Enquanto uns não entenderam nada, outros vestiram a carapuça. Ontem à noite Luiz Carlos Pissetti (DEM) surpreendeu todos que acompanhavam a sessão quando pediu a palavra e, em poucos minutos, renunciou à presidência da câmara, abriu mão da cadeira no legislativo por 30 dias e instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra ele mesmo. Pissetti ficou mordido com uns comentários de que a casa do povo tava gastando muito e que a culpa era do gestor.
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Acho que como fui acusado de mau gestor, preciso salvar a imagem da câmara. Então quero que investiguem. E me afastei porque não acredito em quem é investigado no poder, justifica o democrata. ...
Acho que como fui acusado de mau gestor, preciso salvar a imagem da câmara. Então quero que investiguem. E me afastei porque não acredito em quem é investigado no poder, justifica o democrata. A paz entre os parlamentares começou a se dissipar assim que começou a ser discutido o aumento do número de vagas no legislativo peixeiro. Pissetti e outros dois vereadores foram contra na primeira votação, mas o projeto foi parcialmente aprovado porque nove foram a favor.
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No papéli em que oficializa sua decisão, Pissetti determina quatro barnabés efetivos da casa pra investigarem suas contas. Escolhi os servidores mais antigos da câmara e autorizei a abertura do meu sigilo bancário e fiscal. Não faço isso pra dar uma de herói, nem pra escapar da votação dos 21 vereadores, mas pra salvar a credibilidade da câmara, afirma o edil. A CPI proposta por Pissetti pra confirmar sua idoneidade no comando da câmara já deve começar hoje o trampo. Ontem, depois que soltou a bomba, o democrata deixou a casa do povo, enquanto os funcionários do gabinete dele faziam a mudança e os outros parlamentares, assustados, se reuniram pra decidir o que fazer.
Comando provisório
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Com a saída de supetão de Pissetti, o vereador Níkolas Reis (PT), que era o vice-presidente da mesa diretora, assumiu o posto e deu sequência à sessão. Logo que os edis se reposicionaram, o petista se colocou como presidente temporário. Esperamos que uma boa noite de sono faça com que o nosso presidente volte pro lugar em que sempre teve honra e dignidade pra nos gerir, botou panos quentes Níkolas.
Mas o discurso dele se contrapôs ao discurso da última segunda-feira. O plá que rolou na Associação Empresarial de Itajaí (ACII), na noite de segunda-feira, foi onde tudo começou. Os edis que votaram a favor da alteração no número de vagas, de 12 pra 21, queriam expor os argumentos pros representantes das entidades peixeiras. Comparando a outras legislaturas, nessa com 12 vereadores o custo tá sendo absolutamente superior. E isso depende do gestor. A câmara tá gastando muito dinheiro com despesas extras. Só pode baixar os gastos se o gestor quiser, atacou o petista durante o encontro.
Na mesma reunião, o vereador Renato Ribas Pereira (PSDB), que já presidiu a casa do povo, seguiu na mesma linha do petista. Os gastos podem diminuir, basta o gestor querer, continuou o tucano. O DIARINHO questionou, durante o debate, se os vereadores não tinham tanta responsabilidade quanto o presidente da câmara, já que eles têm que aprovar o orçamento. Perdemos de puxar um pouquinho mais a orelha do gestor, respondeu na ocasião Níkolas. Pissetti não tava presente no plá.
Parece irônico. Depois de tanto discutirem pra aumentar pra 21 o número de vagas, agora o legislativo peixeiro vai ficar por 30 dias com 11 vereadores. Como Pissetti pediu apenas 30 dias de licença, não poderá ser nomeado nenhum substituto. Pra que um suplente da coligação tivesse o direito de preencher a cadeira, o democrata teria de pedir pelo menos um dia a mais de afastamento. Pra não dar falatório, Pissetti também pediu licença não-remunerada, portanto, fica sem salário enquanto tá longe da casa do povo.