Bancadas de oposição e situação se uniram pra pedir explicações pra associação dos Municípios da Região da Foz do Rio Itajaí (Amfri). Ontem, por unanimidade, os vereadores do Itajaí aprovaram requerimento apresentado pelo presidente da câmara, Luiz Carlos Pissetti (DEM), que pede um monte de papelada pra instituição. O chefão do legislativo peixeiro tá com a pulga atrás da orelha. E os demais parlamentares ficaram com a mesma sensação de desconfiança.

“Não estou abrindo nenhuma guerra contra a Amfri, mas é meu dever fiscalizar a aplicação do dinheiro público. É minha obrigação. E eu costumo cumprir minhas obrigações”, afirma Pissetti. Um dos principais pontos questionados por ele é o acúmulo de cargos dos bagrões da Amfri através dos consórcios. “Se eles receberem salário por todos os cargos, é crime!”, lasca o chefão do legislativo peixeiro. Além disso, ele relembrou um projeto aprovado pelos vereadores pra que a prefa do Itajaí pudesse fazer um repasse de R$ 300 mil. A proposta foi aprovada. Agora o democrata quer que a associação explique tudinho pra casa do povo.

Na tribuna, Pissetti fez um apelo pro prefeito Jandir Bellini (PP). “Não tô aqui fazendo oposição ao prefeito. Tô aqui alertando o meu amigo Jandir Bellini. Tem alguém te enganando. Aqueles R$ 300 mil que foram aprovados na câmara, prefeito, pelo amor de Deus, não repasse!”, apelou, olhando pra câmera, na certeza que o chefão da prefa tava assistindo a sessão de ontem pela televisão.

Os dois lados concordaram!

Tanto o líder da base governista na casa do povo, Renato Ribas Pereira (PSD), quanto o da oposição, Níkolas Reis (PT), deram razão pro requerimento de Pissetti. “É uma preocupação de todos nós saber o que se passa. Mas o governo está tranquilo, porque, no que diz respeito ao executivo, esta casa terá respostas”, comenta Renato, assegurando que a prefa vai responder ao requerimento. Só que ele acredita que a Amfri não tenha obrigação de dar o retorno pro legislativo, por ser uma entidade privada – mesmo que sobreviva às custas da grana pública.

Até nisso Níkolas concordou. O menino de ouro do PT não acredita que vai ser fácil a câmara receber os papélis da Amfri. “Acho que será uma batalha pra conseguir essas informações e, provavelmente, só mesmo partindo pro judicial”, prevê o petista. Já Marcelo Werner (PCdoB) foi mais além e recordou quando o tal pedido dos 300 mil reales chegou à casa do povo. “Quando veio, o projeto não tinha o valor. Queriam que fosse um cheque em branco pra essa instituição. Há alguns interesses que a gente não conhece, com certeza”, provoca.

Mesmo com a maioria dos parlamentares não botando fé que a Amfri vá responder o requerimento, quando o assunto surgiu na semana passada – quando Pissetti chegou a cogitar a possibilidade de, inclusive, instaurar uma CPI pra apurar a associação – o chefão da Amfri, Célio José Bernardino, não ficou contente em ser alvo de desconfiança, mas garantiu que daria as informações assim que elas fossem solicitadas.