Lá estavam eles. Rindo, tocando, dançando, tagarelando. Estavam orando, fizeram questão de dizer. Mas não uma oração daquelas que dá calos nos joelhos ou que amassa a bíblia de tanto ser levada debaixo do braço pra lá e pra cá. Era uma celebração à vida, recheada de bom humor e alegria. E isso em pleno loteamento Conde Vila Verde, apontado como a região mais cabreira do distrito do Monte Alegre.
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Quando o DIARINHO passou pela frente da capelinha católica de Santa Bárbara, já perto das 22h, a gurizada do grupo de jovens Kerigma terminava mais um encontro dos três que costuma fazer toda a ...
Quando o DIARINHO passou pela frente da capelinha católica de Santa Bárbara, já perto das 22h, a gurizada do grupo de jovens Kerigma terminava mais um encontro dos três que costuma fazer toda a semana. Sobravam uns 20 por lá. Mas o grupo, informa Rafaela Dalago, 16, tem em torno de 50 integrantes. Se contar outros dois grupos de jovens católicos do distrito, o número de garotas e garotos chega perto dos 170.
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Eles têm noção da violência que se espalhou por lá. E é através da religião que tentam combatê-la. A gente fala pras pessoas que não se pode fechar os olhos pra isso que tá acontecendo aqui. Por isso temos que fazer a nossa parte. E a nossa parte é fazer as coisas boas, discursa a baixinha Flávia Nunes de Andrade, 16.
Entre o fazer as coisas boas de que fala Flávia está mostrar alternativas de vida e de convivência saudável. Inclusive tentando tirar do caminho do crime ou do uso de drogas amigos, parentes ou vizinhos.
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Como o alvo é gente como eles, a juventude, caretice ou preconceitos não têm vez. O grupo une as pessoas. É um lugar onde tu vem e tem que ser o que tu é, faz questão de dizer Bruna Russi Dias, 18, a vocalista do Teófilos, o grupo que toca uma afinada balada do tipo gospel e que pertence ao Kerigma.
Rezar, cantar, dançar, conversar, trocar impressões sobre o mundo que os cerca e principalmente ajudar. Esta foi a maneira que os integrantes do Kerigma encontraram pra se ocupar quando não estão estudando ou trabalhando. Há, claro, os momentos em que professam sua religião. Nós pregamos a palavra, ressalta Rafaela, uma das coordenadoras. Mas também fazem festa, muita festa. Mas sem bebida alcoólica, frisa a líder do grupo.
Pra tentar entender esses jovens, é preciso vê-los como um exército da paz, que transforma incertezas, angústias e descaso de autoridades em motivação pra cerrar fileiras na guerra do bem contra o mal.