Ao anoitecer do dia 8 de setembro de 2011, uma quinta-feira, quando o prefeito Jandir Bellini (PP) convocou uma entrevista coletiva pra avisar o povão que as águas invadiriam a cidade no dia seguinte, o professor João Luiz Baptista de Carvalho, que vestia uma jaqueta azul da Univali, não tirava os olhos de seu computador. Ali, no meio de gráficos e projeções, o diretor do centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar) era o alicerce científico na luta pra prever o comportamento da enchente nos dias que se passariam. Um mês depois, João Luiz tem uma certeza: As obras de aprofundamento no canal do Itajaí-açu beneficiaram toda a cidade, afirma.
Os olhos do professor agora estão voltados pro canal velho do rio Itajaí-mirim, pois, de acordo com ele, uma revitalização naquele trecho iria resolver boa parte dos problemas das cheias. Sempre ...
Os olhos do professor agora estão voltados pro canal velho do rio Itajaí-mirim, pois, de acordo com ele, uma revitalização naquele trecho iria resolver boa parte dos problemas das cheias. Sempre que você desobstrui um canal, você facilita o escoamento. Por isso, é preciso revitalizar o curso antigo do Itajaí-mirim, aponta.
João Luiz cita a possibilidade de, em maré baixa, controlar a água que passa pela barragem do Semasa, fazendo um trabalho de abrir e fechar comportas. Isso iria forçar o escoamento pelo Mirim velho, expõe. Pro doutor em Engenharia Costeira, outro fator positivo seria aumentar a dragagem do Itajaí-açu até mais próximo da BR-101. Aí grande parte dos problemas estaria solucionada, observa.
Foi o que salvou
O coordenador da defesa civil peixeira, Everlei Pereira, também considera que o aprofundamento do canal foi essencial pra que a enchente não fosse tão destrutiva. As obras de drenagem nas ruas centrais e na Osvaldo Reis também ajudaram a deixar a cidade seca antes de a água chegar, lembra.
Mas Pereira alerta que é fundamental fazer outras obras, como o projeto da equipe de pesquisadores do CTTMar da qual João Luiz faz parte , que prevê a construção de um pequeno molhe na margem esquerda da foz do Itajaí-mirim, exatamente na junção com o Itajaí-açu, o que ajudaria a escoar mais rapidamente o aguaceiro das cheias. Há que fazer alguns estudos, ver o impacto ambiental, mas a ideia é boa, avalia.
O plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), que está em andamento, conta Pereira, é a meta das autoridades pra saber que rumos tomar na questão das cheias. O PMRR é um projeto do ministério das Cidades, que é um diagnóstico da city por completo, tanto de inundações como de escorregamento de solo. O plano tá sendo elaborado, ele é da Caixa Econômica e tem uma série de regras que precisam ser seguidas, mas depois é correr atrás de recursos pra colocá-lo em prática, relata.