O abrigo montado na igreja de São Cristóvão, no bairro Cordeiros, em Itajaí, foi o primeiro a ficar lotado. Cerca de 700 pessoas vindas do loteamento Jardim Esperança, o popular Brejo, e da Vila da Miséria, na Murta, estão abrigadas ali. As duas localidades foram as primeiras a receberem o alerta de cheias e de serem tomadas pela água do rio Itajaí-açu.
Na manhã de sexta-feira, as crianças corriam pelo abrigo, parecendo alheias à desgraça que se anunciava. No semblante dos mais velhos, a preocupação de uma nova enchente se misturava com a sensação ...
Na manhã de sexta-feira, as crianças corriam pelo abrigo, parecendo alheias à desgraça que se anunciava. No semblante dos mais velhos, a preocupação de uma nova enchente se misturava com a sensação de que as cheias já estão virando rotina na cidade. O pintor Marcelo Joaquim dos Santos, 40 anos, chegou na quinta-feira de manhã com a esposa e os três filhos, de 11 e oito anos, e outro de um ano e 11 meses. É muito triste. O mais difícil é recuperar tudo o que é perdido, comenta o morador da rua Ananias Caetano da Silva, na Vila da Miséria.
Marcelo já enfrentou a enchente de 2008 e perdeu tudo. Agora, a família saiu de casa com a roupa do corpo e algumas mudinhas pra trocar no abrigo. O aviso da defesa Civil foi mais organizado e aqui no abrigo não falta nada, garante o pintor.
Quem também estava na igreja era a família de Adalto Pordo, 43. Ele, a mulher e cinco filhos moram na rua José Medeiros dos Filhos, no Brejo, e saíram de casa na manhã de quinta-feira. Levantamos as coisas. Na enchente de 2008 perdi bastante coisas, agora deu pra salvar, diz Adalto. O dono de um ferro-velho nos Cordeiros enfiou suas coisinhas dentro de uma Kombi e foi com a esposa pra igreja de São Cristóvão. Na noite passada, ele e a mulher dormiram dentro da Kombi, enquanto os filhos se alojaram no abrigo.
Situação tranquila
Segundo os soldados do Exército, que davam apoio no abrigo, a situação no São Cristóvão é tranquila. Três homens ficam ali para organizar os desabrigados e garantir a tranquilidade no local. Até o meio-dia de sexta, nenhuma ocorrência foi registrada ali. A responsável pelo abrigo, Leni Tessele, diz que comida, roupas e colchões não estão faltando. A única coisa que eles tão precisando é de material de limpeza. Precisamos também de material de higiene pessoal, diz Leni.
Ela comenta que durante o dia os homens que estão no abrigo saem e vão pras suas casas, porém, quando chega perto do horário do almoço ou janta, o pessoal começa a voltar para se alimentar. O almoço de ontem, no abrigo do São Cristóvão, foi macarrão, arroz, feijão e carne. Frutas como maçã e laranja também tavam sendo distribuídas para a população.
Na manhã de sexta, a prefeitura abriu mais um abrigo nos Cordeiros. O colégio Afonso Niehues, que fica ao lado da igreja, começou a receber desabrigados. Até as 13h de sexta-feira, 100 pessoas já estavam alojadas ali.