porque ele emana o que ele tem no coração para o município. Muda muito de cada um. [É verdade que a administração ou até mesmo os donos do Santa Inês sempre foram mais ligados ao grupo do PSDB?] Isso eu não posso afirmar, até porque o Jau Gaya eu já vi ser candidato pelo PV. Não posso afirmar se eles têm partido político. Acho que as pessoas até devem participar de partidos, inclusive eu estou estudando esta possibilidade assim que eu terminar minhas obrigações aqui no Santa Inês, porque sempre gostei de participar de política. Política é importante, o problema são os políticos. [O senhor pensa em entrar num partido para trabalhar exclusivamente com a saúde?] A saúde tá relacionada com muita coisa. Está relacionada com o meio ambiente, com a qualidade de vida das pessoas, esgoto, atendimento médico, uma série de coisas. A saúde é hoje muito ampla. Eu gosto muito da área da saúde, tanto é que sou médico. Mas eu sou militar, eu tenho um perfil militar, e também tive uma experiência grande nesta área. [O senhor já tem algum partido em vista?] Não, ainda não tomei nenhuma decisão, porque estou como diretor geral do hospital. Talvez quando eu me afastar dessa atividade, eu poderei fazer minha opção. [Tem alguma data para isso ocorrer?] Vou resolver estes problemas do Santa Inês e assim que eu perceber que preciso me afastar pra entrar numa outra atividade, vou fazer. [A ideia do senhor, por exemplo, é se candidatar a vereador?] Não sei, vou primeiro participar politicamente.

DIARINHO – Na sua visão, por que o atendimento na saúde pública, em geral, é tão ruim para quem não tem um plano de saúde e precisa ser atendido pelo SUS?

Eroni – Olha, na Univali nós atendemos a rede pública, e muito bem. Faço cirurgia ambulatorial e atendo a rede pública. Tratamos os pacientes muito bem, cuidamos deles, temos um afeto. A qualidade tem o fator profissional e institucional. Se eu tiver pagando o médico mal, esse cara pode até tratar bem, mas não como devia. A questão de horário de trabalho do profissional também é importante, ver o horário que ele vai atender. Se é de manhã, de tarde, qual a comunidade que ele vai atender. O profissional tem que conhecer esta comunidade, saber da prevalência das doenças dessa comunidade, e o Brasil está muito atrasado na questão da saúde pública. Alguns municípios são bons e eu considero Itajaí um deles, mesmo com as suas deficiências. Já Balneário Camboriú, assim que estruturar o que está para ser feito, acho que vai ter um atendimento muito bom. Mas é preciso mudar algumas coisas, informatizar, dar tecnologia pra saúde. [E onde estão as principais falhas na saúde pública: as pessoas contribuem pouco, os governantes não repassam o que arrecadam ou os hospitais não sabem administrar?] A tabela do SUS tá super defasada. O melhor momento do SUS foi no governo Collor [ex-presidente Fernando Collor de Mello]. O governo cria muitos programas, mas se eles não funcionam bem, o déficit acaba todo indo para o hospital. O SUS tem que saber administrar o dinheiro, mas também tem que pagar os hospitais bem porque, queira ou não, quem mantém os hospitais no Brasil é o SUS. Se tirar o SUS, se vai a maioria dos hospitais, e os médicos junto. O SUS é um grande convênio nacional que, se bem organizado, é exemplo pro mundo inteiro. Os Estados Unidos também querem ter SUS e o Canadá tem o melhor SUS do mundo.

RAIO-X

Nome: Eroni Foresti

Idade: 61 anos

Naturalidade: Marau/RS

Estado civil: Casado

Filhos: Cinco filhos

Formação: Graduação em Medicina pela universidade Federal de Santa Catarina (1983), especialização em Medicina do Trabalho pela universidade Federal de Santa Catarina (1986), especialização em Medicina Legal pela academia de polícia Civil da secretaria do Estado de Santa Catarina (1993) e especialização em Lato Sensu em Medicina e Cirurgia Plástica Estética pela universidade Veiga de Almeida (2007).

Carreira profissional: Professor da secretaria de Educação de Santa Catarina (de 1990 a 1999); médico da polícia Militar de Santa Catarina (de 1985 a 2002); atual professor da Univali, na área de Medicina; e diretor geral do hospital Santa Inês, em Balneário Camboriú.




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