Todos são acusados de integrar um mega esquema de corrupção, que tinha como tempero o superfaturamento de obras, propina tomada de empresários, a construção de obras desnecessárias pra tentar tirar grana do governo federal e a cobrança por serviços não realizados ou produtos não entregues à prefa.
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A operação se chamou El Niño, uma referência ao famoso fenômeno climático que costuma fazer estragos no litoral catarina. É que boa parte dos supostos crimes foi praticada usando como justificativa a enchente de 2008 e as enxurradas que atingiram a região de lá pra cá. Procuradores do Ministério Público Federal também integraram a ação, comandada pelo delegado Alessandro Neto Vieira, da PF de Joinville.
Os policiais ainda invadiram a casa de todos os acusados e também salas da prefeitura, incluindo o gabinete de Samir Mattar, pra recolher computadores e documentos. Foram ao todo 10 mandados de busca e apreensão.
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A dona justa Federal acatou pedido do Ministério Público Federal, que está investigando o caso desde junho do ano passado, quando recebeu o relatório de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) feita pelos vereadores da Capital do Pirão.
O prefeito Samir Matar e todos os outros figurões, além de afastados de seus cargos públicos, tão proibidos de ter contato com qualquer servidor público da prefa da Capital do Pirão.
Veja as consequências políticas da operação El Niño na página 11 desta edição.
Samir diz que não foi informado das acusações
Sem entrar em detalhes sobre o caso, Samir Mattar negou ao DIARINHO todas as acusações. Minha vida é pública e não tenho nada a esconder. Se quiserem, dou autorização pra quebrarem meu sigilo fiscal, lascou, dizendo que oficialmente não havia sido informado do que estava sendo acusado. Os policiais vieram na minha casa e levaram o meu notebook. Até agora, só sei que fui afastado, mas não explicaram ainda o por quê, afirmou.
Valdir Tavares, presidente da câmara, e Eurides dos Santos, abobrão do Planejamento e dos Assuntos Jurídicos, não atenderam aos telefones celulares e não retornaram os recados deixados. O vereador licenciado Eurico dos Santos chegou a atender, mas desligou quando o DIARINHO se identificou. Os demais acusados não foram localizados pela reportagem.
Abobrão já respondia a duas acusações por corrupção
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O até então todo-poderoso da prefa da Barra Velha, Eurides dos Santos, já respondia por outros crimes de corrupção antes do escândalo que estourou ontem. Eurides é acusado de desviar R$ 130 mil dos R$ 250 mil que no finalzinho do ano passado o governo estadual doou prum grande rodeio crioulo na cidade.
A corrupção teria resultado na morte de duas pessoas. Isso porque parte do dinheiro desviado era para a prestação de um serviço de fogos de artifícios. Dos R$ 25 mil orçados, só foram pagos R$ 4 mil. O trampo, então, foi feito à mea boca e acabou rolando uma explosão que causou as duas mortes no dia 31 de dezembro. A acusação é da promotora Luciana Shaefer Filomeno.
Eurides também é acusado de fraudes num concurso público municipal.
CPI dos Pregos foi o que puxou o fio da meada
Foi a comissão parlamentar de inquérito movida pelos vereadores, no ano passado, chamada de CPI dos Pregos, que puxou o fio da meada de toda a história escabrosa e acabou trazendo à tona o esquema de corrupção na Barra Velha. É o que afirma o vereador Carlos Alberto da Silva (PR), o Tinho, que presidiu a comissão. Terminamos a CPI em junho e então enviamos o relatório da comissão pro MPF avaliar, sigaba o parlamentar da oposição.
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A investigação na câmara levou o nome de CPI dos Pregos porque, durante a fuçada, os vereadores se depararam com notas fiscais indicando 2,2 toneladas de pregos, supostamente comprados pra ajudar na reconstrução das casas destruídas durante a enchente de 2008. A prefeitura disse que tinha mais de cinco mil famílias desabrigadas. Fomos às ruas e não encontramos 10, cutuca o vereador Fábio Brugnago (PP), relator da CPI.
Um dos resultados da CPI foi a descoberta de que algo perto de R$ 600 mil, de verbas públicas federais, teriam sido desviados, afirma o vereador Tinho. A grana veio pra ajudar o povão lascado na enchente e nas enxurradas, mas acabou supostamente no bolso dos abobrões corruptos.
Novo prefeito vai fazer auditoria
O inferno astral do prefeito afastado Samir Mattar ainda vai longe. Ontem, o vice-prefeito Claudemir Matias Francisco (PSB) assumiu a cadeira estofada do paço da Capital do Pirão e anunciou que irá fazer uma auditoria em todas as contas da prefa.
Foi Claudemir quem denunciou ao DIARINHO, em abril deste ano, uma das obras desnecessárias começadas por ordem de Eurides. Uma vala de 50 metros de comprimento, que trancou o acesso a casas e comércios das ruas Eulália Micheref e Francisco Sérgio Jacinto, no bairro São Cristóvão, foi aberta sob alegação de conter alagamentos e ficou por lá por mais de três meses, atrapalhando a vida do povão. A obra foi orçada pela prefeitura em R$ 798 mil.
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