A chuva que cai em Itajaí desde a semana passada trouxe medo e prejuízos pro povão, ontem. Os temporais vieram acompanhados de inundações, deslizamentos de terra e alerta total pros bombeiros e pra defesa civil da city peixeira. Por sorte, os perrengues causaram apenas danos materiais e ninguém ficou ferido.

Era por volta de 7h, quando uma enorme pedra caiu do morro da Atalaia e trouxe junto barro e árvores, forçando a interdição parcial da rua Francisco Evaristo Canziani. A pedrona caiu no mesmo ponto onde outro deslizamento rolou no dia 10 de agosto.

O catador Paulo José Samuel, 49 anos, passava de bike na hora em que a terra cedeu e se impressionou com o barulho. “Eu tinha passado às 6h30 e não tinha acontecido nada, quando voltei veio tudo abaixo”, lembra.

Ontem, os vermelhinhos e a defesa civil tentaram derrubar outra grande pedra, que tava prestes a cair no local. As tentativas rolaram em função do risco que a rocha trazia pro trabalho de limpeza, mas não foi possível retirar a grandona apenas com jatos de água – o que acabou deixando a terra ainda mais vulnerável –, e uma nova tentativa será feita hoje. “A pedra é muito grande. Estamos pensando em usar um guindaste e cabos de aço, mas isso ainda depende de uma avaliação”, diz Everlei Pereira, coordenador da defesa civil peixeira.

Outro deslizamento rolou no Limoeiro, onde parte de um morro desabou na rua LM-1, por volta das 6h. Por lá, quem tomou um baita susto foi o padeiro Edson Fernandes da Rosa, que quase perdeu o carango no monte de terra. O Celta, placa MFB 4342, estava estacionado na frente do morro na hora do deslizamento. “Eu estava trabalhando e, quando ouvi o barulho, corri pra tentar tirar o carro. Já tinha terra até a altura da porta. Só deu pra tirar o carro com a ajuda de uma motosserra, porque tinha um galho de árvore trancando”, conta. Não está descartada a possibilidade de um novo desmoronamento por lá, em virtude do solo molhadaço.

Além dos desmoronamentos, a chuva alagou diversas ruas da cidade, especialmente nas regiões da Vila da Miséria, na Murta, e do Brejo, nos Cordeiros.

Perrengues nas escolas

A chuva também causou transtornos em colégios de Itajaí. As escolas municipais Ariribá, na Fazenda, Elizabeth Malburg, na Nova Brasília, Eduardo Dadinho Canziani, no São Vicente, e a biblioteca pública Silveira Júnior, na Vila Operária, sofreram com goteiras. Apesar dos perrengues, nenhuma aula foi suspensa.

Tempo vai melhorar

De acordo com a Epagri Ciram, a previsão é de torneiras abertas somente até o início desta madrugada, quando, enfim, o tempo deve secar divez. De acordo com Everlei, a defesa civil segue de olho nas encostas, pois o solo tá encharcado. “Quem mora nesses lugares deve ficar atento à inclinação de postes ou árvores e também cuidar rachaduras no solo ou nas residências. Se isso acontecer, saiam de casa”, avisa.

Perrengue pros portos e pro aeroporto

Na água e nos céus a chuva também deu um jeito de atrapalhar as operações de navios e aviões. No aeroporto de Navegantes, três voos foram cancelados em função do aguaceiro. Enquanto isso, o canal da barra do rio Itajaí-açu foi fechado às 16h30 e duas embarcações atracadas tiveram que ir embora sob risco de ficarem à deriva.

A assessoria de imprensa do aeroporto dengo-dengo informou que, das 17 operações programadas pra ontem, três foram suspensas por opção das companhias aéreas. Pela manhã, um voo da Gol que ia pro Rio de Janeiro/RJ e outro da Tam com destino a São Paulo/SP tiveram suas viagens abortadas. À tarde, a empresa Web Jet cancelou seu voo pra São Paulo. Não houve aglomero de passageiros no terminal dengo-dengo.

Com relação ao perrengue pros portos, o gerente da praticagem de Itajaí, Daniel Poffo, conta que dois navios ficaram esperando a vez pra entrar na barra do Itajaí-açu, que fechou devido à forte correnteza que ameaçava a navegação no local. “Os navios foram desatracados por segurança, porque a força da água podia romper as amarras e o navio ficar à deriva”, conclui.