Itajaí

Maioria da mulherada que apanha em casa não leva a denúncia pra frente

Em apenas 73 dias, depê registrou cerca de 500 casos de violência doméstica em Itajaí. Em 80% das agressões, mulheres retiraram a queixa contra os agressores

Se as estatísticas de violência doméstica contra mulheres já é de espantar, ainda pior é a proporção de vítimas que, na hora agá, resolve não apresentar queixa contra o agressor. Pelas contas do delegado Fabrício Wloch, cerca de 80% dos registros acabam em pizza. “Isso porque a mulher registra o fato, mas depois não tem interesse em efetivamente representar criminalmente ou então representa criminalmente contra o agressor e depois, em Juízo, retrata-se da representação e o processo é extinto”, diz o dotô.

E olha que não são poucos os casos. Num levantamento feito pelo delegado Fabrício, entre 1º de agosto e 11 de novembro deste ano, nada menos que 567 queixas de violência doméstica foram feitas na ...

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E olha que não são poucos os casos. Num levantamento feito pelo delegado Fabrício, entre 1º de agosto e 11 de novembro deste ano, nada menos que 567 queixas de violência doméstica foram feitas na depê em que ele trampa. Só de ameaças de porrada e agressões foram 467 naquele período de apenas 73 dias.

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O problema é que os registros não são tocados pra frente, pois pela legislação é preciso que a mulher faça o exame de corpo de delito pra comprovar a violência física sofrida e depois volte à delegacia pra fazer a representação criminal. É nesse ínterim que a mulherada muda de ideia e desiste da queixa contra o companheiro.

Pro delegado Fabrício, um dos motivos é que em muitos casos rola uma lua de mel entre os casais, que voltam a viver temporariamente em harmonia. Por isso, não interessaria à mulher tocar o caso pra frente, com medo de que a violência possa voltar por conta disso.

Há ainda os casos, analisa o dotô, que o inferno continua dentro de casa, mas mesmo assim a mulherada recua na denúncia. “Tem aquelas que não voltam pra lua de mel e ainda têm receio e medo de retaliações por parte do (ex)companheiro”, afirma.

Pra juíza Sônia Moroso Terres, da da 1ª vara Criminal peixeira, a situação é grave. A retirada da queixa por parte da mulherada só contribui pra piorar a situação dentro de casa. “Mostra que a mulher não consegue sustentar sua defesa. O companheiro acaba não respeitando, e a violência se repete”, analisa a juíza.

Oscip promove amanhã encontro pra mulherada

A juíza é uma das fundadoras da Ong Estrela de Isabel, uma organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que dá apoio às mulheres vítimas de violência doméstica.

Amanhã, o pessoal da Ong promove um encontro chamado “A Mulher e a Paz”. A ideia, explica a dotora Sônia, é chamar a atenção da sociedade pras várias causas da violência doméstica contra a mulherada, que rola com agressão psicológica, física e sexual.

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O encontro é aberto à toda comunidade e terá dinâmicas com uma equipe do curso de psicologia da Univali, além de uma palestra com a própria juíza. O evento vai rolar na escola Básica João Duarte, no bairro São João, a partir das 19h.

Dona de casa que foi esgoelada pelo marido desistiu da queixa quando chegou na depê

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Ontem de madrugadinha, a dona de casa M.M.S., 43 anos, que mora na Praia Brava, reforçou as estatísticas da mulherada que, na hora do vamo vê, desiste de denunciar o marido violento. Mesmo tendo sido esgoelada por Flávio Altamiro dos Santos, 50, ao chegar na depê ela não quis registrar o boletim de ocorrência. “Ficou com pena dele e retirou a queixa”, informou um tira, que atendeu o caso. Flávio, que estava bêbado quando agrediu a esposa, acabou liberado.

A ocorrência movimentou a polícia Militar aos primeiros minutos da madruga de quarta-feira. M. bateu um fio pro 190 e disse que o maridão tentou matá-la. Pelo telefone, explicou que havia discutido com o esposo. Com a cara cheia da manguaça, Flávio teria tentado estrangulá-la. “A vítima estava com lesões no braço direito e arranhões no pescoço e nos braços”, informou a PM, no relatório divulgado à imprensa.

Uma baratinha foi até a baia onde o casal vive, na rua Margarida Nicolau, na Praia Brava. Lá, os homi encontraram a dona de casa desesperada e aos berros. O marido, aparentemente bebum, segundo os policiais, tentava se esconder dentro da baia. Acabou detido e levado, junto com M., até a delegacia.

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O tira da 1ª depê que atendeu o caso disse que a prisão de Flávio, que cheirava à cachaça, só dependia mesmo de M. formalizar a denúncia. A mulher, no entanto, teve uma recaída inexplicável e preferiu retirar a queixa contra o maridão. “Quando chegou aqui, ela se arrependeu e disse ‘Ai, meu bem’. Ficou com pena de deixar ele preso”, contou o policial de plantão. Flávio se deu bem na história. Teve que ser colocado em liberdade.

Na 1ª depê peixeira, pelo menos um caso de violência doméstica rola a cada plantão da noite ou madruga. “Em dias de semana é pouco comum acontecer. Normalmente as ocorrências acontecem à noite e nos finais de semana”, informou o policial civil.



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