Itajaí

Viaduto vira porto seguro pra famílias

No grupo de refugiados, crianças e idosos se amontoavam com os animais

Mais de 30 famílias foram pra baixo do viaduto de Itajaí, que dá acesso a Brusque. A maioria, moradores da localidade Caixa d’Água, na Canhanduba. Eles abandonaram as casas e escaparam com o que puderam na quinta-feira. Desde então, estão dependendo da ajuda de quem passa e deixa alguma comida. No grupo, idosos e crianças se misturam aos animais domésticos que também foram salvos.

“Em 2008 nós já viemos pra baixo da ponte, só que ficamos com medo que a água também chegasse ali e corremos pra um abrigo”, conta Luiz Eduardo Peloni, 24 anos, catador de materiais recicláveis. ...

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“Em 2008 nós já viemos pra baixo da ponte, só que ficamos com medo que a água também chegasse ali e corremos pra um abrigo”, conta Luiz Eduardo Peloni, 24 anos, catador de materiais recicláveis. O povão que se amontoa embaixo do viaduto reclama que a prefa nem passou por lá pra levar mantimentos. Eles também pedem que alguma autoridade dê um jeito de instalar um banheiro químico pra eles. Enquanto isso, se viram como podem.

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Maria Ferreira Pires, 55, lembra que, na última enchente, até as paredes da casa dela foram derrubadas pela água. Ela não espera nada menos desastroso da nova enxurrada. “Este ano, só consegui tempo pra tirar minha carroça e os dois cavalos”, contou. Ela disse que priorizou os animais e a carroça, pois serão a forma de ela voltar a trampar, na nova luta por reerguer a baia.

“Desta vez, trouxemos nossas coisas antes da água chegar”

A secretária Maura Anacleto Nicácio, 49 anos, seu marido, filhos, nora, genro e os netos pequenos, desta vez, não esperaram a água bater na porta para procurar abrigo. Na madrugada de sexta-feira, pela segunda vez na vida, a primeira foi na enchente de 2008, a família se mudou para baixo do viaduto que liga Itajaí à rodovia Antonio Heil. Na manhã de quinta-feira, quando surgiram os primeiros boatos dando conta que Itajaí seria novamente tomada pelas águas, dona Maura não teve dúvidas. Esperou o marido e o filho chegarem em casa e começou a empacotar suas coisas.

“Ajudou o fato da gente ter caminhões à disposição, pois trabalhamos com materiais reciclados,” conta. Até as duas horas da madrugada de quinta para sexta-feira, a família Nicácio já estava com a “mudança” pronta. Um caminhão de contêiner abrigou os pertences do filho, nora e neto. Um segundo, acomodou a mudança da própria dona Maura. Já um terceiro caminhão virou o teto de toda a família. “Tudo que temos está aqui: móveis, roupas, eletrodomésticos, nossos cachorros, até a moto do meu filho tá em cima do caminhão,” mostrou à reportagem dona Maura.

Da enchente de 2008 ficou a (má) experiência. “Deixamos para sair quando a água estava entrando. Perdemos tudo. Agora, ao primeiro alerta, resolvemos ajeitar a casa, juntar o que deu em cima do contêiner e vir para cá,” disse. A nora de dona Maura, Sara Jaqueline Teixeira Nicácio, de 22 anos, tinha cinco meses de casada quando foi pega pela outra enchente. “O que tínhamos dentro da nossa casa, tudo novinho, foi perdido. Desta vez, trouxemos nossas coisas antes da água chegar. Vamos ficar aqui até ser certeza que não há perigo,” garante.

Além dos malabarismos para cuidar de duas crianças pequenas no acampamento - o neto caçula tem só dois aninhos -, pra dona Maura incomoda a dificuldade para ir ao banheiro, - o mais próximo fica num posto de gasolina a cerca de dois quilômetros.

A família também estranhou a vizinhança improvisada, pois há outras dezenas de pessoas abrigadas embaixo do viaduto. “Noite passada a turma tava alta. Beberam pinga e cantaram a noite toda. Teve até show de sexo explícito, meus vizinhos me contaram. Mas a gente se fecha no caminhão. Aí cada um vigia um pouco enquanto o outro descansa,” confessa a resignada dona Maura.

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