Douglas foi levado pra 2ª depê e, mais tarde, pra sede da divisão de Investigações Criminais (DIC) de Itajaí, onde prestou depoimento. Tranquilo e quase sem esboçar reação, ele confirmou a autoria do crime e admitiu que havia escondido o cadáver sem cabeça atrás do guarda-roupas da residência.
Vizinha foi a segunda a ver a cabeça
A auxiliar de escritório Nice Oliveira, 53, fazia exercícios na pracinha do parque ecológico Alessandro Weiss, por volta das 6h30 da matina, quando ouviu o catador berrar desesperado. Ele dizia que tinha visto uma cabeça com olho e tudo dentro da lixeira. Pediu para que um homem que estava passando na rua chamasse a polícia, lembra dona Nice, que só entendeu a aflição do catador ao chegar pertinho da lixeira. A cabeça estava bem inchada e com muito sangue, conta a vizinha, ainda muito nervosa.
Escondeu atrás do guarda-roupas
A polícia Militar de Itajaí invadiu a quitinete do casal e surpreendeu Douglas ainda dormindo. Sem saída, ele confessou que cortou fora a cabeça da mulher, a colocou num saco e botou na lixeira na frente do conjunto de apezinhos onde mora. O corpo estava escondido atrás do guarda-roupas, e ele estava tranquilo. Disse que a intenção era dar fim [no corpo] durante a semana, relata o policial civil da divisão de Investigações Criminais (DIC) de Itajaí, Hudson Alexandre Rodrigues.
Na delegacia, Douglas contou os detalhes da crueldade. Disse ter estrangulado Daiana ainda na noite de domingo. Planejava se livrar dos restos mortais da coitada aos poucos, pra despistar a polícia. Ela tinha um corte no braço direito quando a encontramos. A gente acredita que Douglas começaria a cortar os pedaços do corpo por esse braço, conclui o tira Hudson.
O corpo decapitado e a cabeça de Daiana foram recolhidos no local pela técnica de Necropsia do instituto Médico Legal (IML) de Itajaí, Maristela Bernardes. Os peritos do instituto Geral de Perícias (IGP) deram uma geral no corpo, na lixeira, na baia e recolheram provas do crime para análise.
Casal brigou feio no domingo de manhã
Adriano Alvino Balmann, 40 anos, funcionário da prefa de Itajaí, é o dono da quitinete onde o crime aconteceu. Ontem, ele tava de cara com a crueldade do assador. Pra Adriano, Douglas parecia ser o típico cidadão calmo e boa praça, incapaz de matar alguém.
Mas essa impressão, conta o barnabé peixeiro, durou até domingo. Adriano, que mora no prediozinho ao lado da quitinete do casal, no mesmo quintal, diz ter ouvido um arranca-rabo de assustar entre marido e mulher. Eu assistia à Fórmula 1 na televisão, de manhã, quando começou a briga. Pelo que deu pra ouvir, ela dizia: Você tá com outra, né?. Acho que a briga foi por causa de traição dele, opina, completando: Sempre pagaram o aluguel em dia. Semana que vem iria vencer mais uma locação. Agora nem sei como eu vou cobrar, conclui, preocupado, o dono da quitinete.
Silêncio misterioso
A briga do casal varou o domingão e, relata o proprietário, terminou apenas à noitinha, quando não se ouviu mais um pio da moça. Ficou um silêncio estranho, de repente, lembra o barnabé peixeiro.
Na segunda-feira de manhã, Douglas teria chamado Adriano pra um plá e explicado que o casal havia se separado por conta da briga do dia anterior. Ele me contou calmamente que eles tinham brigado e que a Daiana tinha ido embora por esse motivo. Estava calmo e tranquilo, lembra o senhorio, que ontem tava espantado com a frieza do inquilino assassino.
Douglas alegou pra polícia que a mulher tentou matá-lo com o facão do assador
Matou pra não morrer. Essa foi a desculpa dada pelo assador Douglas para o bárbaro crime que cometeu contra a própria mulher. O depoimento do assassino confesso foi dado ontem pela manhã aos tiras da DIC peixeira.
Uma fonte policial contou que o rapaz alegou que, quando chegou em casa, Daiana o esperava armada com a faca de trabalho do marido. Douglas então, pra não ser esfaqueado, teria lutado contra a mulher pra se defender.
No calor da briga, justificou, acabou cometendo o assassinato sem querer fazê-lo. Daiana morreu asfixiada com as mãos do marido apertando seu pescoço.
Moravam aqui há dois meses
O casal era de Lages. Douglas chegou primeiro por aqui, praticamente fugido da mulher. No dia 16 de agosto, ele foi demitido da churrascaria onde trampava. Pegou os R$300 da rescisão e sumiu.
O Correio Lageano, jornalão da serra catarinense, chegou a publicar o desaparecimento de Douglas em 24 de agosto. Na matéria, Daiana se dizia preocupada porque o maridão jamais havia sumido por tanto tempo. Uma vez ficou uns três dias sem aparecer, mas depois voltou. Ninguém some assim. Espero que não tenha acontecido nada com ele, declarou, na época.
Alguns dias depois, Daiana teria recebido uma ligação do marido. Douglas contou que estava em Itajaí. A mulher acabou descobrindo o endereço e foi pra cá que veio de mala e cuia. Os dois estariam morando pelaqui há pouco mais de dois meses.