Cartazes, pranchas de surfe e palavras de ordem em prol da natureza. Com essas ferramentas, cerca de 150 pessoas fizeram um protesto pacífico contra o desmatamento e o suposto extermínio de animais na praia Brava, em Itajaí. A caminhada começou às 9h30 de ontem e rolou até as 11h de ontem, com o povão dando pernada pela avenida José Medeiros Vieira, desde a frente do mega empreendimento Brava Beach até a lagoa do Cassino. A polícia Militar acompanhou os manifestantes, que pretendem evitar que a praia peixeira se torne uma selva de pedras.

Um dos apoiadores do protesto, o professor Ivan Liñares, 56 anos, acredita que a mobilização é o início de uma mudança na forma agressiva como os empresários da construção civil tratam o meio ambiente. Pra ele, além da sede de dinheiro do setor, o problema maior está na corrupção que trabalha dentro de órgãos públicos. “Pra mudar algo na questão ambiental é preciso antes acabar com a corrupção. Órgãos ambientais também têm corruptos. Então, enquanto não acabarmos com isso, a questão ambiental vai seguir estacionada”, reclama, dizendo que no dia 15 de outubro vai rolar um novo protesto, na praça Almirante Tamandaré, na Maravilha do Atlântico.

Começou na net

A manifestação teve a presença de professores, estudantes, surfistas, empresários e moradores da Brava. A corrente, que iniciou nas redes sociais da internet, promete crescer com o grupo Faces Pintadas, movimento que o professor Ivan iniciou no Facebook e já conta com 2300 adeptos. “Pretendemos tornar o grupo maior e assim cobrar ações que protejam a natureza e impeçam as construtoras de levantarem prédios altos aqui na Brava. Mas, pra isso, é preciso alterar o novo plano diretor de Itajaí, que foi feito em um dia”, aponta.

A assessoria do Brava Beach diz que a empresa é bode expiatório dos ambientalistas, que nunca provaram nenhuma das acusações contra o empreendimento. “Em relação aos protestos, não há nada que a empresa possa fazer. Mas não concordamos com as acusações, porque o Brava Beach faz tudo dentro da lei. Convidamos a comunidade a vir conhecer o empreendimento”, responde o assessor Alex Ferrer, dizendo que encontrou lixo pela praia depois da manifestação. “Eles lutam pela natureza e jogam latinha de cerveja na praia”, ironiza.