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Itajaí

Baixos salários espantam policiais do trampo

Todo ano, 60 policiais deixam a corporação em busca de um emprego que pague mais

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]


Você sabe quanto é o salário-base de um agente da polícia Civil em início de carreira? Se ainda não sabe, então vai se espantar - ou se revoltar: R$ 781,82. Isso é o que ganha um tira na Santa & Bela pra investigar crimes e correr atrás de bandidos. Pra ter ideia da vergonha que é esse salário, um guardinha de trânsito de Itajaí começa ganhando mais que o dobro de um policial Civil.


Pedro Joaquim Cardoso, presidente do sindicato dos tiras da Santa & Bela, não tem dúvidas de que em breve o trabalho na polícia Civil vai se transformar num bico por conta desse salário merreca ...

 

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Pedro Joaquim Cardoso, presidente do sindicato dos tiras da Santa & Bela, não tem dúvidas de que em breve o trabalho na polícia Civil vai se transformar num bico por conta desse salário merreca. “O policial faz segurança em algum lugar e ganha bem mais. Assim, ele vai deixar o trabalho na polícia como bico”, alfineta.



Sobram comparações com outros servidores públicos pra demonstrar a vergonha do faz-me-rir dos policiais civis. Pedro comenta que o vale-rango de um barnabé de nível médio da assembleia Legislativa, por exemplo, é maior que o salário-base de um policial Civil, que precisa ter canudo de faculdade pra ingressar na profissão. “Funcionários da assembleia ou do Tribunal de contas ganham R$ 900 de vale-alimentação”, descasca.

Quem já foi tira sabe bem como é fazer carreira na profissão. “Hoje não se valoriza o policial. Além do salário ser uma vergonha, não existe incentivo pra carreira. Você não tem horizonte na polícia Civil”, lasca a advogada e perita judicial Maria Teresinha Romagnani, policial civil aposentada. É por isso, diz ela, que muitos agentes não tiram férias, com medo de perder penduricalhos como abonos e periculosidade. “Senão, o que era pouco vira nada. Um policial civil devia ganhar inicialmente R$ 3,5 mil”, opina.


Até quem é de outra corporação se espanta com o que ganha um policial civil catarinense. O delegado Hildo Rosa, responsável pelo setor de comunicação social da polícia Federal, em Floripa, chama o faz-me-rir dos colegas da Civil de lamentável. Ele compara com o salário dos tiras de Brasília, que começam ganhando R$ 3,5 mil. “O policial civil precisa viver com dignidade e não é isso que esse salário proporciona. É incoerente um policial ganhar tão pouco e ser chamado quando assaltam a casa de alguém”, solta o delega da PF.

É por isso, diz o agente Luciano Miranda, chefe de investigações da divisão de Investigações Criminais (DIC) peixeira, que muita gente abandona a profissão. “Quem vai querer trabalhar em turno de 24 horas, pra no fim do mês receber nem 800 reais? É muito difícil as pessoas sonharem em ser policial com um salário desses”, desabafa.


Deixou a polícia por salário de R$ 7 mil

O que fez o ex-escrivão de polícia Joel João Francisco Júnior, 28 anos, é cada vez mais comum na polícia Civil. Cansado dos baixos salários, das longas jornadas de trabalho e da falta de perspectivas na profissão, ele deixou a corporação e foi ser oficial de justiça no Ministério Público Estadual (MPE). “Trabalhava de segunda a sexta-feira e ficava 24h de plantão uma vez por semana”, lembra.

Joel entrou na polícia em setembro de 2008 e por lá ficou até outubro de 2009. Ele ganhava R$ 2,5 mil como escrivão, já contando as gratificações. No MPE, começou logo de cara recebendo R$ 3,5 mil. Além disso, deixou de correr riscos, como quando fazia interrogatório sozinho com os presos. Hoje, dois anos depois, Joel tem um salário de R$ 7 mil trampando de oficial de justiça. Saudade da profissão de policial, que um dia foi seu sonho, ele não tem nenhuma. “Foram duas alegrias, uma para entrar e outra para sair”, brinca.

Prejuízo com debandada chega a R$ 2,4 milhões em quatro anos

Quando chegarmos ao final de 2011, cerca de 60 policiais civis catarinenses já terão abandonado a profissão este ano. Muitos, pra prestar concurso em outro órgão público, como o Ministério Público Federal ou o Tribunal de Justiça. Isso não é discurso de sindicalista. A informação foi apresentada por César Augusto Grubba, secretário da Segurança Pública da Santa & Bela, há poucas semanas, em reunião com o presidente do sindicato dos Policiais Civis de Santa Catarina (Sinpol), Pedro Joaquim Cardoso. “Ele nos disse que a cada mês assina seis atas de exoneração de policiais civis. Isso, multiplicado por 12, são 60 exonerações por ano”, calcula Pedro.


O sindicalista reclama que em Santa Catarina qualquer cargo público de nível médio, em estágio inicial, supera a remuneração de um policial civil. “É muito complicado segurar os profissionais qualificados. Pra eles ganharem um pouquinho mais, é preciso sacrificar toda vida privada e social do agente. Então, é difícil a concorrência”, avalia, referindo-se aos bicos que os tiras muitas vezes têm que fazer nos horários de folga.

Prejuízo dos grandes

O escrivão Nilton Neves, vice-presidente do Sinpol, faz uma conta curiosa. Ele diz que cada policial custa, durante os cinco meses de academia, cerca de R$ 10 mil pro estado. Como há uma média de 60 abandonos de carreira por ano, ao final de 12 meses vai dar um prejuízo de R$ 600 mil pros cofres públicos. “Como esses números referem-se à média dos últimos quatro anos, o rombo aí é de R$ 2,4 milhões. Isso pra formar o policial civil e depois ele sair correndo pra outra entidade”, observa.

Nilton lembra que esse dinheiro poderia ser investido em estrutura e mais qualidade de trampo pros policiais civis. “Mas não. Eles preferem gastar duas vezes, uma na formação e outra na reposição”, lamenta.

O vice-chefão do Sinpol lembra que, enquanto a população cresce, o efetivo diminui progressivamente. Problema que, pra ele, pode ser o estopim pra uma grande crise na corporação. “Não existe mais identificação do policial civil com o seu trabalho. Cada vez mais temos funcionários desanimados, que não sabem por que escolheram estar aqui. No início era um sonho, depois você percebe que aquilo é um pesadelo”, conclui.





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