Após quase quatro meses de investigação, os vereadores de Itajaí, que integram a comissão Parlamentar Especial de Transporte Público, chegaram a um veredicto: querem a anulação da concessão do transporte coletivo da city, que foi dada de bandeja à empresa Coletivo Itajaí. Eles querem uma nova licitação.
De acordo com o presidente da Comissão, vereador Marcelo Werner (PCdoB), o relatório deve ser apresentado na sessão legislativa de hoje e os vereadores pretendem marcar uma audiência com a prefa ...
De acordo com o presidente da Comissão, vereador Marcelo Werner (PCdoB), o relatório deve ser apresentado na sessão legislativa de hoje e os vereadores pretendem marcar uma audiência com a prefa pra discutir o assunto. A Coletivo Itajaí realiza o transporte público desde 1986, e monopólio da empresa segue até 2037. A prefa diz que não há irregularidades no atual contrato.
As broncas sobre a concessão do transporte urbano na city peixeira já vêm desde 2007, quando a licitação foi realizada. O vereador Marcelo Werner explica que vários pontos do contrato não foram cumpridos, e que há a suspeita de que houve direcionamento pra empresa Coletivo Itajaí vencer a concorrência pública. Fizemos uma auditoria e encontramos diversas irregularidades. Tudo está errado desde a licitação, que pedia coisas que nos levam a crer que houve direcionamento. Por exemplo, pedia que a empresa começasse a atuar em 24 horas. Claro que só a empresa que já estava trabalhando poderia fazer isso, lasca o vereador.
Além disso, o edil ainda revela que a prefa não tem controle sobre o aumento da tarifa do busão. Para aumentar a tarifa, dados como quilometragem e número de passageiros têm que ser analisados, mas a prefeitura não fiscaliza esses serviços da Coletivo, então todas as informações partem apenas da empresa que é diretamente interessada no aumento, afirma Werner.
Com base neste levantamento, os vereadores Marcelo, Renato Ribas (PSD), e Laudelino Lamim (PMDB), que são membros da comissão Parlamentar Especial de Transporte Público, criada em agosto deste ano pra tratar exclusivamente das cagadas relacionadas ao transporte na city, vão pedir o cancelamento da concessão. Outro fato que encabreirou o trio foi o fato de Itajaí estar, desde o início do ano, sem um conselho Municipal de Transporte Coletivo de Itajaí (Comtrac) atuante.
Prefa sidefende
O secretário Municipal de Urbanismo, Paulo Praun, diz que ainda precisa analisar os dados do relatório dos vereadores pra poder se manifestar, mas nega que não haja fiscalização. Tudo é informatizado. As catracas são eletrônicas e a quilometragem é tirada com base no percurso feito pelo ônibus. Quando os três terminais ficarem prontos, o controle será ainda mais fácil. Sobre o que os vereadores querem, só posso me posicionar após ler o relatório, sisplica o bagrão. Nenhum responsável da concessionária Coletivo Itajaí foi encontrado pra comentar a bronca.
DIARINHO cantou a bola faz tempo
Há anos que o DIARINHO vem cantando a pedra quando o assunto é Coletivo Itajaí, especialmente pela falta de fiscalização dos serviços prestados pela empresa. Sempre choveram reclamações sobre a falta de horários, de itinerários e principalmente por causa dos valores abusivos das passagens da Coletivo. No início da década de 1990, o DIARINHO já trazia em suas páginas a necessidade de quebrar o monopólio do transporte público.
O jornal também questionou o fato de tanto o atual prefeito Jandir Bellini como o ex-prefeito Volnei Morastoni terem malhado o então prefeito Arnaldo Schmitt, quando ele renovou o contrato com a empresa pra mais 10 anos, em 1996. Porém, quando os dois foram prefeito, nada fizeram. No governo Jandir, a Coletivo venceu a licitação pra construção da nova rodoviária. Em 2006, quando Volnei era o prefeito, a Coletivo ganhou a concessão do transporte por mais 30 anos.
No início de 2011, o DIARINHO descobriu que o conselho que deveria fiscalizar a empresa Coletivo não estava funcionando e que ninguém sabia quem eram os conselheiros. No mês passado, o DIARINHO apurou que o conselho nunca foi nomeado pelo prefeito Jandir Bellini. Só depois de tudo isso, que os vereadores decidiram se coçar e, finalmente, investigar os problemas nos serviços prestados pela Coletivo Itajaí.