J. disse ao DIARINHO que viveu momentos de pânico e desespero na quarta-feira à noite. Era perto das 22h quando o ataque teria rolado, na avenida Rio do Sul, no Gravatá. A estudante voltava de uma lanchonete, onde tinha ido comprar um X-salada, quando teria sido abordada por um homem no interior de uma baita caminhonete.
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A menina somente teria reconhecido Vavá, de quem é vizinha, quando se aproximou do carango. Nesse momento, afirmou, o subprefeito a teria agarrado pelo braço, na tentativa de puxá-la pra dentro da caminhonete. J. conseguiu se desvencilhar do suposto tarado e, desesperada, saiu gritando pelo meio da rua. Eu pedia socorro, e ele ia atrás de mim mesmo assim. A rua tava deserta, relatou.
Quando a menina chegou à choperia Estação Beets, perto do supermercado Top, ainda na avenida Rio do Sul, foi socorrida por um dos seis clientes do local. Ele não parou de me perseguir. Estacionou o carro e ficou conversando com o cara que me socorreu, contou J. Quando o rapaz e os outros clientes deram uma intima no abobrão, Vavá teria cantado de ganso. Ele perguntou se os homens sabiam quem ele era e disse que era o vice-prefeito de Navegantes, recordou a criança. Depois, Vavá foi embora. Fiquei muito desesperada. Minhas pernas tremiam e eu quase desmaiei logo depois de me socorrerem. Foi um alívio quando ele finalmente foi embora dali, completou.
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Os homens que socorreram a menina anotaram as características da caminhonete, a Hyundai Tucson, de cor preta, placa MFM 6213 (Navegantes). J. foi levada para casa e entregue para a mãe. A criança não tem dúvidas de que o subprefeito Vavá foi o tarado que a teria atacado. Era ele, sim. E eu soube que não fui a primeira vítima dele, carcou ainda.
Pai da menina chegou a caçar Vavá em casa
O soldado Marcelo Gonçalves Vieira, da PM, esteve a ponto de cometer uma loucura contra o suposto tarado. Revoltado com o que teria acontecido, o pai de J. foi até a rua José Juvenal Mafra e ficou até às 2h da madrugada na frente da casa de Vavá com uma arma em punho. Ele deu sorte de não ter voltado para casa. Eu estava de sangue quente e faria uma besteira, admitiu Marcelo. Mas agora já estou mais calmo, completou.
O pai de J. faz questão de dizer que o vizinho e subprefeito do Gravatá já teria sido autor de outra suposta tentativa de estupro contra uma dimenor de 14 anos, no verão do ano passado. Ele chegou a jogar a menina para dentro do carro, e só não a levou porque populares avançaram nele, contou o soldado que fez questão de dizer que desta vez o crime não ficará impune. Vou processá-lo, com certeza.
Mãe entrou em estado de choque
A balconista Ivonete Peres tava em casa quando a filha chegou com os clientes da choperia que a teriam salvo. A mãe disse que empalideceu assim que ouviu toda a história e quase teve um treco. Quase tive um enfarto. Eu sofro dos nervos, então, na hora, não consegui falar, nem andar. Entrei em estado de choque, lembrou. O marido Marcelo e um filho de 17 anos não estavam em casa na hora que a filha veio escoltada pelos desconhecidos, o que deixou a balconista ainda mais nervosa.
Ivonete afirmou que não tem dúvidas de que era o subprefeito Jair José Vavassori, o Vavá, o tarado perseguidor. Ela fez coro com o marido e disse que não vai sossegar até colocar o peixe grande atrás das grades. Ele já tentou estuprar outras duas garotas, mas a gente sabe que vão protegê-lo, por trabalhar na prefeitura.
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O caso foi registrado ontem à tarde na depê de Navega. A delegada Tatiana de Oliveira informou, através dos policiais de plantão, que recebeu a denúncia contra Vavá. Mas a acusação seria apenas de perseguição e não de tentativa de estrupo.
Vavá sumiu
Ontem pela manhã, o DIARINHO foi até o casarão de Vavá, na rua Juvenal Mafra, no Gravatá. A Tucson usada pelo suposto tarado estava na frente da baia. Os registros no departamento de trânsito indicam que a caminhonete pertence mesmo ao subprefeito do Gravatá.
Uma empregada da casa garantiu que Vavá não estava por lá e que estava sozinha na baia.
Bob Carlos não sabia da acusação
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Ontem à noite, o prefeito Roberto Carlos de Souza (PSDB) se disse surpreso com a denúncia contra o subprefeito do bairro Gravatá. Ele garantiu que até então não sabia de nada. É uma acusação muito grave. Vou me inteirar do assunto e somente me pronunciar depois de conhecer a história, afirmou.
Bob Carlos garante que nunca ouviu nada do gênero contra o subprefeito.
Vavá é comerciante. É dono de uma farmácia que leva o seu nome e fica ao lado da sua casa. Foi secretário de Obras da prefeitura de Navega no primeiro ano de governo de Bob Carlos. Depois, passou a comandar a subprefeitura do bairro onde mora, o Gravatá.