Ontem, no mercado público da city peixeira, muito boxe já tava sem tainha. Quem ainda tinha estoque do peixe tava vendendo a ovada a uns R$ 10 o quilo dois reais a mais do que no começo da safra, há 45 dias. Todo ano é assim, chega essa época e a tainha começa a desaparecer, diz João Nascimento, 45 anos, que há exatas três décadas trampa no mercado.
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Mas este ano a situação é diferente. Ao menos é o que afirma o secretário de Pesca da prefa de Itajaí. As expectativas de 5,5 mil toneladas de peixe capturado nesta safra, lamenta Aguinaldo, não vão se confirmar. Quando muito, a quantidade de tainha capturada chegará a 3,5 mil toneladas. Um resultado muito pequeno, se considerar que são 81 embarcações nos litorais do Sul e do Sudeste.
Pra quem é cliente fiel do caminhão do peixe, a notícia também não é boa. É que tá arriscado não ter cabeçuda esta semana pra vender pro povão. Mataram só pouquinho esse final de semana e agora vão congelar a tainha, diz Carlos de Paula Seára Sobrinho, o Calinho Canela, coordenador do programa Peixe nos Bairros da prefa de Itajaí.
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No boxe onde trampa João Nascimento, ontem já não tinha mais tainha. A do barco acabou. Agora, só se vier da praia, comentou, referindo-se ao peixe cercado na costa catarinense por pescadores artesanais.
Atraso nas licenças prejudicou safra deste ano
Os armadores tão preocupados com a situação, faz questão de dizer Aguinaldo. Tivemos aí só uns 22 dias de pesca, comenta. Dois foram os principais motivos presse período de um mês e meio de safra ter, na prática, só os 22 dias úteis de que fala o secretário da Pesca. Um deles foi o tempo ruim, que impediu as embarcações de saírem mar afora. O outro foi o atraso nas licenças. Tinha embarcações que até 10 dias atrás ainda não tinham licença, reclama.
No segundo caso, foi culpa da burocracia ou da má vontade do governo federal. No ministério da Pesca diziam que dependiam do ministério do Meio Ambiente. No Meio Ambiente alegavam que os processos já tavam com a Pesca. Embarrigaram e demoraram pra liberar as licença, sincabrera o abobrão, que também tem barcos que capturam tainha. Ainda pra Aguinaldo, a saída de Idelli Salvatti e a entrada de Luiz Sérgio como ministro da Pesca também teriam ajudado a atrapalhar a liberação das licenças.
Tanta amarração pra liberar as licenças fez diminuir a captura de tainha nesta safra, diz o secretário de Pesca. Menos cabeçuda na praça, ressalta, tem como resultado preço mais caro pro consumidor final. Na safra passada, o quilo da tainha que saía do barco e ia pras indústrias e peixarias tava numa média de R$ 2,80. Agora, informa o armador, tá sendo vendido a R$ 4.
O medo de Aguinaldo é que o resultado baixo da safra seja usado pelo pessoal do ministério do Meio Ambiente pra alegar que a tainha tá escasseando, o que pra ele não é verdade.
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Atrasou pra dedéu
A safra da tainha começou em 15 de maio e oficialmente termina no final deste mês. Mas agora, já a partir de 5 de julho, o peixe passa e some daqui, afirma Aguinaldo dos Santos, secretário de Pesca da prefa de Itajaí. Só que o pessoal do governo federal, pelo segundo ano consecutivo, atrasou as licenças pras traineiras irem atrás das cabeçudas.
O primeiro lote de permissão, com 53 das 81 licenças, só saiu dia 20 de maio. A segunda leva de licença, com mais 10 permissões, foi liberada dia 28 de maio. Em 25 de junho saíram as últimas licenças.
Armadores querem ministro pelaqui
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Os armadores catarinas querem a presença do novo ministro da Pesca, Luiz Sérgio, pelaqui. Semana passada estivemos em Brasília, conversamos com o ministro e acertamos uma visita dele em Itajaí, disse Aguinaldo dos Santos, dono de barco e secretário de Pesca e Aquicultura da prefa peixeira.
O abobrão garante que teve a promessa de Luiz Sérgio que até o final deste mês fará o que fizeram seus antecessores: virá bater perna pela cidade que é considerada o maior polo pesqueiro do país. A intenção nossa é acertar com o ministro um fórum da pesca, que debata todos os problemas do setor, afirmou ainda Aguinaldo.
Sem agenda prevista
Mas, pelo jeito, o ministro esqueceu da promessa que teria feito aos armadores catarinenses. Por enquanto Itajaí não está incluída na agenda de visitas do ministro, informou ontem ao DIARINHO uma funcionária do gabinete de Luiz Sérgio.
O calendário de atividades do ministro, revelou a funcionária, ainda tá sendo montado. Pelo menos por esses 15 dias ele já está com muita agenda, disse.
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