Quando se discutiu o aumento ou a manutenção do número de vereadores, muito se falou no crescimento dos gastos. Mas a briga ainda não envolve as cifras. Por enquanto, é o tique-taque do relógio que causa desentendimento na casa do povo. Foi aprovado e já está valendo o novo regimento interno do legislativo peixeiro. Dentre as principais mudanças, a redução do uso da tribuna é a que mais irritou o vereador Níkolas Reis (PT). Antes, o blablablá era de até 20 minutos por parlamentar, agora, nenhum deles pode falar por mais de 10 minutos.
A redução do tempo é a minha maior chateação. Dentro da mudança a única coisa que concordo é o fim da leitura da ata, comenta o petista, insatisfeito com as alterações no regimento interno da casa do povo. Até mesmo a leitura das indicações, uma por uma, agradava Níkolas. Apesar do ato comer um tempão do encontro do legislativo, o parlamentar da oposição diz que ler as indicações é uma forma de mostrar pro povão que o vereador tá ligado no que rola na city. Com a mudança no regimento, apenas serão lidos os números das indicações e os autores.
Outra das mudanças que Níkolas gonga é a que impõe tempo pra debater os requerimentos. Antes, cada parlamentar podia falar à vontade, desde que não ultrapassasse os 10 minutos no microfone. Agora, apenas o proponente pode pedir a palavra e falar por cinco minutos. Caso outro vereador queira falar, o tempo máximo é de dois minutos. A câmara é uma instituição. A partir do momento que vai pra pauta, a proposição é de todos os vereadores, não só do proponente. Reduzir o tempo é absolutamente ridículo, dispara o petista.
Não é bem assim!
O presidente da câmara, Luiz Carlos Pissetti (DEM), cansou de dizer que aprovar o aumento do número de cadeiras iria, obrigatoriamente, exigir mudanças no regimento interno fora a estrutura física, que já está sendo projetada na nova sede do legislativo, que está em construção. Ele não concorda com as reclamações do líder da bancada de oposição. Acho que o Níkolas quer ser prefeito e está dando uma de petezinho, dando uma de menininho com raiva. Não suporto isso, lasca Pissetti.
Apesar de Níkolas afirmar que a mudança pensada pros 21 só deveria ser feita em 2013 pelos 21 eleitos, Pissetti acha que é responsabilidade da atual legislatura ir encaminhando as adaptações pra que a câmara consiga suportar o número de parlamentares, que é 75% maior que o atual. Tenho que preparar pra mudança. Já estou construindo a nova sede, agora alterando o regimento. Com o antigo, não daria pros 21 vereadores trabalharem. E o Níkolas ainda se queixa?, indaga o chefão do legislativo.
Ele também acredita que as mudanças nas regras vão tornar as sessões mais agradáveis pro povão acompanhar. Do jeito que tava ninguém aguenta. Era priorizada a leitura da ata, com seis ou sete folhas, depois as correspondências e todas as indicações. O que interessa pro povo é a lei. Mas quando chegava a hora dos projetos de lei, o povo já não tava mais, porque enchia o saco. Então, vamos priorizar a votação. O Níkolas diz que é um ato antidemocrático, eu digo que é funcional, justifica Pissetti.
Outra opção pros 21
Pro petista, ao invés de diminuir a participação no microfone, a casa do povo deveria fazer mais uma sessão. Já apresentei um projeto que criava a sessão também na quarta-feira. Mas tive que mudar a parte em que dizia que seria obrigatório e colocar que seria quando o presidente achasse necessário. Caso contrário, não seria aprovado, conta Níkolas. No entanto, mais uma vez Pissetti rebate.
Eu já falei que sou a favor de sessões de segunda-feira até quinta-feira. Agora, pergunta pra ele se os pares dele os que votaram pelos 21 vão querer, instiga o presidente do legislativo peixeiro. Na visão de Pissetti, Níkolas só está pensando no próprio umbigo. Fiz mudança no regimento pros projetos enviados pelo governo em cima da hora. Agora só entram na próxima sessão. Isso ele não fala. Ele só pensa na tribuna, porque sabe que se expressa melhor que outros vereadores, por isso quer falar mais, pra tripudiar dos outros, detona Pissetti.