Os professores da região de Itajaí testaram os próprios limites nos últimos dias durante um acampamento em frente à assembleia legislativa, em Floripa. Alguns grevistas chegaram a varar a madrugada pra vigiar o acampamento, pois a própria polícia Militar avisou que ali perto há pontos de venda de drogas e o clima pesa nas madrugadas. Mas nada amedrontou os mestres, que lutam pelos próprios direitos.
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Pra eles, o inimigo maior é o governo, que não dá os benefícios exigidos pela categoria. O DIARINHO foi ver de perto a rotina no acampamento, onde os fessores passaram quase 72 horas na base do ...
Pra eles, o inimigo maior é o governo, que não dá os benefícios exigidos pela categoria. O DIARINHO foi ver de perto a rotina no acampamento, onde os fessores passaram quase 72 horas na base do improviso e, mesmo com os perrengues e o cansaço, conseguiram cantar e mobilizar outras pessoas a batalhar pela causa.
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Seguindo a orientação da PM, a fessorada desmontou as barracas na tarde de ontem e vai deixar passar o feriadão pra voltar ao local na segunda-feira. E os três dias que os profes da região peixeira passaram na frente da leleia deixaram marcas visíveis de cansaço. Pelo acampamento foi possível bizolhar rostos marcados por olheiras, que contrastavam com a certeza de que a luta da categoria é maios do que justa. Os profissionais ainda expressaram alegria ao falar de educação e sala de aula.
Os cerca de 30 mestres que toparam o desafio de acampar se distribuíram em nove barracas, além de uma tenda principal. Pelo menos três pessoas dormiam em cada abrigo, isso sem falar daqueles que ficaram acordados, atuando como vigilantes.
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Rotina puxada de protesto
Os grevistas contam que os dias começaram cedo, logo quando o sol dava as caras. Nos reunimos e tomamos café, aí seguimos pra assembleia pra acompanhar os trabalhos, explica Genésio Adolfo, professor e coordenador do comando de greve de Itajaí.
Privacidade? Isso é luxo pra quem é grevista. Os professores usavam os banheiros do SESC, pertinho da assembleia pra tomarem banho. Também dá pra usar a lagoa que se formou com a chuva, brinca Genésio. No SESC, os banheiros podiam ser utilizados até as 23h30, mas os professores ainda aproveitaram os mijódromos da própria assembleia pra sialiviarem.
Pra sorte deles, o movimento conta com apoio dos funcionários da leleia, da PM, comerciantes e moradores próximos.
Na tarde de ontem, enquanto a reportagem estava no acampamento, o pessoal de um restaurante ofertou calzones pros professores fazerem uma boquinha. Nós recebemos doações de mercados em Piçarras e dinheiro da própria comunidade pra vir aqui, conta Gerusa Schereder, professora da escola básica Alexandre Figueiredo, em Piçarras.
No fim da manhã, o almoço foi preparado num panelão. O fogo foi improvisado com uma laje e com grades que formavam uma grelha. Os materiais foram doados pela peãozada de uma obra das proximidades. Até os homens simeteram a chefes de cozinha pra preparar o rango. O almoço de quarta-feira foi um risoto.
Depois, foi hora de dar o bizu na assembleia. Genésio pegou o megafone mandou um recado a um deputado. Entre um berreiro e outro, o grupo ainda sentava pra discutir as próximas ações. Teve ainda tempo pra dar aquela ligada pra família e até pra tocar um violão, cantarolar e ver a noite cair. Tudo pra não perder o pique.
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