Um desmatamento que está rolando atrás da capela Santa Terezinha, em Cabeçudas, em Itajaí, pode colocar em risco a igreja centenária e tombada pelo patrimônio histórico da city. O desmatamento voltou a rolar esta semana e deixou os moradores da vizinhança indignados. Segundo a fundação do Meio Ambiente de Itajaí (Famai), a proprietária do terreno, Neuza Maria Ceni, conseguiu na dona justa uma autorização pra detonar a área.
O terreno que está sendo desmatado fica na rua Maria Flora Caldeira, ao lado da capelinha quase centenária de Cabeçudas. O padre Júlio César, que é responsável pela paróquia, revela que está preocupado ...
O terreno que está sendo desmatado fica na rua Maria Flora Caldeira, ao lado da capelinha quase centenária de Cabeçudas. O padre Júlio César, que é responsável pela paróquia, revela que está preocupado com a situação, e que pretende pedir um estudo sobre as condições da estrutura da capela, que foi construída em 1920. Há seis ou sete meses, houve um deslizamento de terra no terreno dos fundos. Uma sala da capela ficou cheia de terra, mas isso foi por causa das chuvas. Espero que o poder público acompanhe esse desmatamento para que não ocorra nada mais grave. Também vamos procurar fazer algum levantamento sobre a estrutura da igreja, conta o padre.
O superintendente da Famai, Paulo César dos Santos, explica que a pendenga sobre a permissão pra desmatar o terreno de Cabeçudas já é antiga, mas garante que não pode fazer nada, pois rolou uma decisão da dona justa. Inicialmente, a Famai negou a licença ambiental para a supressão de vegetação no local, mas a proprietária do terreno teve um pedido de mandado de segurança aceito pela Justiça, então tivemos que acatar, sisplica o superintendente, informando que a decisão foi do juiz da Vara da Fazenda Pública, Carlos Roberto da Silva, no dia 30 de novembro.
Defesa Civil de mãos atadas
Quem também sofre com a situação são os moradores da região, que já não sabem mais pra quem pedir socorro. Já avisamos a Defesa Civil, mas eles dizem que não podem fazer nada porque o dono tem autorização para retirar as árvores mas o morro já está quase caindo. Quando cair, eles vão querer vir aqui para retirar as pessoas de suas casas por causa do risco. Não seria melhor evitar?, pondera um morador, que não quis se identificar.
Segundo o coordenador da Defesa Civil, Everlei Pereira, eles estão de mãos atadas por causa do canetaço da dona justa. Infelizmente, não há muito o que fazer se a proprietária tem a ordem para fazer a retirada das árvores. O que fazemos é monitorar a área e, caso haja algum indício de deslizamento, iremos tomar alguma atitude, explica.
Os moradores da região também denunciaram o desmatamento pro Ministério Público, na última terça-feira. Segundo a assessoria da 10ª Promotoria de Defesa do Meio Ambiente de Itajaí, o promotor Marcelo Truppel Coutinho enviou, em caráter de urgência, para a superintendência da Famai pedindo explicações sobre o assunto. A Famai tem até 10 dias úteis pra enviar uma resposta ao promotor.
Tem que preservar a igrejinha
Além da possibilidade de uma desgraça, caso aconteça um deslizamento de terra em Cabeçudas, a city pode perder uma parte de sua história se a igrejinha for danificada. Na nossa Constituição, há vários pontos que falam da necessidade de preservação do valor paisagístico das cidades. A igreja é tombada, é um patrimônio histórico do município, então, a Justiça deveria ter mais cuidado. Se ocorrer algum problema, o responsável será o dono do terreno, alerta o arquiteto e superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na Santa & Bela, Dalmo Vieira Filho.