Delegado há 35 anos, o dotô Nivaldo Claudino, de Floripa, afirma que está prestes a largar os anos de dedicação à corporação, caso a medida seja colocada em prática. Ele afirma que os milicos têm como função trabalhar nas ruas, combatendo a bandidagem, e não registrando queixas. Quem vai despachar esse BO e atender a vítima?, questiona. Ele lembra que, por lei, cabe a civil, que é a polícia judiciária, registrar e investigar os crimes.
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O chefão da associação dos delegados do estado, Renato Hengs, concorda que não faz sentido os PMs investigarem os crimes. É usurpação de funções, opinou. Ele diz que nos próximos dias pretende levar o caso ao Ministério Público e até ao secretário da SSP, César Grubba, pra tentar reverter a situação.
Os delegados acreditam que a medida pode deixar a população desprotegida. Como os milicos terão que buscar computadores no batalhão e nas delegacias pra registrar as ocorrências, não estarão nas ruas pra combater a criminalidade.
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O advogado criminalista Hélio Rubens não é tão pessimista quanto os delegados. Ele acredita que a medida pode dar certo, mas é preciso investir na compra de equipamentos. O ideal é que ocorra como nos Estados Unidos, onde eles têm computadores na viatura, comenta.
Confusão
O secretário Grubba, através da assessoria de imprensa, afirma que muitos delegados tão fazendo confusão. Ele explica que os milicos continuarão a atender as ocorrências na rua, mas ao invés de registrar num papel e passar à central da PM, eles procurarão um computador e registrarão a ocorrência direto no sistema de Informações de Segurança Pública (Sisp). O sistema é integrado e pode ser acessado pelos policiais, bombeiros e Samu.
As atribuições continuariam as mesmas e as vítimas ainda teriam que procurar a polícia Civil pra registrar o crime. O sistema terá por objetivo integrar os serviços nos diversos órgãos da segurança respeitando os limites de atribuições de cada uma das polícias, lascou, através de nota, o secretário.
Mudança começa na quarta-feira
A mudança é um projeto piloto e passa a valer a partir de quarta-feira, dia 27 de julho. Neste primeiro momento, somente os milicos de Floripa farão os registros das ocorrências nos computadores. Todos já foram treinados pra mexer. Caso dê certo, nos próximos meses a medida pode ser expandida pra outras citys da Santa & Bela.
A assessoria informa que a ideia é comprar aparelhos eletrônicos móveis e deixar na mão dos meganhas pra agilizar o processo de registro das ocorrências.
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Enquanto isso, os milicos usarão computadores emprestados nas depês e nos batalhões.
O representante dos fardados no estado, tenente coronel Fernando da Silva Cajueiro, informou que os PMs não falarão sobre a mudança até que ela seja implantada.