Que tal morar ao lado de uma cachoeira, com vista privilegiada? Esta é a realidade do motorista Otávio Laurenço, morador da rua Venezuela, 426, bairro Fazendinha, em Itajaí. O problema é que a cachoeira não é formada por águas cristalinas, mas por bosta pura. A sujeirada jorra do morro e deságua num terreno do serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e Infraestrutura (Semasa). No local, há uma bomba de alta pressão que abastece toda a Praia Brava. A direção do serviço garante que não existe risco de contaminação.
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O DIARINHO foi conferir a denúncia do motorista, que mora em frente ao mini-reservatório. Com o arame de proteção violado, qualquer um tem acesso ao terreno e faz o que bem entender no local. Otávio ...
O DIARINHO foi conferir a denúncia do motorista, que mora em frente ao mini-reservatório. Com o arame de proteção violado, qualquer um tem acesso ao terreno e faz o que bem entender no local. Otávio garante que é comum encontrar fezes pela calçada. É um absurdo. A merda tá passando do lado de um reservatório de água. E se infiltrar? O Semasa vai saber?, pergunta, indignado. Trancafiado em casa, Otávio não consegue mais abrir as janelas por conta do mau cheiro.
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Por lá, a reportagem encontrou outra moradora indignada com a vala a céu aberto. T.A.S, 16, mora com os pais ao lado do terreno e também não guenta mais o fedor. Tem merda até dizer chega. É uma vergonha, detona a jovem. A moça ainda revela que as cacacas vêm de duas casas no alto do morro. Antes eram quatro casas, mas de tanto os vizinhos encherem o saco, duas fizeram o encanamento certinho. A equipe do DIARINHO subiu o morro a pé pra tentar conversar com as famílias, mas não encontrou ninguém.
A jovem moradora conta também que o pai dela já consertou o encanamento clandestino, pois a bosta jorrava por toda a rua. Inclusive o meu namorado já pisou achando que era culpa de um cachorro.
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A mocinha garante que o paizão também já se propôs a bancar metade dos gastos pra construção de um muro no local, mas o Semasa não topou.
Semasa desconhecia perrengue
O Semasa afirma que desconhecia o perrengue na Fazendinha. Antes nós pensávamos que era água que escorria do morro. Mas como constatamos que se trata de esgoto, vamos passar o caso pra Famai [fundação do Meio Ambiente de Itajaí], garante o porta-voz da autarquia, Murilo José.
A Famai vai investigar de onde vem a inhaca e tomar todas as medidas legais. Não tem como a gente afirmar que os resíduos vêm das casas do morro. Não cabe a nós a investigação, sisplica. Apesar de admitir que a bosta passa pelo terreno, Murilo faz questão de tranquilizar a população e descarta qualquer possibilidade de contaminação. Não tem perigo porque é tudo lacrado. Lá não é um ponto de tratamento de água, apenas um mini-reservatório. É deste local que é feito o abastecimento de água da Praia Brava.
O Semasa também tava por fora da cerca arrombada. Não é permitido o acesso de ninguém ao local, tanto que o portão tem cadeado. Algum vândalo deve ter rompido. Mas amanhã mesmo vamos arrumar a cerca, promete.
Sobre o muro que a instituição recusou-se a fazer, Murilo garante que isso não vai resolver o problema. Ele aguarda pelas medidas a serem tomadas pela Famai.
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