Itajaí

Brucutus espancam três gays em busão da Praiana

Rapazes dizem que motorista e cobrador deixaram violência acontecer e ainda acharam engraçado. Dono da Praiana garante que funcionários não perceberam a brutulidade

Engana-se quem pensa que violência contra homossexuais é coisa que só rola na novela das oito da rede Globo. Em Itapema, na noite de quarta-feira, três rapazes foram atacados por uma dupla de marmanjos preconceituosos. Dois foram violentamente espancados. A brutalidade rolou no interior de um busão da Praiana e, dizem as vítimas, sob os olhares coniventes do motora e do cobrador.

Continua depois da publicidade

C.P.G., 24 anos, C.H., 21, e M.A.C., 26, embarcaram no ônibus de número 955, no ponto perto do restaurante Cabral, na Meia Praia às 22h. Contaram ao DIARINHO que, além deles, estavam no buso apenas ...

Já tem cadastro? Clique aqui

Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais

Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!

C.P.G., 24 anos, C.H., 21, e M.A.C., 26, embarcaram no ônibus de número 955, no ponto perto do restaurante Cabral, na Meia Praia às 22h. Contaram ao DIARINHO que, além deles, estavam no buso apenas o cobrador e o motorista. Os três iam pra Balneário Camboriú, onde moram.

Continua depois da publicidade

No ponto seguinte os agressores entraram. “Eles gritavam: seus gays, seus viados”, recorda C., que garante nunca ter visto os brucutus. M. disse ter a impressão de que um dos homens também tava no mesmo ponto onde eles embarcaram. A violência, afirmam os rapazes, foi gratuita. “Foi uma coisa inesperada. Só tinha nós dentro do ônibus e o cobrador riu da nossa cara”, contou.

C.P. tava no banco da frente e escapou dos golpes mais violentos. C.H. levou vários socos no rosto e acabou com um corte a orelha esquerda e no rosto. M. teve o nariz atingido por um porradaço e lembra que o sangue espirrou na hora com a violência do golpe.

Continua depois da publicidade

Motorista e cobrador deixaram rolar

O que deixa os rapazes ainda mais indignados, é que tanto o motora quanto o cobrador da Praiana continuaram a viagem normalmente, mesmo com a violência rolando dentro do busão. O motora Geziel Gomes da Silva, 26, teria deixado os agressores saírem numa buena, como se o espancamento a homossexuais fosse a coisa mais normal do mundo.

Um dos rapazes teria ligado pra PM na hora da agressão e, por telefone, o policial teria dito para que o motora parasse o busão. Mas Geziel, contam os gays, não atendeu. Somente no posto da polícia Rodoviária Federal, depois que os agressores já tinham descido, é que ele parou, por ordem de um patrulheiro. “Podia morrer ali que ele não ia parar. E se eles tivessem me dado uma facada? Eles não iam nem ver”, diz M., indignado.

Motora não teria percebido a agressão

O empresário Marco Aurélio Seára, dono da Praiana, diz que o motorista e o cobrador contaram-no uma história um tanto diferente. Afirmaram que cinco minutos depois que os supostos agressores entraram, ouviram gritos de “para, para”. “O motorista pensou que os dois tinham embarcado no ponto errado. Então parou e eles desceram”, conta Marco Aurélio.

Só depois que tocou o busão, é que o motorista teria simancado que os passageiros tavam machucados. O cobrador também não teria visto a violência.

Marco Aurélio desmente a acusação de que o motorista desobeceu a ordem da PM de parar o ônibus. Teria sido Geziel quem ligou pros homi, diz ainda. “Como a polícia disse que não viria, o motorista então os levou até o posto da PRF”, afirma o empresário.

Continua depois da publicidade

Geziel teria dito ao dono da Praiana que os rapazes estavam mexendo com pessoas na rua e até mesmo no ponto. Marco desconfia que alguém não gostou da zoeira e resolveu se vingar dos guris.

 

Dois gays já foram mortos este ano em Santa Catarina por homofobia

A situação é grave. A Santa & Bela é o quarto estado com maior índice de violência contra homossexuais no Brasil, afirma Andréa Wolff, psicóloga da Imagine, uma ONG do Balneário Camboriú que dá apoio a gays e lésbicas vítimas de homofobia. “No primeiro semestre deste ano, temos registrado mais de 40 casos de violências em lugares públicos em Santa Catarina”, diz Andréa.

Pelo menos duas mortes rolaram este ano no estado por conta da intolerância contra os homossexuais. A mais recente, na madruga da segunda-feira desta semana, no bairro Capoeiras, em Floripa. Antônio Carlos da Conceição, 61 anos, foi atacado e espancado até a morte por um grupo de seis rapazes depois de sair de um bailão. A outra morte foi em Chapecó, no primeiro semestre. Três operários mataram um colega de trabalho depois de torturá-lo.

Continua depois da publicidade

A violência contra gays é coisa cotidiana, diz Andréia. “Isso acontece todo dia. Não é uma coisa só da novela, só do Rio de Janeiro, acontece aqui também, na região. O nosso centro já atendeu mais de três mil casos no estado todo”, afirma.

Tem que botar a boca no trombone

Quem for agredido, diz o também psicólogo Jayson Seibol, que atua junto com Andréia na Imagine, deve botar a boca no trombone. A primeira coisa a fazer, é um boletim de ocorrência policial para o caso entrar pras estatísticas. Quanto mais violências vierem à tona, afirma, melhor fica pra pressionar os parlamentares federais a aprovarem o projeto de lei contra a homofobia que tá mofando no congresso.

Tiras da Civil teriam feito pouco caso da denúncia

O preconceito contra os homossexuais também teria rolado por parte de policiais civis de Itapema, acusam os rapazes agredidos no interior do busão da Praiana. O tiras teriam feito boquinha pra registrar o boletim de ocorrência.

Continua depois da publicidade

Ao chegarem na delegacia, depois de saírem do posto da PRF, os gays teriam enfrentado uma barra pesada com um casal de tiras, que ao invés de atendê-los ficaram vendo TV. “A gente querendo contar nossa história, apavorados, e eles só assim: ‘Cala a boca, que a gente já vai atender vocês’, denuncia um dos rapazes. “Um deles (policial) riu da gente também”, reclama outra.

O delegado Rodrigo Duarte de Andrade, da depê de Itapema, fez beicinho e não quis falar com o DIARINHO. A dotôra Magali Ignácio, delegada da regional de Polícia Civil do Balneário Camboriú, preferiu não comentar o caso alegando que não tava por dentro do assunto e que deveria ser o delegado da Itapema quem deveria se manifestar.

 




Conteúdo Patrocinado



Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Clique aqui para fazer o seu cadastro.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

WhatsAPP DIARINHO

Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






216.73.216.69

TV DIARINHO


🚘🚛 TRÂNSITO LENTO! Acidente com três carros deixou a rodovia Antônio Heil travada nesta segunda de manhã ...



Podcast

Sextou com tranqueira no trânsito da região

Sextou com tranqueira no trânsito da região

Publicado 11/07/2025 19:16



Especiais

Taxação de super ricos: por que a conta não fecha, com Eliane Barbosa

Taxação de super ricos

Taxação de super ricos: por que a conta não fecha, com Eliane Barbosa

Tudo nas bets é pensado para viciar, alerta psicólogo Altay de Souza

VÍCIO EM APOSTAS

Tudo nas bets é pensado para viciar, alerta psicólogo Altay de Souza

Corte Interamericana reconhece direito a clima saudável e estabelece obrigações aos países

DIREITOS HUMANOS

Corte Interamericana reconhece direito a clima saudável e estabelece obrigações aos países

Expulsos por hidrelétrica em Goiás, quilombolas lutam há duas décadas por reparação

LUTA POR DIREITOS

Expulsos por hidrelétrica em Goiás, quilombolas lutam há duas décadas por reparação

Vítimas relatam abusos por lideranças de terreiro de candomblé em Belo Horizonte (MG)

ABUSOS EM TERREIRO

Vítimas relatam abusos por lideranças de terreiro de candomblé em Belo Horizonte (MG)



Blogs

🧠 CBD e Alzheimer: esperança no cuidado de quem mais precisa

Espaço Saúde

🧠 CBD e Alzheimer: esperança no cuidado de quem mais precisa

As duas juntas...

Blog da Jackie

As duas juntas...

Intocável

Blog do JC

Intocável



Diz aí

"A hora que tiver um barco A8 singrando as águas de Itajaí, pronto, vou me realizar"

Diz aí, Maurício Boabaid!

"A hora que tiver um barco A8 singrando as águas de Itajaí, pronto, vou me realizar"

Maurício Boabaid estará ao vivo no “Diz aí!”

QUARTA-FEIRA

Maurício Boabaid estará ao vivo no “Diz aí!”

"Eu ouço todo mundo, mas quem toma a decisão final sou eu

Diz aí, Robison Coelho!

"Eu ouço todo mundo, mas quem toma a decisão final sou eu

Prefeito Robison Coelho será entrevistado ao vivo pelo DIARINHO

Diz aí

Prefeito Robison Coelho será entrevistado ao vivo pelo DIARINHO

"Se eu não conseguir reverter, eu não quero nunca mais saber de política"

Diz aí, Alexandre Xepa!

"Se eu não conseguir reverter, eu não quero nunca mais saber de política"



Hoje nas bancas

Capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.