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Itajaí

Família do deficiente assassinado espera que ex-prefeito Edinho pague pelo crime

Júri de hoje bota no banco dos réus só o lado mais fraco da trama: os pistoleiros e quem mediou sua contratação

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Todo final de semana, dona Laudelina de Souza, 82 anos, vai até o cemitério de Camboriú. Não se cansa de derramar lágrimas ao pé do túmulo do filho, Eneri de Souza, assassinado com quatro tiros em 30 de agosto de 2008, supostamente no lugar de um de seus irmãos. No próximo final de semana, ela não sabe se vai repetir o lamento ou sentar-se aliviada próximo à tumba de Eneri, que morrreu aos 59 anos. Tudo vai depender do resultado do júri popular que leva hoje, para o banco dos réus, três dos cinco acusados pelo crime. Só o que dona Laudelina lamenta é que o ex-prefeito Edson Olegário, o Edinho Galo (hoje do PDT), e seu braço direito na época, Wagner Correia de Souza, tenham conseguido por enquanto não ir a julgamento.

A lembrança da tragédia é permanente. Religiosa, todo mês dona Laudelina manda rezar uma missa em homenagem ao filho fuzilado. “Fiz uma casinha pra ele lá no cemitério. Ele tá guardado e bem cuidado”, diz ainda a senhorinha, com afeto e lágrimas nos olhos.

A senhora tem ainda outros dois filhos. Mas nunca desgrudou de Eneri, que era deficiente físico e mental. “Ele era tão educadinho, tão bom, nunca fez mal pra ninguém, e aconteceu isso”, lamenta, ...

 

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A lembrança da tragédia é permanente. Religiosa, todo mês dona Laudelina manda rezar uma missa em homenagem ao filho fuzilado. “Fiz uma casinha pra ele lá no cemitério. Ele tá guardado e bem cuidado”, diz ainda a senhorinha, com afeto e lágrimas nos olhos.

A senhora tem ainda outros dois filhos. Mas nunca desgrudou de Eneri, que era deficiente físico e mental. “Ele era tão educadinho, tão bom, nunca fez mal pra ninguém, e aconteceu isso”, lamenta, enquanto mira com um olhar perdido uma das poucas fotos que ainda tem dele.



Até hoje, revela, dá uma espiada no quarto do filho com a vã esperança de encontrá-lo por lá. “A alegria foi embora com ele”, desbafa. As refeições entre a família e os afazeres da casa, confessa, hoje são praticamente um fardo para dona Laudelina, pois a fazem lembrar a todo instante de Eneri, que convivia com ela no dia-a-dia.

Dona Laudelina pretende ir hoje ao fórum de Camboriú pra conferir de perto o julgamento dos irmãos Paulo Alves de Souza e Anderson Alves de Souza, e de Isaias Ferreira Santiago, o Pelé. Eles são acusados de participar do assassinato do deficiente.

Na época, Pelé trampava como segurança do ex-prefeito Edinho, que se candidatava à reeleição pelo PSDB. O alvo dos pistoleiros, aponta a acusação, eram os irmãos de Eneri, Ângelo e Antônio de Souza, o Toninho, desafetos políticos de Edinho. “Ouvi os tiros e ainda achei que era bombinha. Saí pra ver o que era e só vi a cabecinha dele caindo na calçada. Ele ainda tentou lutar pela vida, mas não conseguiu”, lembra a mãe, sem esconder o misto de angústia e revolta. Pra família, não há dúvidas de que Eneri morreu por engano num crime que teve motivações políticas.


Toninho, Ângelo e sua mulher, Liliane Garcia, também vão ao fórum hoje. Mas não apenas para assistir ao júri. Eles são testemunhas no processo.

Como será o júri

O julgamento começa às 9h da matina de hoje. A juíza Camila Coelho informa que a entrada será limitada a 66 pessoas do povão, limite de cadeiras do salão do juri. Os familiares dos envolvidos terão lugar garantido.

Primeiro serão ouvidas as cinco testemunhas de defesa e de acusação. Depois os acusados serão interrogados. Após o blablablá, chegará a vez dos advogados e da promotoria soltarem o verbo. Depois será a reunião dos sete jurados que irão votar pela culpa ou inocência dos réus. A pena por homicídio vai de 12 a 30 anos de jaula. Segundo a juíza, não há como prever quanto tempo vai durar.

O major Jefferson Schmidt, comandante da PM de Camboriú, escalou 12 policiais pra fazer a segurança dentro e fora do fórum. Caso haja muita muvuca, a rua em frente será fechada.


Pelé diz que foi vítima de uma tramoia

O ex-segurança e atualmente organizador de eventos e de lutas, Isaias Santiago, o Pelé, conversou com o DIARINHO sobre o julgamento de hoje. Ele garantiu que não tem nada a ver com o assassinato de Eneri. Contou que trampava pra uma empresa de vigilância na época e somente em setembro daquele ano foi contratado como guarda-costas de Edinho, que estava em plena campanha eleitoral.

Pelé disse que não tinha relação íntima com o ex-prefeito, com Wagner ou os irmãos Anderson e Paulo e nem mesmo voltou a conversar com eles depois que acabou o contrato de segurança, em janeiro de 2009. “Conheço as partes só porque um dos irmãos (Paulo) trabalhou comigo numa oficina anos atrás. E o Wagner sempre estava por aqui”, alegou. Ele também fez questão de dizer que não é ligado a partidos políticos.

O homem que dividirá hoje o banco dos réus com os supostos pistoleiros se disse vítima de uma trama. Uma das testemunhas, cujo nome está sendo mantido em segredo pela Justiça, teria armado pra cima dele. Pelé e a tal testemunha teriam trampado juntos e acabaram emprestando e devendo dinheiro um pro outro. Teriam brigado e o ex-colega de serviço, por vingança, envolveu Pelé na confusão. “Ele era meu amigo, uma pessoa muito próxima de mim e fez isso comigo”, soltou.


No meio da conversa, Pelé comentou que a maior barra que já passou na vida foi ter ficado longe da mulher enquanto ficou por mais de seis meses na cadeia do Balneário. Antes da morte de Eneri, nunca teve passagem pela polícia. “O mais difícil foi pagar por algo que não devo”, discursou, revelando que tem esperanças de ser inocentado hoje. “Joguei na mão de Deus”, concluiu.

Pro assistente da promotoria, Edinho tá envolvido até o talo no crime

Pro advogado Jorge Krieger, que vai funcionar hoje como assistente da promotoria, o júri desta quarta-feira é uma reviravolta no caso. Isso porque, argumenta, será o primeiro passo pra garantir a condenação do ex-prefeito Edinho Galo. O dotô não tem dúvidas do envolvimento do político no crime. “Já é consenso até da própria sociedade que isso aconteceu”, lascou.

O advogado não nega que o foco principal de todo o processo é o ex-prefeito. “A tendência é estourar pro mais fraco, mas há indícios suficientes da autoria dele”, garantiu, sem citar quais seriam esses indícios. O dotô Jorge acredita que até ano que vem a dona justa se pronunciará definitivamente sobre o pedincho de Edinho e Wagner, que conseguiram suspender temporariamente a decisão de também enfrentarem um júri popular. Pro assistente de acusação, não tem como os dois siscaparem do júri que, acredita, deverá rolar em outra cidade pra evitar muvuca.

O ex-prefeito ainda responde a outro processo criminal. É acusado de bolar atentados contra vereadores que trampavam numa comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigava falcatruas em obras do seu governo. As tretas rolaram entre 2005 e 2007.

Como vai ser a acusação


Hoje, a promotoria vai apontar que o ex-prefeito e Wagner (ex-bagrão da prefa e ex-cunhado de Edinho) teriam chamado Pelé, que na época fazia a segurança do ex-prefeito, pra contratar duas pessoas e dar o troco nos irmãos Toninho e Ângelo, envolvidos numa briga política. Teria sido Pelé quem contatou Anderson e Paulo pra atuar como pistoleiros. Os pistoleiros teriam confundido Eneri com um de seus irmãos e o fuzilaram quando ele estava na frente de casa.

Com exceção de Edinho, os demais foram presos em 30 de abril de 2010. O ex-prefeito foi guentado uns dias depois. Passaram quase seis meses enjaulados, mas ganharam a liberdade há um ano. Hoje o ex-prefeito e Wagner aguardam a resposta final pra um pedincho que fizeram à dona justa pra escapar do banco dos réus.

A família de Eneri espera que todos os acusados sejam julgados e condenados pelo crime. “Ele (Edinho) pode até ficar só dois meses preso, mas queremos mostrar que a justiça foi feita e todos podem ser condenados”, afirmou Ângelo.

A advogada Karina Schlichting, que defende Paulo e Anderson, disse que seus clientes não vão comentar o assunto alegando que o processo corre em segredo de justiça. Já o Valdir Nahring, que representa Wagner, ficou de retornar caso o cara quisesse falar, mas até o fechamento desta edição não o fez. O ex-prefeito Edson Olegário foi procurado por três vezes, chegou a agendar uma entrevista, mas acabou desmarcando.




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