O promotor da Infância e da Juventude de Balneário Camboriú, Mário Vieira Júnior, finalmente rompeu o silêncio. Ele atendeu a imprensa ontem e falou da situação dos pequerruchos que foram transferidos do abrigo Casa da Criança, há quase um mês, depois de uma ordem da dona justa. O dotô mostrou uma pilha enorme de processos contra a instituição, que tomava conta de aproximadamente 30 pequenos em situação de risco. Há um leque de denúncias, como abuso sexual, maus tratos, aliciamento de menores ao mundo do crime, má administração e até desvio de dinheiro público.
Mostrando a montoeira de processos contra o abrigo, o promotor Mário afirma que não há nenhum tipo de perseguição por parte dele ou do Ministério Público (MP) contra a advogada Reti Jane Popelier ...
Mostrando a montoeira de processos contra o abrigo, o promotor Mário afirma que não há nenhum tipo de perseguição por parte dele ou do Ministério Público (MP) contra a advogada Reti Jane Popelier, presidente da Casa da Criança. Houve má gerência, no sentido de que as pessoas não estavam protegidas. Eventualmente, até pode acontecer um fato isolado [de abuso sexual, por exemplo]. Agora, o que não pode acontecer é por desleixo. E há indícios que aconteceu, lasca o dotô, lembrando que irregularidades vêm rolando há anos, como abuso sexual, maus tratos, má administração e desvio do dinheiro público. Mário não dá detalhes dos perrengues porque eles correm em segredo de justiça, mas afirma que só neste ano houve cinco casos de abuso dentro da Casa da Criança.
Pra piorar, dotô Mário lembra que qualquer pessoa até mesmo as crianças entravam e saíam de lá quanto bem entendesse. Ele mesmo diz ter flagrado traficantes aliciando os pequenos pra compra de drogas e chegou a presenciar a agressão de um menino mais velho contra um menor de 12 anos. Dias depois, esse garoto agredido teve a bacia quebrada pelo valentão. Nesse e em outros casos, o promotor afirma ter cobrado atitudes da administração, mas garante que nunca foi feito nada. Aquilo ali se transformou numa casa de horrores. Fizeram um terror com essas crianças, diz o promotor.
Os casos rolam desde 2007, mas as crianças só foram transferidas agora, depois que saiu uma decisão da Justiça. Não há mais internos na Casa da Criança e a maioria foi transferida pro lar Bom Pastor, em Camboriú. Os demais voltaram pras suas casas ou foram levados pra outros abrigos na região.
Carcada na Reti
A advogada e presidente da Casa da Criança divulgou no seu saite pessoal que as crianças transferidas de sua instituição pro lar Bom Pastor tavam sem aula há mais de 10 dias e que não tavam podendo receber visitas, a não ser uma hora no sábado. Isso é violência contra essas crianças. Essas crianças cometeram qual crime para estarem reclusas?, questionou Reti, na internet.
Mas dotô Mário rebateu as denúncias, mostrando um documento que comprova a matrícula de crianças numa escola de Camboriú no dia 5 de outubro. Sobre as visitas, ele explica que agora a criançada tá numa instituição disciplinada e que por isso é preciso autorização pra gurizada ver alguém, até porque muitas não têm familiares ou são maltratadas por parentes.
Abrigo de Cambu
O promotor Mário jura de pés juntos que os abrigados tão bem mais cuidados e seguros atualmente. É um ambiente muito adequado, familiar. Pessoal muito responsável, gostei muito. Ali tem disciplina, elogia. Na época que começou a mudança da gurizada, no final do mês passado, a presidente do conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do Balneário, Jade Martins, disse que o local pra onde os pequenos foram transferidos não era 100% adequado porque já tinha outros internos por lá e havia pouco espaço nos quartos.
Mas o promotor não tem dúvidas que o lar é muito melhor que a Casa da Criança. Ele esclarece que a decisão foi emergencial e provisória e que o município de Balneário Camboriú terá que ter um novo abrigo pra cuidar dessas crianças. O prazo pra que isto role é de 120 dias.