As ruas da pacata localidade da Murta tão dando espaço pro entra-e-sai sem fim de caminhões contêineres. Desde que a Poly Terminais se instalou no bairro, no fim do ano passado, movimentando cerca de 40 caixotes de ferro por dia, o povão da rua José Luiz Medeiros não sabe mais o que é sossego. O morador Antônio Carlos, o Cacalo, tá dissaco cheio com a barulheira e abismado com a porrada de contêineres empilhados rentes à estrada, parecendo que vai despencar na cabeça de alguém a qualquer momento. A superintendência da Poly, contudo, garante que a empresa armazena os latões respeitando o limite máximo de empilhamento.
Assustado com a pilha, Cacalo começou a fotografar a paisagem de vários ângulos. Não demorou muito pros guardas da empresa abordá-lo. O diretor queria saber pra que as fotos. Eu disse que em breve ...
Assustado com a pilha, Cacalo começou a fotografar a paisagem de vários ângulos. Não demorou muito pros guardas da empresa abordá-lo. O diretor queria saber pra que as fotos. Eu disse que em breve ficariam sabendo, relata, todo misterioso. Por volta das 18h do mesmo dia, o monte de cinco contêineres começou a ser desfeito. Eles tiraram uns dois, mas mesmo assim continua alto para uma lateral de rua principal, opina Cacalo.
Pra mamãe Maura Natal da Silva, 37, que passeava com a filhinha de sete dias no carrinho pela rua do terminal, ontem, o cenário é perigoso. Se dá um vento e cai em cima de quem tá passando na calçada? A gente tem que estar preparado pra qualquer tragédia, comenta.
Ontem à tarde, enquanto a reportagem do DIARINHO conferia a muralha de ferro, os guardinhas da Poly e o superintendente do terminal, Júlio Buticelle, se aproximaram da equipe. O chefão revelou que o limite de segurança estipulado pra empilhamento de contêineres é de sete unidades. É apenas um impacto visual. Nós trabalhamos abaixo do limite, empilhamos no máximo cinco, revela.
Júlio ainda faz questão de ressaltar que periodicamente é feita a medição de ruídos, efluentes e análise de água. Sobre a movimentação intensa de brutos, o chefão diz que o segundo semestre é mais agitado. Por isso, a população deve estar estranhando a quantidade de caminhões que entram e saem. No entanto, na tentativa de desafogar o trânsito na região, um terreno de 204 mil metros quadrados foi adquirido pela empresa, onde os brutos vão ficar parados e aguardando os guinchos pra retirada dos contêineres.
Costume
Flavio Viana, assessor de Planejamento e Segurança do porto de Itajaí, revela que a quantidade de contêineres empilhados depende da movimentação do terminal e desconhece uma resolução específica pra essa questão. Em Itajaí, costuma-se colocar até cinco, mas se existisse uma máquina com capacidade de trabalhar com um número maior do que esse, acredito que não teria problema, comenta.
O gerente de Meio Ambiente do porto peixeiro, Marcello Kuhn, também revela que o maior perrengue de ruídos enfrentados hoje na cidade acontece fora dos terminais, por conta da falta de manutenção dos caminhões que transitam nas ruas.